Comprar ou vender?

Bradesco (BBDC4) precisará de ‘forcinha’ de Campos Neto se quiser respirar

21 mar 2023, 16:55 - atualizado em 22 mar 2023, 14:52
Bradesco
Segundo o Credit, para ter um cenário melhor, o Bradesco precisa torcer para cortes mais rápidos na Selic (Imagem: Dado Galdieri/Bloomberg

O Bradesco (BBDC4) já viu dias melhores na bolsa, com resultados afetados pela inadimplência, piorado pelo caso Americanas (AMER3). É difícil encontrar analista que sustente o otimismo com papel.

Nesta terça-feira, o Credit Suisse rebaixou o preço-alvo do papel de R$ 16 para R$ 15, potencial de alta de 15% ante o último fechamento. A recomendação é de venda.

Segundo os analistas Marcelo Telles e Daniel Vaz, o retorno é pouco para um papel arriscado.

Vemos o segmento com potencial de crescimento limitado, dada a atividade moderada dos mercados de capitais e maior percepção de risco, refletida por títulos corporativos e spreads crescentes de empréstimos”, afirmam.

Além disso, lembra a dupla, o Bradesco tem a maior exposição às micro e pequenas empresas em comparação aos outros bancos, o que tem sido um sinal amarelo nos últimos resultados. Isso, segundo eles, deve continuar a rebaixar a qualidade de ativos em uma perspectiva de taxa de juros mais alta.

Telles e Vaz calculam que a ação do banco negocie a  7,0x P/L (preço sobre o lucro) de 2023 (0,81x P/B) e 5,5x P/L 2024 (0,75x P/B),” sendo que este último implica um pequeno desconto de 6% P/L para o Itaú Unibanco (ITUB4), que consideramos pouco atraentes”.

Projeções rebaixadas

O Credit também rebaixou as projeções para acomodar o guidance de 2023, somado à expectativa de crescimento tímido da margem de lucro dos clientes diante de uma possível mudança de mix para empréstimos com garantia no varejo.

“Vale ressaltar que a receita líquida de juros (NII, na sigla em inglês) pode ser impactada caso o Bradesco deixe de auferir receitas de juros da Americanas, uma vez que a varejista entrou em recuperação judicial“, coloca.

Ao todo, o Bradesco provisionou quase R$ 5 bilhões por exposição à varejista. O banco foi um dos mais afetados pelo rombo da empresa.

Dessa forma, o Credit vê lucro de R$ 18,8 bilhões para o banco em 2023, antes em R$ 23 bilhões, “implicando um ROE (retorno sobre o capital) medíocre de 12%”.

Para 2024, o Bradesco também deverá lucrar menos, com as projeções cortadas de R$ 29 bilhões para R$ 23,9 bilhões, e ROE de 14%.

Forcinha de Campos Neto

Segundo o Credit, para ter um cenário melhor, o Bradesco precisa torcer para cortes mais rápidos na Selic, além de um desempenho superior da qualidade dos ativos e melhoria do ambiente macroeconômico.

Na próxima quarta, o Banco Central volta a se reunir para definir a Taxa Básica de Juros (Selic). A expectativa, no entanto, é que o BC mantenha a Selic em 13,75%.

Segundo o Boletim Focus, divulgado na última segunda-feira, no que se refere à taxa básica de juros, a Selic prevista para 2023 foi mantida em 12,75%. Para 2024 a projeção permanece em 10%.

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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