Eleições 2018

Casos de violência nestas eleições refletem intolerância e preocupam, diz especialista

11 out 2018, 20:00 - atualizado em 11 out 2018, 19:10
(Antonio Cruz/Agência Brasil)

Desde o primeiro turno das eleições, no último domingo, relatos de intolerância política se multiplicam pelo Brasil. Boa parte dos relatos ocorre nas redes sociais. Quase sempre começam com ofensas e terminam em agressões físicas.

No Paraná, um jovem de 27 anos levou golpes que causaram cortes na cabeça. Testemunhas relatam o que viram.

A polícia investiga se o ato teve motivação política. Pelo menos uma pessoa morreu após as agressões. Foi o mestre de capoeira baiano, conhecido como Moa do Katendê. Na noite do primeiro turno das eleições, ele levou 12 facadas após uma discussão com um homem, que o matou. O agressor admitiu que agiu após uma discussão política.

Nessa quarta-feira, no Paraná, uma mulher relatou ter sido torturada: enquanto dois homens a seguravam em uma rua de Curitiba, um terceiro teria desenhado na costela da vítima uma suástica, símbolo adotado pelo regime nazista, no século passado. O motivo seria a camiseta que a vítima usava.

Antes do dia da votação, houve poucos relatos de intolerância. O mais grave foi contra o candidato à presidência, Jair Bolsonaro, alvo de uma facada durante um ato político no interior de Minas Gerais. O agressor admitiu discordar da visão política do candidato do PSL.

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Para o Cientista Político da USP, Universidade de São Paulo, Adrian Gurza, os episódios de violência são explicitamente políticos, porque refletem a intolerância e causam preocupação.

Ele também defende que não é correto atribuir a violência a casos isolados, porque são, em muitas vezes, alimentados até por quem disputa cargos eletivos.

Os episódios de intolerância política do Brasil aumentaram tanto, que o jornalista Haroldo Ceravolo resolveu mapear.

Com o uso de um mapa do Google, na internet, ele marca a localização geográfica de todos os casos de violência política que tem conhecimento no mundo. Haroldo avalia que os candidatos do segundo turno devem se posicionar contra a violência política.

Outra organização não governamental resolveu fazer algo parecido ao jornalista. A “Agência Pública”, de jornalismo investigativo, já contabiliza mais de 70 casos envolvendo eleitores de ambos os candidatos.

Segundo a publicação, 50 deles foram cometidos por apoiadores de Bolsonaro. Esses apoiadores também são alvos de agressões: até o momento, seis foram registradas. Outros 15 relatos são de apoios indefinidos.

Na corrida pela presidência da república estão candidatos de posições ideológicas distintas. Fernando Haddad, do PT, e Jair Bolsonaro, do PSL. Devido ao aumento de situações de violência de apoiadores, ambos foram perguntados sobre o assunto.

Fernando Haddad disse que isso tem que parar.

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Em uma das falas sobre o assunto, Jair Bolsonaro pede aos eleitores que não pratiquem isso, mas disse não ter controle da situação.

Em nova postagem nas redes sociais, Bolsonaro diz que dispensa o voto de quem pratica violência contra eleitores que não votam nele.

O especialista da USP, Adrian Gurza, ainda mencionou que os candidatos têm forte poder de influenciar os eleitores e, por isso, devem combater em toda a campanha, qualquer tipo de violência e de violação à integridade das pessoas e da democracia.