Banco Pine prevê nova data para primeiro corte da Selic

O Banco Pine adiou a projeção para o início dos cortes da Selic de dezembro de 2025 para janeiro de 2026, diante da comunicação “bastante dura” do Banco Central (BC). A primeira reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do próximo ano está programada para os dias 27 e 28 de janeiro.
Segundo o economista-chefe, Cristiano Oliveira, e sua equipe, a autarquia tem reforçado estar disposta a manter a taxa básica de juros no atual patamar de 15% por período prolongado.
“Julgamos que o BC tem utilizado a comunicação como instrumento para otimizar o funcionamento dos canais de transmissão da política monetária”, dizem os economistas.
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Eles ressaltam ainda que o presidente Gabriel Galípolo reconheceu recentemente que é hora de “trincar os dentes”. Ou seja, mesmo diante de alguns sinais de melhora, o tratamento contra a inflação não deve ser interrompido.
O banco espera que o Copom inicie o ciclo de afrouxamento monetário com cortes de 0,50 ponto percentual (p.p.) dos juros, sem acelerar para 1 p.p. — como previa anteriormente.
A expectativa, no entanto, é de que os ajustes ocorram ao longo de quase todo o ano de 2026, com interrupção apenas no último trimestre de 2026, quando a Selic deve alcançar 11,50%.
Inflação, PIB e câmbio
Os economistas o Pine afirmam que a política monetária, aliada à apreciação cambial, tem contribuído para a desaceleração da taxa de inflação.
A expectativa do banco é de que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) encerre 2025 em 4,7% e recue para 3,8% em 2026, com alívio na inflação de serviços, de preços industriais e de alimentos.
Já em relação à atividade econômica, eles destacam que o impacto do Selic restritiva também se materializa de forma gradual na economia real, com destaque para o recuo da arrecadação de impostos, a queda dos indicadores de confiança e a desaceleração do ritmo de expansão do crédito bancário.
O Pine revisou a taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2025 de 2,3% para 2,1% e manteve a estimativa de 2026 em 1,7%.
“Acreditamos que o hiato do produto deve fechar gradualmente ao longo dos próximos trimestres, refletindo a menor pressão da demanda em razão do impacto cumulativo e defasado do aperto monetário.”
Os economistas mantêm ainda uma visão construtiva para o real e para os ativos brasileiros nos próximos meses, já que o ambiente geopolítico e monetário global favorece moedas de mercados emergentes, taxas de juros reais elevadas e risco soberano relativamente estável.
Eles projetam que a taxa de câmbio fique entre R$ 5,15 e R$ 5,25 por dólar até o final do ano.
“Mantemos um cenário de desinflação gradual, com atividade em desaceleração e política monetária ainda restritiva, em um ambiente favorável aos ativos brasileiros”, afirmam.