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Arroz acumula forte inflação em maio, com reflexos do RS e dedo do Governo; ‘estamos vendo preços de entressafra’

23 maio 2024, 14:30 - atualizado em 23 maio 2024, 14:30
arroz rio grande do sul
Para especialista, medida do Governo Federal de subsidiar a importação do arroz trouxe apenas desincentivo ao mercado do grão (Imagem: Pixabay/moritz320)

No acumulado de maio, os preços do arroz dispararam em diversas regiões do Brasil. Na parcial do mês até ontem (22), o indicador do arroz em casca Cepea/Irga-RS acumula uma valorização de 13,91%, em R$ 122,02.

Entre os motivos que explicam essas fortes altas dos preços, o destaque vai para o desastre climático no Rio Grande do Sul, que dificultou a logística de distribuição, assim como o restante da colheita do grão no Estado.

Fora isso, os principais fatores formadores de preços internacionais têm apontado para uma manutenção dos elevados valores comercializados.

A Índia, principal exportador mundial, continua com o comportamento de restringir suas exportações e há incertezas acerca dos possíveis efeitos negativos do fenômeno El Niño sobre as lavouras na Ásia, principal região produtora de arroz mundial.

Arroz enfrenta uma ‘nova entressafra’ no RS

Para Evandro Oliveira, analista da Safras & Mercado e especialista nos mercados de arroz e feijão, a alta vista no momento é inevitável, já que as projeções para a safra atual apontavam para preços firmes, com estoques mais apertados.

“Claro que a calamidade ocorrida no RS contribuiu para o avanço dos preços, principalmente por conta dos problemas de escoamento. Em termos de ofertas, temos bons volumes, com uma colheita de 6,4 milhões de toneladas no Estado. Além disso, alguns silos foram afetados e há rumores de produtos armazenados que perderam qualidade ou foram perdidos na sua totalidade, ainda que não há números oficiais a respeito. Em plena colheita, já estamos vendo preços de entressafra (janeiro), com valores de até R$ 130 por saca no Estado”, explica.

Oliveira destaca que apenas a intenção do Governo de importar volumes adicionais de arroz, em torno de 1 milhão de toneladas, serviu como fator de alta nos preços para todo o Mercosul.

“Só o Paraguai teve uma alta de US$ 100 para a tonelada. Por outro lado, nas próximas semanas, com a melhora das condições de escoamento no RS, esse movimento de alta pode ser limitado. Com a tarifa de importação zerada, há expectativa de maiores volumes chegando da Tailândia, Vietnã e até a China pode entrar nessa, pela boa relação com o Governo atual, ainda que seja apenas uma especulação neste primeiro momento”, completa.

De acordo com o IBGE, no acumulado do ano, o arroz acumula uma inflação de 7,21%, enquanto nos últimos 12 meses o grão acumulou uma valorização de 25,46%

Governo Federal bagunça o mercado do arroz

O analista da Safras & Mercado ressalta que a medida de zerar a tarifa de importação trouxe apenas desincentivo ao mercado do arroz no Brasil.

“Se o Governo estivesse tão preocupado com os preços do grão neste ano, ele teria atuado nos custos de produção desse ciclo, que chegaram a R$ 100 por saca. Inclusive, antes da calamidade, o Governo do RS tentou aumentar os impostos dos produtos da cesta básica, que só não ocorreu pelas enchentes. Para as próximas safras, a tendência é que o arroz conte com menores áreas plantadas. Ao invés de subsidiar um produto de fora, por que não subsidiar um produto nosso?”, questiona.

Ademais, as exportações do arroz estão fracas neste ano. “Temos pouco volume para exportar e nossos preços não estão atrativos. Neste momento, os EUA tomaram conta do mercado, já que eles estão com melhores preços”, conclui.

Repórter
Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil, que cobre o ciclo da oleaginosa do plantio à colheita, e do Agro em Campo, programa exibido durante a Copa do Mundo do Catar e que buscava mostrar as conexões entre o futebol e o agronegócio.
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Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil, que cobre o ciclo da oleaginosa do plantio à colheita, e do Agro em Campo, programa exibido durante a Copa do Mundo do Catar e que buscava mostrar as conexões entre o futebol e o agronegócio.
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