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Brasil tem reexportação atípica de fertilizantes por falta de armazenagem

10 out 2022, 17:29 - atualizado em 10 out 2022, 17:29
Nas últimas semanas, entretanto, as cotações já cederam um pouco, melhorando a relação de troca para o produtor de grãos no Brasil (Imagem: Pixabay/PublicDomainPictures)

O Brasil, que normalmente depende da importação de fertilizantes, está reexportando cargas por falta de infraestrutura para armazenagem dos grandes volumes que chegaram este ano, informou a autoridade portuária de Antonina, no Paraná, nesta segunda-feira.

Em uma reviravolta inesperada, um importador redirecionará 24,7 mil toneladas de fertilizante DAP que chegaram da Jordânia, mas que agora serão enviados para a Turquia nos próximos dias, disse a autoridade.

No mês passado, já havia ocorrido a reexportação de 17 mil toneladas de fertilizantes fosfatados vindos do Egito.

A carga esteve num recinto alfandegário de Antonina por dois meses, até que foi reexportada para os Estados Unidos em 22 de setembro, uma situação que a autoridade portuária descreveu como inédita.

“Há quatro ou cinco meses estávamos conversando sobre uma possível escassez de fertilizantes”, disse Jeferson Souza, analista da Agrinvest. “Agora não temos onde colocar o produto.”

Os raros acordos de reexportação de fertilizantes expõem os problemas logísticos do Brasil em um momento de ampla oferta e compra lenta de agricultores.

Após o início da guerra na Ucrânia, que provocou sanções ocidentais contra um grande fornecedor global, a Rússia, os preços dos fertilizantes subiram, e pairava uma ameaça de interrupções de fornecimento.

Nas últimas semanas, entretanto, as cotações já cederam um pouco, melhorando a relação de troca para o produtor de grãos no Brasil.

Mas a corrida do Brasil para importar fertilizantes durante os primeiros meses de 2022 aumentou os custos de armazenamento portuário e demurrage, uma penalidade que os operadores de navios de carga pagam quando enfrentam problemas de descarga, disse Antonina.

Visão geral mostra pilhas de resíduos na mina de potássio Belaruskali perto da cidade de Soligorsk, um dos insumos para fertilizantes
No mês passado, já havia ocorrido a reexportação de 17 mil toneladas de fertilizantes fosfatados vindos do Egito (Imagem: REUTERS/ Vasily Fedosenko)

O Brasil, que depende de fornecedores externos para comprar 85% dos fertilizantes que necessita, importou 30,77 milhões de toneladas nos primeiros nove meses deste ano, um recorde.

Por isso, em todo o País, os portos estão “cheios” de fertilizantes importados que não foram distribuídos internamente, disse a Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda) à Reuters na semana passada.

Citando analistas e estimativas da indústria, a Anda também confirmou as expectativas de que as entregas de fertilizantes aos agricultores poderiam cair entre 5% e 7% em 2022, pois os produtores atrasaram as compras ou decidiram não mais adquirir esses insumos depois que os preços subiram.

De acordo com Antonina, não haverá a incidência de tributos nacionais sobre as cargas reexportadas, pois estas permaneceram na área alfandegária do porto, que é considerada “neutra” do ponto de vista do comércio exterior.

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