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André Esteves: ‘Movimento dos mercados globais hoje se deve muito mais ao que acontece nos EUA’

22 maio 2025, 16:24 - atualizado em 22 maio 2025, 16:24
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(Imagem: Reprodução)

André Esteves, chairman e sócio sênior do BTG Pactual, afirma que o comportamento dos mercados globais nos últimos dias se deve ao cenário conturbado dos Estados Unidos. Para o executivo, o ambiente doméstico de cada país vem tendo pouca influência.

“Hoje os preços se movem majoritariamente pelo o que ocorre nos EUA. No longo prazo, o cenário local sempre vai predominar em relação ao internacional, mas neste ano estamos vendo algo muito atípico, com o global sendo predominante”, afirmou.

Para Esteves, apesar do presidente americano Donald Trump ter feito discursos sobre tarifas durante a campanha, não era possível prever como as medidas iam ser implementadas.

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As declarações ocorreram durante o AgroForum Cuiabá, organizado pelo BTG. Na ocasião, o executivo ressaltou a admiração pela força do agronegócio brasileiro.

Guerra comercial

O chairman do banco destacou que o Brasil é um dos países que vem se beneficiando das dúvidas de investidores em relação aos EUA. Com o dinheiro se espalhando pelo mundo, parte dos recursos veio para solo brasileiro.

Em relação às tarifas, Esteves não vê grandes riscos para o Brasil, que é um dos poucos países que possui déficit fiscal com os EUA. Além disso, afirmou que a tarifa é um instrumento utilizado, em geral, para produtos industrializados, não para commodities, principal força brasileira.

O executivo avalia as negociações internacionais como positivas. “Parece que não vamos entrar em uma guerra tarifária. Teremos mais tarifas, mais protecionismo, mas não vai ser essa coisa horrorosa que se anunciou no dia da libertação”, disse.

No caso de uma escalada mais duradoura no conflito tarifário entre China e EUA, o executivo considera que a Europa seria a grande prejudicada, por exportar produtos industriais de maneira superavitária com os dois países.

Esteves comenta cenário fiscal do Brasil

André Esteves comentou a questão fiscal brasileira junto do economista-chefe do BTG, Mansueto Almeida. Esteves destacou a contradição do Governo Federal, ao realizar movimentos para acelerar a economia enquanto a política monetária eleva os juros para controlar a inflação.

“Por algum motivo existe uma crença dentro do governo de que o equilíbrio fiscal é algo secundário, que se você não gastar não está governando, que os gastos são para os pobres, enquanto o Banco Central segue o manual”, afirmou.

Esteves ressaltou que apesar das dificuldades, nos últimos anos o Brasil conseguiu atingir mudanças institucionais, como as reformas trabalhista, previdenciária e tributária. Além disso, as privatizações de grandes estatais foram citadas como exemplo.

“Nos últimos três anos privatizamos três das seis maiores estatais brasileiras. Privatizamos a Copel (CPLE6), a Sabesp (SBSP3) e a Eletrobras (ELET3) e não houve nenhum protesto nas ruas. Achamos que não estamos andando para o lugar certo, mas de uma maneira mais pragmática, eu não sou tão pessimista assim”, afirmou.

Já Almeida destacou que independente de qual for o próximo presidente, um plano efetivo visando a responsabilidade fiscal é indispensável para o crescimento sustentável do país. A partir disso, a queda dos juros e o controle da inflação seria natural.

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Repórter estagiário no Money Times, graduando em jornalismo pela Universidade de São Paulo (USP). Cobre empresas, mercados e agronegócio desde 2024.
gustavo.silva@moneytimes.com.br
Repórter estagiário no Money Times, graduando em jornalismo pela Universidade de São Paulo (USP). Cobre empresas, mercados e agronegócio desde 2024.
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