Bitcoin (BTC) a US$ 250 mil, stablecoins em foco e ethereum (ETH) escantead: a visão do CEO da Ripio para o atual ciclo das criptomoedas

O “tarifaço” do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, embaralhou o cenário macroeconômico. As previsões para as bolsas, o bitcoin (BTC) e demais criptomoedas, bem como as perspectivas para 2025, viraram um ponto de interrogação para investidores e analistas.
A volatilidade tomou conta do mercado de ativos digitais — mesmo assim, o bitcoin se mostrou resiliente com uma alta de mais de 14% no mês do tarifaço.
Com isso, Sebastian Serrano, CEO e co-fundador da Ripio, manteve o otimismo para o setor até o fim de 2025. Em entrevista concedida ao Crypto Times, ele comentou suas apostas para o ano.
“Acho que o bitcoin não chega a US$ 1 milhão neste ciclo, como muitos anunciam. Mas certamente chegaremos a US$ 100 mil, US$ 140 mil até o fim de 2025”, explica Serrano. “No fim deste ciclo, há chances de chegarmos a US$ 200 mil, US$ 250 mil”.
Isso porque, apesar de o bitcoin ser um ativo exponencial, o crescimento da criptomoeda — em especial com a entrada de investidores institucionais e um valor de mercado robusto — torna cada vez mais difícil que o preço se multiplique diversas vezes, como já aconteceu antes em outros ciclos.
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Além do bitcoin (BTC): as próximas narrativas do mercado
Serrano comenta que o ciclo atual das criptomoedas terá como um dos focos o desenvolvimento do segmento de stablecoins, as moedas com lastro em ativos do mundo real, especialmente aquelas atreladas a moedas como euro e dólar.
Na visão do CEO da Ripio, o mercado de stablecoins deve crescer dez vezes até o final desta década — lembrando que este já é um universo da ordem dos US$ 240 bilhões.
“Há muito apoio do governo dos EUA no segmento de stablecoins, e isso deve continuar crescendo”, comenta.
Segundo Serrano, a Tether, emissora da stablecoin e terceira maior criptomoeda do mundo, o Tether (USDT), detém entre 60% e 70% dos títulos do Tesouro norte-americanos. “Isso faz do governo e da empresa parceiros, em última instância”.
Os Estados Unidos seguem na tentativa de aprovar uma legislação para regular o mercado de stablecoins, o que tende a atrair mais investidores e empresas para esse segmento.
A própria Ripio mantém uma relação íntima com o mercado de stablecoins. A plataforma, uma das maiores da América Latina e considerada uma “veterana” com mais de 10 anos de atuação no mercado, tem 80% do seu volume negociado em stablecoins.
Ethereum (ETH) vai mal
Se as stablecoins são a narrativa forte do momento para o mercado de criptomoedas, quem deve perder o rali do ciclo é o ethereum (ETH).
“O ethereum é uma plataforma com um forte ecossistema, boa segurança e escalabilidade, mas ainda precisa encontrar seu rumo”, comenta.
A rede se desenvolveu como uma base para a criação de projetos, mas, dado o momento atual de baixos investimentos, se tornou uma alternativa pouco atrativa em comparação a outros projetos, como o próprio bitcoin, por exemplo.
“O BTC é o ouro digital. E o ethereum? Ele não tem uma definição exata nesse sentido de narrativa de investimento”, afirma. Além disso, Serrano discorda de que o token ETH possa atingir os US$ 10 mil ainda neste ciclo — que, na visão dele, já foi “perdido” pela criptomoeda.
Contudo, ele destaca que o ethereum tem bons fundamentos.
“Tanto o Itaú quanto o Banco Central estão construindo seus projetos na rede do ethereum. O próprio Drex [real digital] está sendo desenhado em uma ethereum virtual machine (EVM), o que agrega muito valor ao protocolo”.