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Banco do Brasil (BBAS3): BTG passa ‘tesoura’ em projeções (e dividendos)

01 ago 2025, 17:56 - atualizado em 01 ago 2025, 19:56
Banco do Brasil
(Imagem: iStock.com/Global_Pics

O Banco do Brasil (BBAS3) deverá ter números ainda mais fracos, vê o BTG. Em relatório, o banco cortou as projeções para o resultado do segundo trimestre, que será divulgado no dia 14 de agosto.

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Segundo os analistas, a situação do agronegócio, que virou uma dor de cabeça para o banco, em meio ao aumento de recuperações judicias no setor, continua ruim.

Houve deterioração a carteira de crédito agro nos meses de maio e junho.

Dessa forma, o BTG cortou a projeção de lucro líquido para o segundo trimestre em 23%, para R$ 5 bilhões, com ROE (retorno sobre o patrimônio líquido) de 11,1%, e 20% em 2025, a R$ 23,5 bilhões, com ROE de 12,5%.

E não só isso. O banco espera que, juntamente com os resultados, o BB revise seu guidance de lucro líquido ajustado, “que estimamos agora entre R$ 21–25 bilhões”, além de uma redução do payout (fatia que o banco distribui para acionistas) provavelmente para 30%.

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Atualmente, o payout  do BB está em 40%.

“O problema é que, quanto mais aprofundamos nossa análise, mais acreditamos que nossas estimativas ainda estavam otimistas demais”, disse.

O BTG vê lucro líquido de 2026 em R$ 28,2 bilhões (ROE de 14,2%), 10% abaixo do consenso.

“Apesar do múltiplo P/BV (preço sobre o valor patrimonial) atual parecer “barato” em 0,63x, os lucros significativamente menores e a redução do payout levam a um dividend yield estimado de apenas 5,6% em 2025, abaixo do patamar de Itaú (ITUB4)”.

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Ainda segundo os analistas, a visibilidade segue limitada devido ao grande volume de empréstimos agro vencendo nos próximos meses, o que pode gerar desfechos bastante diversos dependendo da capacidade de pagamento dos produtores.

A recomendação é neutra, enquanto o preço-alvo foi cortado de R$ 30 para R$ 24.

Tempo ruim para o agro

Os analistas recordam que entre 2020 e 2023, a carteira de crédito do BB voltada ao agronegócio cresceu a um CAGR (taxa de crescimento anual composto) robusto de 20%.

Por outro lado, o endividamento dos produtores também disparou.

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Tudo somado, veio a tempestade perfeita, com crescimento acelerado, preços em queda e clima.

“Isso ocorre tanto por fatores cíclicos quanto estruturais — impactando diretamente os resultados do banco e exigindo novas revisões de expectativa”.

Mudanças contábeis impostas pela Resolução 4.966, que determinou exigências maiores de provisionamento para o crédito rural, pioraram a situação.

Banco do Brasil: Vai demorar para recuperar

O BTG diz que há algumas razões que apontam para desafios estruturais no segmento agro do BB. Entre eles:

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  1. O BB pode ter deixado de ser o banco principal de alguns produtores, o que o empurra para o fim da fila de prioridades de pagamento;
  2. segundo relatos do mercado, o BB utiliza armazenagem terceirizada para os grãos dados como garantia, o que enfraquece sua posição em caso de execução
  3. a Lei 14.112/20 permitiu que produtores rurais recorressem à recuperação judicial, impedindo a execução de hipotecas;
  4. muitos novos produtores passaram a cultivar soja atraídos pelos preços elevados nos últimos anos. Não são clientes tradicionais do BB e, diante de dificuldades, têm recorrido à judicialização sem receio de perder o acesso ao crédito subsidiado;

Como se não bastasse isso, a possibilidade de recuperação judicial no agronegócio também tem sido explorada por escritórios de advocacia que oferecem a judicialização como forma de reduzir passivos.

Algo que a gestão do BB sempre menciona em suas conferências de resultados.

“Em tese, por ser um setor com ciclos de aproximadamente um ano, esperávamos uma recuperação mais rápida. No entanto, se o contexto atual persistir, o banco ainda poderá ter de realizar provisionamentos significativos”.

Com isso, o BTG espera recuperação prolongada neste ciclo desafiador do agronegócio, com possível normalização em condições mais fracas — considerando o maior número de credores no mercado e os recentes entraves legais decorrentes dos pedidos de recuperação judicial.

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Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022, 2023 e 2024. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
renan.dantas@moneytimes.com.br
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022, 2023 e 2024. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.