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Bitcoin é a resposta para crise argentina? Qual a possibilidade do país copiar El Salvador?

02 maio 2023, 18:33 - atualizado em 02 maio 2023, 18:33
Bitcoin Argentina
O Crypto Times conversou com Sebastián Serrano, CEO da Ripio, e porta-vozes de duas organizações sem fins lucrativos relacionadas ao Bitcoin. Para eles, a possibilidade é mínima (Imagem: Pixabay/EivindPedersen)

A Argentina está com as eleições presidenciais de 2023 programadas para outubro. A desistência do ex-presidente Mauricio Macri e do atual presidente Alberto Fernández à candidatura pode reforçar a derrota do peronismo, movimento de esquerda da Argentina, na corrida eleitoral.

Somado à crise inflacionária severa do país vizinho do Brasil, que já observa uma inflação de mais de 100%, e a desvalorização do Peso Argentino frente ao dólar, muitos “bitcoiners” imaginam que o Bitcoin poderia ser a solução implementada por um presidente mais libertário.

Não é difícil de imaginar, já que El Salvador, país também da América Latina, adotou o Bitcoin como moeda de curso legal em meados de 2021. A decisão foi tomada durante o governo de Nayib Bukele, que se diz um político econômico-liberal e amante da criptomoeda.

Não obstante, ainda existe um candidato dentre os demais, que se diz defensor da liberdade financeira por meio da adoção de criptomoedas como câmbio nacional. Javier Milei é representante da coalizão La Libertad Avanza e é crítico do Banco Central argentino.

No que tange a utilização pela população, o relatório da Chainalisys “índice de adoção de criptomoedas ao redor do mundo em 2022”, mostra que a Argentina ficou em décimo terceiro lugar no ranking global. O país é o segundo da América Latina que mais cresceu em adoção, perdendo apenas para o Brasil que ficou em sétimo colocado.

No relatório, é colocado que um dos grandes motivos para esse crescimento no país foi justamente a alta inflação e perda no poder de compra. Devido ao cenário econômico, muitos se voltaram ao Bitcoin, mas a maioria para stablecoins, as criptomoedas pareadas ao dólar.

Entre os principais motivos para a acumulação de Bitcoin e stablecoins na Argentina, apontados pelo relatório, estão a compra de bens e produtos e em primeiro lugar, a utilização como reserva de valor.

Argentina tem chances de seguir o caminho de El Salvador?

O Crypto Times conversou com Sebastián Serrano, CEO da Ripio, e porta-vozes de duas organizações sem fins lucrativos relacionadas ao Bitcoin. Para eles, a possibilidade é mínima.

Para Sebastián Serrano, CEO da Ripio, é bem pouco provável que o Milei vença a corrida eleitoral. Serrano é presidente de uma das maiores corretoras do país e comenta que há vários candidatos com ideologias econômicas liberais na frente de Milei.

Entretanto, mesmo com poucas chances, Serrano comenta que o candidato poderá vir a ganhar caso a inflação no país piore de maneira abrupta. A principal proposta de Javiel Miel é a dolarização completa do país, ou seja, acabar com o Peso Argentino.

Serrano comenta que teve a oportunidade de participar de um evento onde pôde questionar Milei sobre suas propostas. “Perguntei a ele se a criação de uma criptomoeda da Argentina [como uma CBDC] não seria mais viável”.

Em resposta, o candidato respondeu que não confiaria no Banco Central do país para administrar uma moeda, seja ela digital e dolarizada, ou física. Conforme Javier Milei, a fama do BC da Argentina o precede, e neste caso ele acredita ser bem ruim.

A candidata liberal que, segundo opinião de Serrano, tem mais chances de vitória, trata-se de Patricia Bullrich, ex-ministra de Segurança do governo de Macri. Mesmo que ullrich seja de direita, não possui muitas opiniões sobre as criptomoedas, conforme Serrano.

Nem como segundo colocado Milei está nas pesquisas deste ano. Essa posição pertence a outro candidato de direita, Horacio Rodríguez Larreta, atual prefeito de Buenos Aires.

Larreta, por sua vez, já tem um maior conhecimento sobre criptomoedas. “Ele [Larreta] é o que mais entende de cripto. Milei fala muito sobre criptomoedas, é bastante favorável, mas não tem muito conhecimento”, diz Serrano.

Para Rodolfo Andragnes, presidente da ONG Bitcoin Argentina, a possibilidade da Argentina adotar o Bitcoin como moeda de curso legal como El Salvador é nula. “Não existe nenhuma chance de termos um governo como de El Salvador, e adotarmos o Bitcoin (BTC) como moeda de curso legal”, diz.

Em contrapartida, Andragnes comenta que existe a possibilidade de que o país adote uma política de moeda de livre mercado.

A moeda seria baseada em uma oficial, mas a população poderia utilizar dólar, bitcoin entre outras. “Também existe uma possibilidade de irmos para a dolarização [adotarmos o dólar oficialmente] como existe a chance de não acontecer nada”, comenta.

Bernardo Srur da Associação Brasileira de Criptoativos (ABCripto) ressalta que apesar de ambos os países sofrerem em relação à dolarização, são cenários bem diferentes. “Dificilmente cenários de comparação como esses seriam considerados. Tendo em vista o tamanho e diferença histórica de ambos os países”, comenta.

Srur comenta que apesar das criptomoedas serem bastante utilizadas pela população, não enxerga no curto prazo a adoção pelo governo da Argentina ao Bitcoin, seja como reserva ou como moeda.

Repórter do Crypto Times
Jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Repórter do Crypto Times, e autor do livro "2020: O Ano que Não Aconteceu". Escreve sobre criptoativos, tokenização, Web3 e blockchain, além de matérias na editoria de tecnologia, como inteligência artificial, Real Digital e temas semelhantes. Já cobriu eventos como Consensus, LabitConf, Criptorama e Satsconference.
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Jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Repórter do Crypto Times, e autor do livro "2020: O Ano que Não Aconteceu". Escreve sobre criptoativos, tokenização, Web3 e blockchain, além de matérias na editoria de tecnologia, como inteligência artificial, Real Digital e temas semelhantes. Já cobriu eventos como Consensus, LabitConf, Criptorama e Satsconference.
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