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Carne bovina: China está mais refém e dependente do Brasil, vê Rabobank

21 mar 2023, 17:25 - atualizado em 21 mar 2023, 17:43
O bloqueio dos embarques de carne bovina ao país, que está próximo de completar um mês, tem influenciado o cenário brasileiro da proteína (Imagem: Reprodução/Embrapa)

Em conversa com o Agro Times, Wagner Yanaguizawa, analista econômico de proteína animal no Rabobank falou sobre o embargo nas exportações de carne bovina à China, em termos de impactos econômicos. Segundo ele, o maior deles tem sido em termos de preços.

“Nós vimos uma queda nos preços em um primeiro momento, porque o Boi-China tem o maior preço, então ele acaba tendo impacto direto na precificação do boi gordo. A partir dos dados parciais de exportação, vimos uma pressão por conta do mercado chinês, já que 55% de tudo que exportamos de carne bovina é apenas para atender o mercado do país. Com a China fora do mercado, vemos um impacto direto na demanda externa, explica.

Do lado dos frigoríficos, que já haviam sido impactados com um embargo que perdurou por 103 dias em 2021, o movimento é de retração.

Na ocasião, a indústria esperava uma retomada mais rápida dos embarques, o que ocasionou a criação de estoques elevados na época.

“A indústria, assim como os produtores que não tem aceitado preços menores, também tem se retirado do mercado e não ofertado animais”, comenta.

Segundo o especialista, o cenário atual é bem diferente de 2019, já que a importância do Brasil nas importações de carne bovina da China cresceu.

“Quando olhamos para 2019, nós representávamos 24% de tudo que a China importou de carne bovina, quando olhamos dados do ano passado, essa participação aumentou para 42%. Hoje, Brasil, Argentina e Uruguai representam 75% de toda carne bovina importada pela China“, pontua.

Ele diz que os preços da carne bovina para China atingiu um pico em junho de 2022 (US$ 7.300/t), e tem assumido uma tendência de queda no começo deste ano (US$ 4.900/t), recuo de quase 33% no período.

“Os estoques acumulados na China estão muito atrelados aos preços em patamares maiores, existe um interesse grande dos importadores da China de retomar as importações do Brasil para ter preços mais baratos e diluir essa alta do ano passado, para não correr o risco de comprar mais caro e vender mais barato no mercado doméstico. Ainda assim, não há expectativa de data para retomada, mas não acreditamos que vai chegar perto do registrado em 2021“, finaliza.

Exportações e Preços

Nesta segunda (20) a Secretaria de Comércio Exterior (Secex) divulgou os dados com os embarques para a carne bovina na terceira semana de março. Na próxima quinta-feira (23) a suspensão das exportações do produto brasileiro para a China devido a um caso de “mal da vaca louca” completa 1 mês, o que tem influenciado nos preços e no cenário atual do boi gordo, que segundo analistas, deve seguir uma nova tendência em 2023.

O volume exportado da proteína pelo Brasil atingiu 89,8 mil toneladas até a terceira semana de março de 2023, bem abaixo do volume total embarcado no mesmo mês do ano passado, que foi de 169,1 mil toneladas.

Na terceira semana do mês, a média diária exportada ficou em 6,9 mil toneladas, com queda de 10,1% na comparação do mesmo período de 2022. No comparativo semanal, a média diária teve um recuo ainda mais expressivo, na ordem de 17,86%, quando os embarques na última semana estavam em 8,4 mil toneladas.

Além disso, houve uma queda de 17,6% no preço médio do produto na comparação com os dados de março do ano passado. Com isso, o preço médio da tonelada esta em US$ 4.863, contra US$ 5,904 mil do ano passado.

O valor negociado para o produto na terceira semana de março ficou em US$ 436,79 milhões, tendo em vista que o preço comercializado durante o mês de março de 2022 foi de US$ 998,59 milhões.

Com isso, a média diária ficou em US$ 33,59 milhões e registrou uma queda de 26% frente ao observado no mês de março do ano passado, que ficou em US$ 45,39 milhões.

O indicador do boi gordo do Cepea/B3 tem valor de R$ 277,80, com valorização mensal de 3,68%. 

Repórter
Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil, que cobre o ciclo da oleaginosa do plantio à colheita, e do Agro em Campo, programa exibido durante a Copa do Mundo do Catar e que buscava mostrar as conexões entre o futebol e o agronegócio.
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Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil, que cobre o ciclo da oleaginosa do plantio à colheita, e do Agro em Campo, programa exibido durante a Copa do Mundo do Catar e que buscava mostrar as conexões entre o futebol e o agronegócio.
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