Capital Economics

As 3 razões para crer que o “rali do Lula” será limitado, segundo a Capital Economics

05 abr 2018, 9:13 - atualizado em 05 abr 2018, 9:13
Lula
“Qualquer recuperação nos mercados financeiros nos próximos dias e semanas provavelmente será limitada”

Para a Capital Economics, a decisão do STF de negar o Habeas Corpus de Lula praticamente encerra sua candidatura à presidência e abre a disputa eleitoral. “Embora os mercados estejam propensos a receber a notícia quando abrirem hoje, há razões para pensar que qualquer manifestação será limitada”, pontua o economista Edward Glossop.

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Após quase 11 horas, os ministros abriram caminho para a prisão de Lula nos próximos dias, quando o juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba e responsável pela condenação na primeira instância, emitir um mandado de prisão. A decisão foi tomada por 6 a 5, com o último voto da ministra Cármen Lúcia decidindo o julgamento.

“Tenho pra mim que não há ruptura ou afronta ao princípio da presunção de inocência o início do cumprimento da pena após a segunda instância”, avaliou a ministra. “Não iam dar o golpe para me deixarem ser candidato”, disse o ex-presidente Lula a aliados que acompanhavam com ele o julgamento no STF, em um sinal de admissão de que está fora da disputa.

Os três motivos para crer em um otimismo limitado:

1 – Há ainda uma pequena chance de Lula concorrer às eleições. A decisão sobre se ele é elegível para concorrer é do Tribunal Eleitoral (TSE), não do Supremo Tribunal. Esta decisão não será tomada até agosto, quando o TSE examinará a validade de todos os candidatos à presidência. De acordo com a lei Ficha Limpa, ninguém que tenha uma condenação criminal (que Lula tem) pode concorrer a um cargo. “Houve exceções feitas no passado, mas nenhuma tão importante quanto esta. Lula também poderia recorrer de qualquer decisão do TSE no Supremo Tribunal. Mas dado que a Suprema Corte acaba de decidir prendê-lo, é improvável que se pronuncie a favor de sua candidatura”.

2 – Em segundo lugar, a decisão coloca a corrida eleitoral presidencial aberta. Com Lula liderando a maioria das pesquisas de opinião por uma grande margem, a questão-chave é o que a decisão significa para a corrida eleitoral. “Não está claro para onde os votos de Lula iriam. Mas um ponto digno de nota é que Lula provavelmente acharia mais difícil transferir seus votos para um novo candidato de esquerda da prisão do que da campanha”, lembra Glossop.

O ponto mais importante a enfatizar, no entanto, é que, mesmo com Lula fora da disputa, os candidatos favoráveis ao mercado ainda se arrastam nas pesquisas. O populista direitista Jair Bolsonaro lidera a maioria das pesquisas em cenários sem Lula. Candidatos amigáveis ao mercado, como o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, têm uma pesquisa de apenas um dígito – embora seja interessante notar que as pesquisas de opinião baseadas em cenários nesse estágio inicial da corrida são notoriamente pouco confiáveis.

3 – Terceiro, qualquer recuperação nos mercados financeiros nos próximos dias e semanas provavelmente será limitada. Um avanço modesto é possível, com base no fato de que: a) Lula está agora menos propenso a concorrer em outubro; e b) sua capacidade de transferir seus votos para outro populista de esquerda é reduzida da prisão. “Mas nossa sensação é que o rali pode ser limitado. Para começar, os mercados já estavam precificando a baixa probabilidade de Lula concorrer na eleição. Embora a decisão de ontem fortaleça essa visão, isso não muda radicalmente”, lembra o economista.

“Mais fundamentalmente, uma vez que a poeira assente, os mercados provavelmente se concentrarão no fato de que os candidatos favoráveis ao mercado ainda enfrentam uma luta difícil na corrida eleitoral. Como resultado, as perspectivas de uma reforma fiscal muito necessária para reduzir o déficit de 8% do PIB – parecem desanimadoras. A menos que a reforma fiscal seja implementada nos próximos anos, as taxas de juros também devem subir, pesando sobre os títulos em moeda local”, projeta Glossop.

Fundador do Money Times | Editor
Fundador do Money Times. Antes, foi repórter de O Financista, Editor e colunista de Exame.com, repórter do Brasil Econômico, Invest News e InfoMoney.
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