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Cargill quer aumentar investimento em soja e biodiesel no Brasil

27 abr 2023, 12:19 - atualizado em 27 abr 2023, 12:19
Cargill
A Cargill entende que há operadores logísticos mais capitalizados e aptos a expandir a malha ferroviária brasileira, afirmou Sousa (Imagem: REUTERS/Denis Balibouse/File Photo)

A Cargil, maior trading mundial de commodities agrícolas, planeja aumentar seus investimentos no Brasil para expandir o processamento de soja e a produção de biocombustíveis, segundo o presidente da multinational no país, Paulo Sousa.

A empresa também avalia “fortemente” novos investimentos em portos e na modernização e aumento da capacidade de seus armazéns, disse ele em entrevista. Já investimentos em ferrovias, avaliados no passado, estão descartados por enquanto.

A Cargill entende que há operadores logísticos mais capitalizados e aptos a expandir a malha ferroviária brasileira, afirmou Sousa.

“Há outras áreas que fazem mais sentido para nós”, disse o executivo, citando o SAF (sustainable aviation fuel) como exemplo. “Queremos crescer no processamento de soja e em combustíveis renováveis no Brasil.” O país, que responde por mais da metade da oferta global de soja, recebeu R$ 1,2 bilhão em investimentos da Cargill no ano passado, um recorde.

Aumentar a capacidade de exportação e processamento de soja no Brasil é fundamental para diminuir impactos que choques de oferta causam à indústria global de alimentos e combustíveis renováveis.

A Argentina, que costumava ser o maior exportador mundial de farelo e óleo de soja, tem enfrentado anos consecutivos de seca e problemas econômicos que reduzem os investimentos no setor. Neste ano, o farelo de soja atingiu o preço mais alto em oito anos na Bolsa de Chicago. No Brasil, problemas de armazenamento e logística têm contribuído para reduzir os preços de exportação.

No ano passado, a Cargill movimentou 41 milhões de toneladas de soja e grãos, alta de 15% em relação a 2021, impulsionada por uma safra recorde. Mas a alta dos custos com logística comprimiu as margens, disse Sousa. O lucro líquido caiu para R$ 1,2 bilhão no ano passado, ante R$ 1,8 bilhão no anterior.

As perspectivas são melhores para este ano. As margens de esmagamento de soja atingiram níveis recordes no Brasil, à medida que uma safra historicamente alta e perdas na Argentina atraem compradores globais para o país, que está em uma boa posição para atender os importadores, com condições climáticas “mais do que perfeitas” permitindo que o Brasil colha outra safra recorde, disse Sousa. Embora as margens já tenham recuado das máximas, elas devem continuar historicamente altas em 2023, afirmou.

A safra 2022-23 de soja do maior produtor mundial é tão grande que o Brasil está despachando a oleaginosa até para os rivais Argentina e EUA. Há um fluxo constante de soja saindo por hidrovia de Mato Grosso do Sul para a região de Rosário, embora o os embarques já possam ter atingido o pico este ano, segundo ele. Mesmo assim, mais exportações para o vizinho devem acontecer até o final do ano, acrescentou.

A ampla oferta da oleaginosa também pressionou os prêmios de exportação do Brasil para níveis negativos, mas o aumento dos volumes movimentados pela Cargill mais do que compensará a recente queda de preços, de acordo com Sousa.

Sobre o mercado de milho, o presidente da Cargill disse que a colheita recorde da safrinha esperada para os próximos meses levará o Brasil a desbancar os EUA como maior exportador global do grão pela primeira vez, o que deve se tornar uma tendência.

“O Brasil deve assumir a liderança do mercado de milho com a mesma categoria que fizemos com a soja. Em três ou quatro anos, é melhor se acostumar a ver o Brasil como maior exportador de milho do mundo”, afirmou.

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