Opinião

Bolsa brasileira perto de 1 milhão de investidores. Estamos mais arrojados?

01 maio 2019, 9:15 - atualizado em 30 abr 2019, 16:53
Em 1995, era possível colocar o dinheiro na poupança e, descontando a inflação, ter 1% de retorno ao mês

Por Papo de Grana

O Brasil tem visto o número de aplicadores que buscam uma alternativa à renda fixa aumentar. Mas o entusiasmo com a renda variável ainda se limita a menos de 0,5% da população.

O número de investidores brasileiros com ações na Bolsa de Valores ainda é pequeno, mas o crescimento mostra que o os investidores estão correndo mais risco. A principal razão é a trajetória de queda da taxa de juros básica tem feito a renda fixa e a poupança ficarem menos atrativas para quem busca mais rentabilidade.

Em 1995, era possível colocar o dinheiro na poupança e, descontando a inflação, ter 1% de retorno ao mês. Mas de lá para cá, com a queda progressiva da taxa, o rendimento real da poupança, ou seja, aquilo que a poupança rende quando descontada a inflação, saiu do patamar de 11% ao ano para 3% em 2017. No caminho, a rentabilidade chegou a ser negativa e patinou abaixo de 1,5% em 13 dos últimos 22 anos.

Já o Ibovespa, principal indicador da bolsa, rendeu 122% desde janeiro de 2016.

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Foi-se a época do 1% ao mês

Quanto mais a poupança rende, menos propensos os poupadores estão a colocar seu dinheiro para movimentar a economia. Se deixar o dinheiro parado lá no banco rende tanto, por que alguém irá correr riscos abrindo uma loja ou investindo na ideia de negócio daquele colega super criativo?

Poupança rendendo muito pode ser bom pra quem está com a vida ganha, mas pra quem precisa de emprego ou crédito barato para empreender, acaba sendo um problema.

Investir em ações é também investir na economia do país

Em economias mais maduras, poupadores que querem rentabilidade trocam a renda fixa pelo risco de investir em empresas. O setor privado girando com mais fluidez impulsiona a economia. Nos Estados Unidos, por exemplo, 52% das famílias têm patrimônio na bolsa, diretamente ou por meio de fundos de investimento.

Fica claro que o perfil do investidor brasileiro e do americano são muito diferentes. Meio por cento da população investe na bolsa aqui no Brasil, enquanto mais da metade da população americana é adepta à bolsa de valores.

Essa diferença toda está na cultura: a economia é mais consolidada nos Estados Unidos, por isso o investidor se sente mais à vontade de correr riscos. Além disso, a primeira bolsa de valores americana surgiu em 1792. No Brasil, apenas em 1890 tivemos a fundação da Bolsa Livre, com características similares ao sistema atual.

Quais são os riscos ao investir em ações?

Quando você compra ações, você se torna sócio de uma empresa. Se esta empresa não for muito bem e der prejuízo, você não receberá os lucros a que tem direito, como sócio. Se a empresa for à falência, você pode perder boa parte do dinheiro investido.

Este é o principal risco de quem investe em ações. Embora as bolsas façam uma série de exigências às companhias que pretendem conseguir dinheiro de investidores para financiar suas atividades, ninguém pode garantir que os negócios vão sempre ir bem.

Por isso, é muito importante conhecer os negócios nos quais você investe e, principalmente, diversificar. Investir em mais de uma empresa permite a você se beneficiar da rentabilidade correndo menos risco porque, se uma for mal, você não depende exclusivamente dela.

Então é preciso ter muito dinheiro para investir na bolsa?

Na verdade, não. Uma das maneiras mais acessíveis de investir na bolsa é por meio dos fundos de investimento. Fundos de investimento em ações fazem uma intermediação qualificada entre investidores e empresas.

Com uma equipe profissional de gestão analisando a saúde financeira das empresas e suas perspectivas, você não precisa ficar estudando, nos mínimos detalhes, todas as empresas que estão lá na bolsa loucas por sócios para não terem que depender dos juros abusivos dos bancos. Ao juntar o dinheiro de vários investidores, os fundos conseguem investir em empresas e setores diferentes, atenuando os riscos.

Diversificação e paciência

Além da diversificação, o tempo também atenua os riscos de quem investe em ações. Em prazos curtos, os valores das ações oscilam não apenas de acordo com a saúde financeira das respectivas empresas, mas com os humores do mercado, que, no Brasil, é especialmente temperamental.

Embora a bolsa, por aqui, tenha um sobe e desce mais acentuado que a americana, quando se olha para janelas de prazo mais estendido se vê que a tendência costuma ser de alta. A vantagem de se investir em ações num mercado emergente, é que, embora a oscilação seja maior, as possibilidades de ganho também são. Então quem está de olho no longo prazo e não se assusta com as oscilações momentâneas pode se beneficiar dos ganhos de um portfólio diversificado.

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