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Azul (AZU4) vai comprar Gol (GOLL4)? Bradesco diz o que pensa sobre possível acordo

05 mar 2024, 13:15 - atualizado em 05 mar 2024, 15:16
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De acordo com a matéria, a Azul avalia várias opções, incluindo a compra completa da companhia. Na bolsa, as ações reagiam (Imagem: Flávya Pereira/Money Times)

A Azul (AZUL4) contratou os bancos Citigroup e o Guggenheim Partners para realizar estudos para oferta de compra de até 100% da Gol (GOLL4), afirma a Bloomberg.

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De acordo com a matéria, a Azul avalia várias opções, incluindo a compra completa da companhia. Na bolsa, as ações reagiam. Por volta das 12h24, AZUL4 subia 4,34%, enquanto GOLL4 tinha alta de 4,76%.

Ainda segundo a matéria, a Azul acredita que o CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) não bloquearia este acordo, dada a baixa sobreposição de rotas. A Gol atua mais em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, enquanto a Azul possui uma malha mais ampla pelo país.

Para o Bradesco BBI, em comentário enviado a clientes, uma fusão entre as duas empresas poderia criar sinergias de receitas e custos, beneficiando as partes interessadas de ambas as empresas.

Já Rodrigo Bezerra, analista da Vetor Research, afirma que o mercado ainda tem poucas informações sobre essa possível oferta, como ela se daria e qual seria sua magnitude.

“A Gol atualmente se encontra em uma situação delicada consoante o acionamento do Chapter 11, a Azul estaria assumindo um passivo considerável, lembrando que recentemente esta última precisou reestruturar sua dívida para desalavancar seu passivo”, discorre.

Para ele, essa oferta terá que ser muito bem trabalhada e pensada, pois envolve circunstâncias que se assemelham a um special situation (situações especiais), em razão do Chapter 11.

A Ativa vai pelo mesmo caminho ao afirma que apesar de possível um acordo, é algo mais difícil. O avanço é possível, pois:

  1. O Processo de Chapter 11 de Gol segue em evolução e até o seu término, é possível que os stakeholders da companhia julguem necessário que a empresa adote novos rumos, como novos acionistas.
  2. Gol e Azul compartilham de uma série de credores e, no limite, se Azul convencer grande parte destes, ficaria mais próxima de seu objetivo.

No entanto, a formalização de um eventual acordo seria complexo, pois:

  1. Apesar de Azul voar em mais de 70% das suas rotas sem sobreposição de rotas com a Gol, ambas partilham de fortíssimo pricing power e, num setor que atualmente conta com apenas três grandes empresas, convencer o Cade a aprovar uma operação que une duas destas, sem nenhum tipo de remédio, não seria simples.
  2. Apesar de ter apertado a mão dos credores, Azul segue com uma situação financeira delicada e seguirá envolvida nos esforços para equalização da sua dívida com lessores, como através da emissão de ações, durante os próximos anos.

“Desta forma, acreditamos que pelo perfil creditício da empresa (e do setor), dificilmente a empresa teria acesso à dívida para fomentar uma operação desta magnitude. Lhe sobraria assim a possibilidade de avançar rumo a uma proposta por emissão de ações, que iria necessitar da anuência de uma série de minoritários que seriam diluídos e necessitariam passar a acreditar que dispor de uma menor parte de uma empresa maior seria vantajoso”, completa.

Gol em recuperação judicial

Em 2021, a Azul já tentou realizar uma fusão com a Latam, que também entrou em recuperação judicial, mas sem sucesso.

Já a Gol entrou em processo de recuperação judicial nos Estados Unidos, com dívidas de R$ 20,2 bilhões. A alta dos combustíveis, junto com a crise da Covid, além de atrasos em entregas de aeronaves Boeing 737 Max para atender a um aumento na demanda, provocaram impactos nas finanças da companhia.

A aérea ainda conseguiu aprovação judicial para empréstimo de US$ 1 bi. A Gol já aguardava autorização para um empréstimo de 950 milhões de dólares na modalidade “debtor in possession” (DIP) no âmbito do seu plano de recuperação judicial nos EUA.

Procurada pelo Money Times, a Gol afirmou que não irá comentar. A Azul ainda respondeu.

Com informações da Reuters

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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