BusinessTimes

Banco do Brasil (BBAS3): Ação está quase saindo de graça, dizem analistas após resultados

12 maio 2022, 16:07 - atualizado em 12 maio 2022, 16:07
Banco do Brasil
Banco do Brasil divulgou resultados acima da expectativa; analistas veem ação muito barata  (Imagem: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

O Banco do Brasil (BBAS3) comprovou, mais uma vez, porque é o favorito de muitos analistas. A companhia conseguiu superar as desconfianças políticas e entregou resultados de encher os olhos.

Apesar dos fortes números, a ação não chegou a disparar, subindo 1,72% por volta das 14h49.

No período, o Banco do Brasil viu o seu lucro subir 34,6% e somou R$ 6,6 bilhões, acima dos R$ 5,3 bilhões do esperado da Bloomberg.

O número foi puxado, principalmente, pelos seguintes fatores:

  • forte redução das despesas de PCLD (Provisão para Crédito de Liquidação Duvidosa) ampliada de 27,2% no trimestre;
  • aumento da margem financeira de 3,6% t/t, que sofreu pressão na margem com clientes, mas foi compensada pela tesouraria com as duas linhas basicamente sendo influenciadas pela maior taxa Selic;
  • redução sazonal das despesas administrativas de 3,7% t/t;
  • forte queda das despesas nos outros componentes do resultado;

O Inter Research lembra que a qualidade do crédito deteriorou levemente, mas menos que os outros bancos, mantendo a característica defensiva do BB.

Isso é só o começo

A Genial Investimentos argumenta que as boas tendências levaram o BB a entregar um ROE de 17,8%, patamar comparável a bancos privados.

“Se o BB conseguir replicar o mesmo desempenho desse nos próximos 3 trimestres (o que é bem factível) o lucro do banco ficaria acima da faixa superior do guidance de 2022 de R$ 26b. Acreditamos que os analistas devam rever para cima suas projeções em torno de 10% mais próximo a faixa superior do guidance”, coloca.

Segundo a XP Investimentos, o resultado do Banco do Brasil foi positivo, com o lucro superando as estimativas, mesmo com a margem financeira pressionada pelo aumento nos custos de captação associados ao aperto do ciclo monetário.

“Se conduzirmos um exercício anualizando os números do trimestre, é possível perceber que os números estão rodando acima do guidance e enxergamos chance de revisão para cima nas expectativas contidas no consenso do mercado”, coloca.

O Santander também acredita que caso esse desempenho continue ao longo de 2022, o banco poderá alcançar resultados mais próximos do limite superior de seu guidance.

Já o Bank of America acredita que os encargos de provisão aumentem ao longo dos próximos trimestres e o NII (taxa de inadimplência) acelere auxiliado por melhores spreads, convergindo o lucro líquido para o guidance.

Banco do Brasil
As despesas com pessoal também caíram (1% em relação ao quarto trimestre) em função da sazonalidade devido a maiores despesas no final do ano (Imagem: Banco do Brasil/Divulgação)

Banco do Brasil fez a lição de casa

O Itaú BBA  ressalta que as despesas administrativas caíram 4% no trimestre, para R$ 8,2 bilhões, praticamente em linha as estimativas.

O destaque foram as outras despesas administrativas, que encolheram 8% no trimestre, principalmente devido à queda sazonal em marketing e serviços de segurança e transporte.

As despesas com pessoal também tiveram redução (1% em relação ao quarto trimestre) em função da sazonalidade devido a maiores despesas no final do ano.

“Mais importante ainda, em uma base anual, as despesas administrativas totais cresceram apenas 6%, apesar das fortes pressões inflacionárias no período. A eficiência melhorou para 34,7% de 35,6% no quarto trimestre”, coloca.

Índice de inadimplência dentro do controle 

Para o Inter, a queda das provisões, que encolheram 27,2% no trimestre, em movimento contrário aos outros bancos, faz sentido.

“Neste ponto, entendemos como um movimento um pouco mais arriscado, mas o Banco do Brasil pode realizá-lo”.

Os analistas citam dois motivos para sustentar essa afirmação:

  1. cobertura da inadimplência de 90 dias permanece elevada em 297%, acima da média histórica;
  2. mesmo se continuasse no ritmo atual de provisionar 75,3% do NPL Formation, consumindo suas reservas, ainda assim pelas expectativas, o banco encerraria o ano com uma cobertura acima de 200%;

“Para ser um movimento mais arriscado, a inadimplência do banco deveria subir para mais de 3% nos próximos trimestres, o que não esperamos dado a qualidade de crédito atual do BB, mesmo considerando deterioração pela frente”, coloca.

Na avaliação da Ativa, o banco segue reportando indicadores saudáveis, dando confiança para a continuidade de resultados robustos nos próximos trimestre.

Ação barata

A Genial lembra que ação está barata, negociando ao valuation “de meros” 0,61x P/VP 22 e 3,97 vezes o preço sobre o lucro (P/L) para 22.

Mas, de acordo com a corretora, esse múltiplo pode ser ainda mais baixo. “Se utilizarmos o lucro do topo da faixa do guidance de R$ 26 bilhões (para onde o consenso deve migrar), o valuation cairia para a bagatela de 3,68x P/L 22”, coloca.

O Banco Safra ressalta que a ação está sendo negociada em um nível atraente, a 4,1x P/E 22e (desconto de 44% sobre a média dos maiores bancos privados e 37% abaixo da média histórica de 5 anos), oferecendo um bom ponto de entrada.

BTG, que classificava a ação como armadilha de valor, hoje afirma que o balanço do banco parece estar muito melhor.

“Cresceu muito menos do que seus pares por muitos anos, seu índice de capital (principal) está agora no mesmo nível ou melhor do que os de seus pares e tem um portfólio mais defensivo (menos orientado, com mais agro) do que os outros bancos incumbentes, juntamente com grandes reservas para perdas com empréstimos”, argumenta.

Além disso, diz o BTG, embora se possa argumentar que a “qualidade dos ganhos” pode não ser a melhor, no caso do BB, que é negociado a preços muito baratos, se os lucros vierem e, consequentemente, os dividendos forem pagos, seu carry se tornará muito poderoso.

“Sempre há riscos ao fazer recomendações, mas para nós as ações do Banco do Brasil têm uma valorização muito assimétrica e inclinada para cima. Esperamos que as ações continuem a superar e sinalizar o BB como nossa Top Pick para 2022″, coloca.

Receba as newsletters do Money Times!

Cadastre-se nas nossas newsletters e esteja sempre bem informado com as notícias que enriquecem seu dia! O Money Times traz 8 curadorias que abrangem os principais temas do mercado. Faça agora seu cadastro e receba as informações diretamente no seu e-mail. É de graça!

Disclaimer
Money Times publica matérias informativas, de caráter jornalístico. Essa publicação não constitui uma recomendação de investimento.

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
Linkedin
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
Linkedin
Giro da Semana

Receba as principais notícias e recomendações de investimento diretamente no seu e-mail. Tudo 100% gratuito. Inscreva-se no botão abaixo:

*Ao clicar no botão você autoriza o Money Times a utilizar os dados fornecidos para encaminhar conteúdos informativos e publicitários.