Economia

BC acompanhará debates sobre permanência de benefícios sociais em 2023, diz Roberto Campos Neto

18 ago 2022, 12:20 - atualizado em 18 ago 2022, 12:20
Roberto Campos Neto
Sobre a inflação, o presidente afirma que ela está mais persistente do que foi percebido no início da pandemia. (Imagem: Flickr/ Raphael Ribeiro/ BCB)

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que existe ansiedade sobre a questão fiscal para o ano de 2023 caso as medidas temporárias adotadas pelo governo sejam estendidas.

“O BC não gosta muito de falar do fiscal, porque gera muito ruído. Mas o fiscal teve uma surpresa para melhor no curto prazo e agora existe uma expectativa do fiscal para o ano que vem”, disse em sua apresentação sobre o cenário da política monetária no evento Macro Day 2022, do BTG Pactual.

“Nós vamos olhar para esses debates sobre como medidas serão financiadas caso se tornem permanentes”, completou.

Inflação e PIB

Sobre a inflação, o presidente afirma que ela está mais persistente do que foi percebido no início da pandemia. Além disso, a transição entre demanda de bens e serviços ainda não chegou ao ponto esperado.

De acordo com ele, a demanda por bens subiu, enquanto a de serviços caiu. E a expectativa era de que as coisas se compensariam. “Essa compensação ainda não aconteceu, mesmo depois de tudo isso e tanto tempo ainda não vimos esse processo.”

O economista ainda destaca que a inflação brasileira está bastante pressionada, mas que esse é um cenário mundial, pressionado pela China, guerra na Ucrânia, sanções e demanda elevada de energia.

“As medidas recentes do governo ajudaram a criar uma inércia, mas há componentes desafiadores no longo prazo, como os preços de alimentação e serviços”, aponta.

Além disso, segundo ele, a maioria dos países tem uma situação similar: com as expectativas acima da inflação para 2022 e 2023.

O presidente afirma que o Brasil foi o único país que teve uma revisão para cima do Produto Interno Bruto (PIB) enquanto o dos outros países foram revisados para baixo. “A grande incógnita é a China, que pode provocar novas revisões para baixo do PIB global.”

Tecnologia

Campos Neto também apresentou os planos de evolução tecnológica do Banco Central para o mercado financeiro.

De acordo com o presidente do BC, o Pix já tem 478,4 milhões de chaves registradas. O economista diz que o Banco Central esperava que os bancos criariam uma opção offline para uso do sistema de pagamento.

“Hoje você tem que entrar no aplicativo do banco, a gente achava que seria criada uma carteira digital offline com um valor baixo para pagamentos do dia a dia.”

Ele também disse que a Colômbia está interessada em conhecer o Pix e que o BC vê isso como uma oportunidade de expandir o sistema na América Latina.

Em relação ao Open Finance, ele afirma que já tem 7,5 milhões de consentimentos de compartilhamento de dados de clientes. Com isso, ele acredita que os brasileiros deixarão de ter vários aplicativos de bancos e tudo será integrado em um único sistema.

Ele também afirmou que o Real Digital deverá estar em funcionamento em 2024, sendo que os pilotos se estendem no ano de 2023.

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Formada em Jornalismo pela PUC-SP, tem especialização em Jornalismo Internacional. Atua como editora no Money Times e já trabalhou nas redações do InfoMoney, Você S/A, Você RH, Olhar Digital e Editora Trip.
juliana.americo@moneytimes.com.br
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