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Calote iminente: S&P rebaixa rating de empresa ligada ao e-commerce

24 ago 2023, 19:33 - atualizado em 24 ago 2023, 20:31
Sequoia Logística
Para a agência, há risco o iminente de não pagamento de juros de debêntures nos próximos meses (Imagem; Facebook/Sequoia Logística)

A S&P rebaixou o rating da Sequoia (SEQL3) de A para CC na escala nacional, mostra documento enviado ao mercado nesta quinta-feira (24), patamar próximo do D, que significa calote.

De acordo com a agência de classificação de risco, os resultados do segundo trimestre de 2023 foram mais fracos do que o esperado. “Isso, somado a atrasos nos processos de vendas de ativos, levou a uma forte pressão de liquidez para a empresa”, discorre.

Para a agência, há risco iminente de não pagamento de juros de debêntures nos próximos meses.

A Sequoia convocou uma assembleia geral de debenturistas para o dia 11 de setembro, solicitando, entre outros pedidos, um perdão temporário (waiver) para não pagamento dos juros devidos nos próximos 5 meses (entre setembro de 2023 e janeiro de 2024), somando cerca de R$ 20 milhões.

“Em nossa visão, mesmo que os debenturistas concedam o waiver em antecipação a data de pagamento de juros, veríamos o não pagamento como um evento de default, por constituir uma quebra da promessa original de pagamento da dívida”, explica.

A S&P argumenta ainda que a empresa registrou forte descasamento de receitas e custos no trimestre, com rotas operando com ociosidade e custos fixos ainda elevados para o nível reduzido de volume.

“Além disso, nossas perspectivas para o fluxo de caixa e a liquidez da Sequoia também foram impactados por atrasos em processos de venda de ativos”, coloca.

A agência esperava que a Sequoia fosse capaz de vender uma Logitech (no valor de cerca de R$ 50 milhões) até o fim do primeiro semestre ou início do segundo semestre, e que poderia vender outro ativo em meados do segundo semestre.

“Como o processo de reestruturação se estendeu até o mês de julho, agora esperamos uma trajetória de recuperação operacional um pouco mais lenta durante o segundo semestre, com geração de Ebitda negativa de cerca de R$ 50 milhões em 2023”, completa..

No documento, a S&P justifica a perspectiva negativa dizendo que é alta a probabilidade de a Sequoia não pagar as próximas parcelas de juros relativas à sua 3ª emissão de debêntures.

“A perspectiva também reflete a estrutura de capital insustentável e as fortes restrições de liquidez da empresa”, completa.

Sequoia: de R$ 30 para R$ 0,76

A Sequoia disparou depois que abriu o seu capital, em outubro de 2020. A ação já chegou a bater em R$ 30 em meio ao boom do e-commerce na pandemia. A empresa, que atua em logística de entregas, era apontada como uma das ganhadoras do processo.

Porém, a alta da Selic e a queda do consumo jogou a ação na lona. Nesta quinta, o papel voltou a fechar em forte queda, de 7%, negociada a R$ 0,76. No ano, a ação derreteu 73%.

O mercado especula que a empresa possa ser alvo de alguma fusão e aquisição. A Sequoia chegou a contratar a assessoria financeira independente Ártica, especializada nessas operações.

Procurada pelo Money Times, a empresa não respondeu até o momento. O espaço segue aberto.

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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