Azul (AZUL4) acessa US$ 250 milhões do financiamento emergencial; o que vem agora?

A Azul (AZUL4) já acessou US$ 250 milhões de seu financiamento DIP (debtor-in-possession) de US$ 1,6 bilhão, afirmou Fabio Campos, vice-presidente institucional e corporativo, em coletiva com jornalistas nesta sexta-feira (30).
Na véspera (29), a aérea passou pela sua “Audiência Inicial”, realizada em Nova York, onde recebeu todas as aprovações judiciais para suas petições de “Primeiro Dia” relacionadas ao pedido de Chapter 11, sem objeções, incluindo o acesso ao valor.
O DIP é uma modalidade de crédito específica para empresas em processo de recuperação judicial, que visa fornecer os recursos financeiros necessários para que a empresa opere e atinja seu objetivo. No caso da Azul, a busca é pela redução da dívida e melhorar a estrutura financeira.
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Segundo a companhia, o financiamento, combinado com outras aprovações judiciais e receitas geradas pelas operações em andamento, irá fornecer a liquidez suficiente para sustentar as operações sem interrupções.
O acesso a todo o valor do financiamento emergencial ocorrerá em partes, conforme pontuou Fabio Campos. Segundo ele, a segunda parcela será dividida entre dinheiro novo para a empresa e a compra de dívidas (Super Priority Notes). A terceira e última parte será antes da saída do Chapter 11.
O cronograma completo sobre essas etapas ainda será divulgado pela Azul.
Em relação à redução de frota em 35%, parte do plano da companhia, o executivo esclareceu que isso inclui aeronaves já paradas, por questões como as dificuldades na cadeia de suprimentos global, além de englobar modelos antigos.
O vice-presidente institucional e corporativo garantiu que os clientes Azul não sentirão os impactos do plano de recuperação, da mesma forma que um corte massivo de funcionários não está na mesa.
Nesta sexta-feira (30), AZUL4 encerrou com queda de 6,25%, a R$ 0,90. Os papéis acumulam queda de quase 75%.
Azul já vê saída do Chapter 11
A Azul entrou no processo de Chapter 11 disposta a defender que seu processo é diferente justamente por já estar mais estruturado, com uma série de acordos feitos (veja detalhes aqui), e está no radar da companhia deixar o processo entre o fim deste ano e o começo do próximo, período também estimado por analistas do mercado.
De acordo com o CEO da Azul, John Rodgerson, a empresa optou por iniciar uma reestruturação financeira voluntária tendo em vista a sobrecarga da pandemia na estrutura de capital, o que se somou à deterioração macroeconômica, trazendo problemas para a cadeia de suprimentos da aviação.
Somado a isso, há um impacto do governo. Isso porque um pacote de crédito de R$ 4 bilhões destinado a apoiar as companhias aéreas, aprovado pelo Congresso em agosto passado, só começará a ser desembolsado no final de setembro deste ano, com atraso em relação ao cronograma original.
Azul aponta o atraso do governo como um fator a mais para a decisão de entrar em recuperação judicial.