Economia

Banco Central pode subir Selic a 15% se governo elevar meta de inflação, diz Itaú

31 jan 2023, 15:32 - atualizado em 31 jan 2023, 15:32
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Lula criticou atual meta de inflação e sugeriu elevar para 4,5% como solução para baixar Selic. (Imagem: Mehaniq)

O Itaú projeta que o Banco Central pode elevar a taxa Selic para um patamar de 15% caso o presidente Luiz Inácio Lula da Silva insista na ideia de mudar a meta de inflação de 4,5% em 2024.

Há duas semanas, Lula criticou a autonomia do Banco Central e sugeriu o aumento da meta da inflação, durante uma entrevista para a GloboNews.

“Você estabeleceu uma meta de inflação de 3,7% [a meta estipulada para 2023 é de 3,25%] e quando faz isso é obrigado a arrochar mais a economia para poder atingir a meta. Por que não 4,5%, como nós fizemos?”

Em relatório, o Itaú destacou que elevar a meta de inflação do atual patamar de 3% seria percebido como pouco compromisso da política econômica com inflação baixa, resultando em inflação mais alta à frente.

“Se meta de inflação em 2024 for revista para 4,5%, esperamos juros elevados por mais tempo, com risco de subir para próximo de 15%, para ancorar expectativas e trazer inflação para a nova meta”, diz o Itaú.

A última vez que a Selic chegou nesse patamar foi entre abril e julho de 2006, quando a taxa de juros ficou em 15,75% e 15,25%.

Meta de inflação x Selic

O Itaú ainda destaca que nada garante que as taxas de juros reais seriam mais baixas com meta de inflação mais alta.

Segundo os dados apresentados, entre 2003 e 2016 a meta de inflação era 4,5% e o juro real médio foi de 7,5%, enquanto entre 2017 e 2022, com meta de inflação em queda, o juro real foi de 2,8%.

“Diversos outros fatores impactaram o nível do juro real nesses dois períodos, mas o ponto é exatamente esse: reduzir/subir a meta não necessariamente aumenta/reduz o juro real médio da economia”, aponta.

Regime de metas

O regime de metas de inflação entrou em vigor em 1999.

Desde 2017, a meta foi ajustada para baixo em 0,25 ponto percentual ao ano, passando de 4,5% para o atual patamar de 3%.

Segundo o banco, esse patamar é compatível com observado em outros países emergentes, como Chile, Colômbia e México.

“O regime de metas contribui para manter as expectativas de inflação comportadas. Mesmo diante de oscilações na dinâmica da inflação corrente, as expectativas em prazo mais longo ficam, em geral, próximas da meta de inflação”, destaca.

Isso ocorre mesmo após choques de inflação, como foi entre 2002 e 2003 e no surto inflacionário pós-pandemia nos últimos dois anos. As exceções foram entre 2011 e 2015, quando se questionava o comprometimento do Banco Central com a meta.

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Formada em Jornalismo pela PUC-SP, tem especialização em Jornalismo Internacional. Atua como editora-chefe no Money Times e já trabalhou nas redações do InfoMoney, Você S/A, Você RH, Olhar Digital e Editora Trip.
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