Política

CACs recuam e ofensiva contra decreto de Lula é adiada

04 out 2023, 18:34 - atualizado em 04 out 2023, 20:08
A bancada CAC recuou no Congresso
A reação armamentista ao decreto das armas de Lula, que começaria nesta semana, foi adiada, de acordo com pessoas ligadas ao movimento. Na imagem, a escultura “Arma com nó”, exposta na sede da ONU (foto: Unsplash)

A espoleta da bancada CAC no Congresso parece ter falhado, com a ofensiva legislativa não tendo sido deflagrada nesta semana, como estava planejada. Segundo pessoas ligadas à ação, o movimento foi adiado.

Nesta segunda (2), o Money Times antecipou uma ofensiva legislativa dos representantes dos CACs (Caçadores, Atiradores e Colecionadores) contra o decreto de armas do governo Lula. O movimento deve usar um texto que já está pronto para ser votado (leia abaixo).

Um dos porta-vozes públicos desse movimento legislativo é o youtuber CAC Samuel Cout. Segundo ele, empresários da Abiamb (Associação Brasileira dos Importadores de Armas e Materiais Bélicos) estariam agindo nos bastidores para promover em breve uma campanha por aprovação de um texto que pretende alterar o decreto de Lula.

A associação envolve representantes de grandes empresas de armas do exterior, como Sig Sauer, Glock, CZ, Springfield, entre outras.

O youtuber afirma que o recuo decorreu “por conta de questões estratégicas“, em vídeo publicado nesta terça (3), não fornecendo maiores explicações.

Ele também não deu detalhes sobre qual texto deve ser votado nem sobre seu conteúdo. Também disse haver “especulações” sobre o PL que seria usado. Um deles, citado pela reportagem, é o PL 4560/2023, de seu colega do movimento Proarmas e deputado, Marcos Pollon.

Strategia: PL que pode ser usado está pronto para votação

O Money Times apurou que um dos textos que podem ser usados basear a mudança no Legislativo é o PL 3722/2012, que está pronto para apresentação no plenário da Câmara e que não tem que passar por comissões da casa.

Apresentado há mais de 10 anos, o texto já foi alvo de várias discussões no Congresso e define mudanças para aquisição e controle de armas no país.

Foi apensado a ele o PL 4560/2023, de autoria do deputado Marcos Pollon, fundador do movimento Proarmas, além de outros 217 textos sobre o tema. O PL de Pollon, apresentado em 19 de setembro, tira a restrição de alguns calibres e traz segurança jurídica aos clubes de tiro.

Proarmas diz que desconhece ofensiva legislativa

Pollon e o presidente do Proarmas, Fernando Reis, afirmaram ao Money Times, no entanto, que desconhecem qualquer ofensiva contra o governo. O deputado afirmou que seu PL visa “defender a pauta e impedir que o tiro no Brasil acabe”, e que sua estratégia “é levar o máximo de informação técnica aos colegas parlamentares”.

Pollon citou também o apensamento do texto ao PL 3722/2012, como antecipou o Money Times na primeira reportagem sobre o tema, e que está pronto para ser votado na Câmara.

O Money Times tentou contato com a Abiamb e não teve retorno. O espaço permanece aberto para manifestações.

Armamentistas isolados no Congresso

A bancada CAC no Congresso tem frustrado o setor de armas, sem nenhuma vitória até o momento na casa. Em 2022, foram eleitos 23 congressistas ditos representantes dos CACs, incluindo 16 deputados e sete senadores.

O governo Lula tem sofrido derrotas no Congresso, como é o caso do decreto do Marco do Saneamento, que foi derrubado pela oposição na Câmara dos Deputados em menos de três meses. Pouco depois, Lula editou decretos sobre o tema que atenderam às demandas da oposição.

Mas, para o setor armamentista, esse não é o caso. Com 10 meses de governo, a administração federal parece não ter de se preocupar, visto que até o momento não houve nenhuma medida contra o novo decreto de armas.

No entanto, esses congressistas têm usado da pauta CAC para ganhar capital político, com projetos que ganham destaque nas redes sociais da oposição.

Um deles, por exemplo, é do integrante da “Bancada CAC”, deputado Paulo Bilynskyj (PL-SP). Ele propôs veto às armas dos seguranças de Lula e de ministros, o que foi entendido por bolsonaristas como uma reação ao governo, embora não tenha nenhuma chance de ser aprovado ou apoiado pela maioria parlamentar.

“Vai demorar um século para votar”

Segundo o presidente da bancada da bala, Alberto Fraga (PL-DF), a oposição não tem força política para passar o projeto. “Esse pessoal tem que entender que nós perdemos a eleição”, diz. Ele afirma que o decreto de Lula pode até ser derrubado na Câmara, mas que iria parar ao chegar no Senado. “Eles não iriam votar”, disse.

Em relação à ofensiva preparada pela bancada CAC e pela indústria, Fraga diz que “não adianta ter apoio massivo na internet” se não há “apoio massivo no Congresso”. “Esses caras [da internet] não votam”, ponderou.

Fraga afirmou que está “agoniado” e que foi ao ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, por quatro vezes para “tentar salvar alguma coisa”. No entanto, o deputado afirma que o decreto de Lula foi “menos pior” do que ele imaginava, visto que não obrigou o recolhimento das armas consideradas restritas.

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Repórter formado pela PUC-SP, com passagem pelo Poder360, Estadão e Investidor Institucional. Tem pós-graduação em jornalismo econômico pela FGV-SP, através do programa Foca Econômico 2022, do grupo Estado. No Money Times, cobre política, mercados e também a indústria de armas leves no Brasil.
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Repórter formado pela PUC-SP, com passagem pelo Poder360, Estadão e Investidor Institucional. Tem pós-graduação em jornalismo econômico pela FGV-SP, através do programa Foca Econômico 2022, do grupo Estado. No Money Times, cobre política, mercados e também a indústria de armas leves no Brasil.
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