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Câmara deve retomar PL que altera emissão das LCA; o que muda na renda fixa?

20 jan 2024, 10:00 - atualizado em 20 jan 2024, 10:57
LCA RENDA FIXA
PL quer permitir que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) utilize operações com produtores como lastro de LCA (Imagem: REUTERS/Ueslei Marcelino)

A Câmara dos Deputados deve analisar o Projeto de Lei 3992/23, que versa sobre as LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio).

A LCA é um tipo de investimento de renda fixa. Trata-se de um título emitido por bancos, ou outra instituição financeira regulamentada, que tem como objetivo financiar um crédito para operações no setor agrícola.

Dessa maneira, o PL, de autoria de Sidney Leite (PSD/AM), quer permitir que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) utilize operações com produtores como lastro de LCAs, algo que só acontece para cooperativas de crédito rural hoje, autorizadas pelo Banco Central do Brasil (Bacen).

As LCA’s são vinculadas aos direitos creditórios originários de negócios relacionados com produtos ou insumos agropecuários ou máquinas e implementos utilizados na atividade agropecuária.

O que muda para a LCA?

Através da LCA, as cooperativas de crédito rural captam recursos no mercado para oferecer empréstimos ao setor agropecuário.

“De maneira didática, os particulares que adquirem as LCA’s estão emprestando dinheiro à instituição financeira emitente, que, por sua vez, empresta esse dinheiro ao setor agropecuário”, comenta Rafael Kist, procurador Autárquico e professor de Direito Constitucional.

Kist explica que a vantagem para a cooperativa de crédito rural é, logicamente, a captação do dinheiro. “Ao particular adquirente da LCA, o benefício é que se trata de um título de crédito de renda fixa, ou seja, ele sabe desde logo qual será o rendimento que receberá no futuro, com a grande vantagem de haver isenção do imposto de renda quando se tratar de adquirente pessoa física”, pontua.

Dessa forma, é isso que o Projeto de Lei n.º 3992/23, de autoria do Deputado Federal Sidney Leite, busca garantir: que o BNDES também possa emitir LCA’s, pois, conforme aponta o próprio deputado, “o BNDES já é um dos principais provedores do setor, com 31% do total nos últimos cinco anos”.

Recursos para o agronegócio

Nos últimos dados divulgados pelo Banco Central, em novembro de 2023, o saldo de crédito do sistema financeiro direcionado para o setor agropecuário atingiu o volume de quase R$ 48 bilhões, uma variação positiva de 7,6% nos últimos 12 meses.

Mario Okazuka, diretor de Operações Estruturadas da GCB Investimentos, ressalta que em todo o sistema financeiro, o crescimento foi de apenas de 2%.

“Isto é um dos sinais da demanda de recursos que o setor necessita para manter o país como um dos principais atores globais na cadeia da produção agropecuária. A proposta busca alinhar a legislação à necessidade de fortalecer o agronegócio, possibilitando que operações de crédito rural, especialmente aquelas provenientes do BNDES, possam respaldar a emissão de LCAs”, analisa.

De acordo com as informações do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), o saldo de LCAs emitidas pelas instituições em novembro de 2023 estava em R$ 332 bilhões, contra um volume de R$ 284 bilhões do mesmo período de 2022, reforçando o interesse crescente que as pessoas físicas, principais detentoras deste tipo de ativo, têm pelo produto.

“A medida proposta visa agilizar e fortalecer o uso da LCA para ampliar investimentos na agricultura sustentável, sendo positiva, e mantendo o Brasil como protagonista global neste segmento”, finaliza Okazuka.

Repórter
Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil, que cobre o ciclo da oleaginosa do plantio à colheita, e do Agro em Campo, programa exibido durante a Copa do Mundo do Catar e que buscava mostrar as conexões entre o futebol e o agronegócio.
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Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil, que cobre o ciclo da oleaginosa do plantio à colheita, e do Agro em Campo, programa exibido durante a Copa do Mundo do Catar e que buscava mostrar as conexões entre o futebol e o agronegócio.
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