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Bradesco (BBDC4) e BB (BBSA3): O impacto da quebra do SVB sobre os bancos brasileiros

14 mar 2023, 14:28 - atualizado em 15 mar 2023, 15:39
SVB
Cenário de estresse hoje é improvável “dada a confortável posição de capital do Bradesco”.(Imagem: Anadolu Agency/ Getty Images)

O Bradesco (BBDC4) pode ter o payout (porcentagem do lucro líquido distribuído na forma de dividendos ou juros sobre capital próprio) reduzido, visando a preservação dos níveis de capital, avaliou o Itaú BBA, em relatório que analisa impactos indiretos da quebra do Silicon Valley Bank (SVB).

Dentre os grandes bancos, a instituição destaca que o Banco do Brasil (BBSA3) tem índices de capital “mais confortáveis”, com a melhor base de NPL e funding  (poupança de servidores públicos, agronegócio, depósitos judiciais), segundo relatório assinado por Pedro Leduc e equipe.

Eles disseram que o Bradesco também tem capital e liquidez confortáveis, mas ponderaram que o banco tem uma “escolha mais difícil” em um debate sobre preservação de capital.

Não há perdas diretas diretamente ligadas ao SVB para os bancos brasileiros. A confiança é sólida e a base de financiamento é diversificada. Ainda assim, achamos razoável revisar um cenário de ‘cash-is-king’ em que os bancos retêm mais lucros e reduzem o payout“.

Os analistas sublinharam que os os bancos podem reduzir os impostos pagos distribuindo dinheiro aos acionistas via juros sobre capital próprio (JCP). “Dentro de nossa cobertura brasileira, espera-se que o Bradesco pague os maiores índices [payout], de cerca de 60%, inteiramente via Imposto Sobre Operações de Crédito (IOC)”.

“Para fins de estresse, o payout mínimo exigido de 25% significaria uma redução de cerca de 15% no lucro líquido, ou R$ 17 bilhões (11% ROE). Em um cenário de pagamentos menores, os investidores do Bradesco não apenas ficariam com menor fatia do bolo, mas o bolo encolheria consideravelmente”, acrescentaram os analistas do Itaú BBA.

Para eles, o cenário de estresse hoje é improvável “dada a confortável posição de capital do Bradesco”. “Mas a discussão pode avançar, dependendo da evolução dos mercados financeiros globais”, ponderaram.

“Para outros bancos, esse impacto não é significativo, dada a já baixa base inicial de payouts (30%-40%)”.

Editor
Jornalista formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), com MBA em finanças pela Estácio. Colaborou com Gazeta do Povo, Estadão, entre outros.
kaype.abreu@moneytimes.com.br
Jornalista formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), com MBA em finanças pela Estácio. Colaborou com Gazeta do Povo, Estadão, entre outros.