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Banco do Brasil (BBAS3): o desconto para ITUB4 e BBDC4 ainda é justificado?

22 ago 2022, 14:56 - atualizado em 22 ago 2022, 16:46
Banco do Brasil
O Banco do Brasil tem dividido opiniões entre os investidores (Imagem: Money Times/Renan Dantas)

Segundo maior banco em valor de ativos na América Latina, o Banco do Brasil (BBAS3) divide a opinião de investidores e do mercado. Alguns não investem por causa do seu controlador e outros veem com bons olhos sua capacidade de gerar lucros, mesmo com o governo, muitas vezes, se tornando um entrave no meio do caminho.

O banco tem de fato suas qualidades e é inegável a lucratividade e rentabilidade que vem entregando nos últimos trimestres. Tais resultados provam que, de fato, o Banco tem potencial de gerar lucros e remunerar seus acionistas.

Apesar disso, o mercado ainda penaliza a instituição por ser estatal. Suas ações são negociadas com um desconto considerável nos múltiplos quando comparadas a de seus pares. O BB entrega uma rentabilidade sobre o patrimônio líquido similar ao do Banco Bradesco, por exemplo.

P/VP ROE P/L DY
BBAS3 0,77 15,50% 5,00 7,46%
BBDC4 1,34 15,53% 8,60 3,38%
ITUB4 1,66 17,03% 9,75 2,97%

Quando olhamos os fundamentos do banco, ele nunca teve um ano sequer de prejuízo nos últimos 10 anos, incluindo os governos do PT e o atual, tem uma carteira de crédito solida e com baixo risco de inadimplência focada no agronegócio, que tende a crescer nos próximos anos e a área de gestão de ativos vem entregando bons resultados.

Inclusive, por incrível que pareça, quando olhamos o retorno para quem investiu na ação nos últimos 5 anos, incluindo os dividendos, foi bem maior que o de seus pares, com uma média de 22% ao ano. Para o próximo ano, a expectativa, de acordo com as estimativas do mercado, é que o banco tenha um dividend yield de cerca de 10%.

Mesmo com retornos elevados, o investidor de BB convive sempre com o medo de o banco se tornar um veículo governamental para fomentar a economia.

Recentemente, o candidato do PT às eleições presidenciais, Luiz Inácio Lula da Silva declarou, o Banco do Brasil “age como banco privado”, precisa reduzir a margem de lucros e ser “enquadrado”.

Nas palavras do presidenciável, é preciso enquadrar o Banco do Brasil, que precisa se adaptar à função social para priorizar o financiamento de pequenas empresas.

Este tipo de declaração é que leva à insegurança dos investidores, mesmo que os resultados tenham demonstrado consistência. Tanto que entre 17 (data da declaração) e 22 de agosto, as ações acumularam uma queda de mais de 5%. No mesmo período, os papéis de outras instituições financeiras, como Itaú e Bradesco, também recuaram, porém, menos de 2%.

Outro fato que contribui ainda para o desconto, mas nesse caso de todos os “bancões” em geral, é a eterna briga com as fintechs e bancos digitais e o argumento de que os novos vão “roubar” grande parte da receita dos bancos tradicionais.

Para mim, isso ainda não está claro, uma vez que os bancos digitais ainda não estão conseguindo converter em receita a quantidade de clientes adquiridas mês a mês.

É preciso observar ainda o mercado de crédito, onde as grandes instituições têm mais experiência. Neste caso, estamos assistindo de camarote as dificuldades das fintechs concederem crédito no Brasil, vide o caso Stone.

Independente de qual presidente ganhe as eleições, é fato que o Banco do Brasil exibe bons fundamentos e retorno consistente ao longo dos anos, tanto que a ação é recomendada por grande parte dos analistas de investimento.

O investidor deve olhar atentamente ao banco e começar a questionar se esse desconto realmente é justificável.

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Head de análise da Dividendos.me
Guilherme Gentile é Head de análise da Dividendos.Me. Graduado em Ciências Contábeis pela PUC-SP, com MBA pela FGV e IBMEC, tem mais de 10 anos de experiência na área financeira em empresas multinacionais, mais de 5 anos de experiência como auditor externo em “Big four” e investe em renda variável desde 2014.
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Guilherme Gentile é Head de análise da Dividendos.Me. Graduado em Ciências Contábeis pela PUC-SP, com MBA pela FGV e IBMEC, tem mais de 10 anos de experiência na área financeira em empresas multinacionais, mais de 5 anos de experiência como auditor externo em “Big four” e investe em renda variável desde 2014.
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