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CEO do Twitter quer desenvolver protocolo de código aberto para redes sociais

19 dez 2019, 12:14 - atualizado em 08 jun 2020, 16:13
CEO do Twitter planeja revolucionar a internet por meio da tecnologia de blockchain. Seria isso possível? (Imagem: Brave New Coin)

Com a evolução da internet, migramos de protocolos públicos de código aberto para plataformas privadas como Facebook, YouTube e Twitter.

Com a ajuda do blockchain, Jack Dorsey, fundador e CEO do Twitter, planeja libertar as redes sociais ao levá-las para um futuro movido por protocolos.

Em um fio (“thread”) de tuítes publicados no dia 11 de dezembro, Dorsey apresentou planos para o BlueSky, um protocolo de redes sociais descentralizado, que não será controlado por nenhuma empresa privada.

Em vez disso, vai atuar como um novo “padrão” aberto que permite que as pessoas usem diferentes serviços no mesmo protocolo subjacente, assim como eles também podem usar diferentes fornecedores de e-mail para ler as mesmas mensagens.

A ideia é que novos protocolos descentralizados executem plataformas descentralizadas, e não vice-versa (Imagem: Hacker Noon)

Protocolos, e não plataformas

O caminho da centralização que o Twitter vem buscando até agora tem várias limitações.

Em vez de criar diálogos saudáveis, os algoritmos podem criar controvérsia e revolta, fazendo com que Dorsey e outros representantes de redes sociais sejam acusados de corromper o discurso político e falhar em limitar os discursos de ódio.

Blockchain é considerado uma solução possível, pois permite a remoção de Dorsey e outros executivos de redes sociais de suas posições como árbitros da verdade, e permitem que as plataformas contornem o debate sobre liberdade de expressão ao transferir as regras a um protocolo padrão.

Isso foi previsto em agosto no artigo da Techdirt, citado por Dorsey em seu anúncio no Twitter, que sugeriu que uma abordagem de “protocolos, não de plataformas” é apropriada para a “liberdade de expressão no século XVI”.

Um protocolo padrão, possivelmente BlueSky, poderia permitir que qualquer um desenvolvesse seus próprios serviços descentralizados (Imagem: Crypto Intelligence Agency)

“Redes sociais baseadas em protocolo”, escreveu Mike Masnick, editor da Techdirt, tornaria desnecessária a dependência em “algumas grandes plataformas para policiar os discursos on-line”.

Em vez disso, “poderia existir ampla competição, em que qualquer um poderia criar suas próprias interfaces, filtros e serviços adicionais, permitindo que qualquer um que funcione bem tenha sucesso, sem ter que recorrer a censura total de determinadas pessoas”.

Mas como um novo protocolo de internet baseado em blockchain, Bluesky é importante e pode oferecer mais do que uma nova forma de promover o diálogo on-line.

O projeto também pode representar um modelo diferente para monetização da internet e causar um movimento maior em direção a uma internet mais liberal e descentralizada.

Outros projetos já tiveram essa ideia e a colocaram em prática, como PeerTube, PixelFed e Friendica no protocolo ActivityPub (Imagem: Unsplash/@ameenfahmy_)

Uma antiga nova ideia

Naturalmente, bitcoiners foram rápidos em apoiar o projeto.

Brian Armstrong, da Coinbase, elogiou Dorsey por focar no desenvolvimento de protocolos, não de plataformas. Pomp”, Anthony Pompliano, da Morgan Creek Digital, afirmou que Dorsey “entende o futuro melhor do que qualquer empreendedor do planeta agora”.

Até mesmo Charles Hoskinson, fundador da Cardano, e Changpeng Zhao, CEO da Binance, ofereceram seu apoio.

Mas outros correram para criticá-lo, e muitos destacaram que vários projetos já tentaram atender a necessidade por redes sociais descentralizadas.

ActivityPub é o maior dentre esses projetos: é um protocolo que já atua como a fundação de diversas alternativas a plataformas convencionais.

As aplicações de redes sociais executadas no protocolo do ActivityPub formam uma série de comunidades sobrepostas com suas próprias regras, e são chamadas de “federação”.

Dentre elas, está o PeerTube, adversário descentralizado do YouTube; PixelFed, alternativa ao Instagram; e Friendica, clone do Facebook, que oferece diversas configurações de privacidade e permite que os usuários escolham entre uma variedade de interfaces.

PeerTube é uma das “federações” descentralizadas que são uma alternativa às redes sociais centralizadas convencionais (Imagem: FramaTube/Framasoft)

A plataforma mais popular sendo executada no ActivityPub é a adversária do Twitter, Mastodon, lançada em 2016 por Eugen Rochko, desenvolvedor alemão e, desde então, atraiu mais de um milhão de usuários.

Aparentemente, a plataforma lembra o Twitter, mas, nos bastidores, executa não apenas um único servidor central, mas uma série de silos semipermeáveis, cada um com seus próprios algoritmos e administradores que podem ser configurados por qualquer um a fim de formar uma comunidade.

Quando perguntado se sabia do ActivityPub por comentadores do Twitter, Dorsey, que segue Mastodon por conta própria, sabe de sua existência, afirmando que “a equipe vai ter a liberdade de escolher o que for melhor, seja algo que já exista ou que comece do zero”.

Seja qual for o caminho que a equipe siga, é provável que seja um caminho difícil, mas Dorsey é um dos candidatos mais qualificados de tornar o sonho de uma rede social descentralizada em realidade.

E como inspiração de Dorsey, Mike Masnick afirma que, se o projeto for bem-sucedido, “tem o potencial de ser uma das mudanças direcionais mais significativas para a internet convencional em décadas”.

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