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Bolsa de valores: Entenda por que o Ibovespa cai em 2023 e qual o futuro do índice

24 mar 2023, 11:41 - atualizado em 24 mar 2023, 11:43
Ibovespa
No curto prazo, o principal índice da Bolsa brasileira ensaia vir abaixo também dos 98 mil pontos, disseram analistas. (Imagem: Patricia Monteiro/Bloomberg)

O Ibovespa (IBOV), índice de referência para a Bolsa brasileira, fechou a quinta-feira (24) em baixa de 2,29%, aos 97,9 mil pontos, no menor patamar desde julho de 2022, acumulando uma baixa de mais de 7% em 2023.

A forte queda é reflexo do que o mercado avalia com nível elevado de incertezas no Brasil e no exterior, o que acontece desde que os juros passaram a subir em todo o mundo. Desde então, analistas tem falado em cautela ao investir na renda variável.

Na quinta, falas do presidente Lula após a decisão do Banco Central de manter a taxa básica de juros, a Selic, a 13,75%, elevaram a pressão sobre o principal índice da Bolsa. O chefe do executivo reiterou as críticas ao presidente da autarquia.

“Ele [o presidente do BC, Roberto Campos Neto] precisa cuidar da política monetária, mas precisa cuidar do emprego e da renda do povo. E ele não tá fazendo isso”, disse Lula.

A XP Investimentos avaliou em relatório que o comunicado do Banco Central ao decidir manter a Selic no atual patamar foi “duro”. Em tese, na avaliação do mercado, o avanço da proposta de um novo arcabouço fiscal diminuiria as incertezas e, assim, contribuiria para que o Copom começasse a avaliar uma queda dos juros.

A percepção de que o governo vai gastar com responsabilidade – o que se daria por uma âncora fiscal – poderia aliviar as perspectivas sobre a inflação, segundo analistas, embora ponderem que o cenário externo é outro componente importante para a definição dos preços, como diz o próprio Banco Central.

O IPCA, assim como as projeções para o indicador a médio e longo prazo, segue acima da meta para a inflação. As expectativas de Banco Central são de uma inflação de 5,8% em 2023 e de 3,6% em 2024, um pouco abaixo das projeções do mercado de 6% e 4,1%, respectivamente.

Juros, Bolsa e futuro da Bolsa

Na véspera, os juros futuros tiveram forte alta com a expectativa de que o BC mantenha a Selic em patamar elevado por mais tempo do que o esperado anteriormente, após a decisão e o comunicado.

Juros altos impactam diretamente o consumo e a tomada de crédito, empurrando a economia para uma desaceleração. Na Bolsa, a dinâmica é de saída de recursos em busca de investimentos mais seguros na renda fixa.

Com a eleição do governo Lula, a Genial Investimentos projetou um modelo com uma pontuação justa para o Ibovespa na faixa dos 112,4 mil pontos ao final de 2023. “Porém, como estamos pessimistas com o cenário doméstico escolhemos a faixa de precificação abaixo do neutro em 109,7“, disse a corretora em dezembro.

“Diante das sinalizações feitas pelo novo governo eleito, esperamos por maiores gastos públicos para os próximos anos, e como consequência acreditamos que a Selic poderá ficar em patamares elevados por mais tempo”, afirmou o analista Filipe Villegas.

Ele comentou que o mercado “aos poucos” mudaria a narrativa nos Estados Unidos de inflação para recessão. Na China, disse, a reabertura da economia pode positivo para os preços das commodities.

Ibovespa no curto prazo

Para analistas técnicos da Ágora Investimentos, no curto prazo, o principal índice da Bolsa brasileira ensaia vir abaixo também dos 98 mil pontos, sinalizando um movimento de queda direta até o fundo do ano passado formado na região dos 95 mil pontos.

“Este é o nível onde o índice cumpriria a projeção de objetivo após ter perdido a base do grande triângulo simétrico no final do mês passado”, destacaram Maurício Camargo e equipe.

Do lado superior, segundo eles, em caso de repiques, a linha dos 100,6 mil pontos atuaria agora como primeira resistência de curto prazo e, mais acima, disse, o Ibovespa ainda encontraria barreira aos 103 mil pontos.

Editor
Jornalista formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), com MBA em finanças pela Estácio. Colaborou com Gazeta do Povo, Estadão, entre outros.
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