Política

Brasília em Off: O que Guedes perdeu não volta mais

30 jul 2021, 9:56 - atualizado em 30 jul 2021, 9:56
Paulo Guedes
De todas as áreas que estão sob sua batuta, Guedes achou menos pior perder o Ministério do Trabalho para acomodar aliados no governo (Imagem: REUTERS/Ueslei Marcelino)

O ministro da Economia, Paulo Guedes, até tem defendido junto ao Presidente Jair Bolsonaro que o Ministério do Trabalho retorne para suas mãos depois que o novo chefe da pasta, Onyx Lorenzoni, sair do cargo para concorrer ao governo do Rio Grande do Sul em 2022.

Mas isso não vai acontecer. Assim que a recriação da pasta veio a público, representantes de centrais sindicais e aliados do centrão já começaram a se movimentar para ocupar cargos — pressão que só tende a aumentar com a aproximação das eleições. Esse Ministério não volta nunca mais para a Economia, afirma um integrante da equipe de Guedes.

Ciúmes

De todas as áreas que estão sob sua batuta, Guedes achou menos pior perder o Ministério do Trabalho para acomodar aliados no governo. Isso, no entanto, não evitou que ele ficasse com ciúmes em perder o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

O ministro transformou em hábito participar da entrevista coletiva em que os números do mercado formal de trabalho são divulgados. Isso aconteceu depois que os números passaram a ser uma vitrine para a retomada do crescimento.

Essa semana as agendas foram rearranjadas para que Guedes ainda pudesse estar lá. Mas o holofote, de agora em diante, será de Onyx.

Paternidade

Guedes, no entanto, não desistiu da paternidade de programas de retomada do emprego que estavam sendo preparados por sua equipe e que agora estarão submetidos ao novo ministro.

O Bônus de Inclusão Produtiva (BIP), que tem como objetivo estimular a contratação de jovens, e o Bônus de Incentivo à Qualificação (BIQ) ainda não foram anunciados por falta de acordo sobre como financiar as iniciativas.

Paulo Guedes
Guedes, no entanto, não desistiu da paternidade de programas de retomada do emprego que estavam sendo preparados por sua equipe e que agora estarão submetidos ao novo ministro (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

A aposta é que o ministro continuará a dar pitacos, especialmente porque conseguiu manter o principal nome de sua equipe na área de Trabalho, Bruno Bianco, na nova pasta.

Quem tudo quer…

A reforma ministerial trouxe à memória de integrantes da equipe econômica a ironia que é para Guedes perder para Onyx uma pasta importante que estava sob seu comando.

Quando chegou à Secretaria-Geral da Presidência, Onyx tentou tirar da Economia e trazer de volta para suas mãos a Secretaria do Programa de Parceria de Investimentos (PPI). Guedes bateu o pé. Agora vai ter que abrir mão de uma fatia muito maior.

Mudar para não perder tudo

A transformação da secretaria especial de Fazenda na secretaria especial do Tesouro e Orçamento foi uma tentativa de Guedes de tentar segurar as pressões do centrão por novos desmembramentos de sua pasta e pela recriação do Ministério do Planejamento.

Ao amarrar Tesouro e Orçamento, o ministro constrói o argumento de que é preciso juntar todo o ciclo orçamentário num lugar só: as receitas e a execução dos gastos públicos.

Agenda ambiental

Desde a eleição de Joe Biden, o governo americano vem cobrando do Brasil ações mais concretas na área ambiental como uma forma de abrir caminho para investimentos ESG no país.

Em reuniões na Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos, no entanto, o governo tem passado aperto. Em encontro recente, o secretário especial de Comércio Exterior, Roberto Fendt, teve que ouvir que o Brasil está deixando a desejar e perdendo a chance de ampliar o rol de investimentos de empresas americanas.

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