BCs caminham para quarto ano de fortes compras de ouro, diz Metals Focus

Os bancos centrais de todo o mundo estão a caminho de comprar 1.000 toneladas de ouro em 2025, o que seria o quarto ano de fortes aquisições, conforme alteram as reservas de ativos denominados em dólar para barras de ouro, informou a consultoria Metals Focus.
Os preços do ouro subiram 29% até agora este ano, depois de atingirem um recorde de US$ 3.500 por onça em abril, devido às tensões geopolíticas e à incerteza econômica enquanto o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, continua a implementar suas políticas tarifárias.
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Até o momento, a alta dos preços não afetou as compras dos bancos centrais, uma categoria crucial de demanda, com as aquisições do primeiro trimestre em linha com a média trimestral de 2022-24, disse a Metals Focus em seu relatório anual nesta quinta-feira (5).
“Os fatores que sustentaram a ‘desdolarização’ nos últimos anos permanecem firmemente em vigor”, disse a consultoria. “Na verdade, a postura imprevisível do presidente Trump, suas críticas públicas a Jerome Powell (chair do Fed) e a deterioração das perspectivas fiscais dos EUA corroeram ainda mais a confiança no dólar e nos Treasuries como ativos seguros.”
“As tensões geopolíticas elevadas desde o início de seu governo também reduziram o apelo dos ativos dos EUA.”
Respondendo por quase um quarto da demanda total, os bancos centrais são a terceira maior categoria de consumo de ouro, depois do setor de joias e do investimento físico. Em 2025, as compras dos bancos centrais devem cair 8% em relação ao recorde do ano passado de 1.086 toneladas.
Entre janeiro e março, a Polônia, o Azerbaijão e a China – compradores constantes nos últimos anos – lideraram as aquisições oficialmente relatadas, disse a Metals Focus, acrescentando que os fluxos constantes para o Irã também sugerem mais compras pelo banco central desse país.
Enquanto isso, a demanda do setor de joalheria por barras de ouro foi duramente atingida pela alta dos preços. A fabricação de joias de ouro caiu 9%, chegando a 2.011 toneladas em 2024, e deve apresentar uma queda de 16% este ano, com a Índia e a China respondendo por grande parte desse declínio.
A consultoria estima que os preços médios do ouro aumentem 35% este ano, depois de um crescimento de 23% em 2024, e atinjam US$3.210 por onça “com mais força provável em 2026”.