Perspectiva Semanal

O ano do Coelho vem aí; e o que os mercados têm a ver com isso?

22 jan 2023, 16:00 - atualizado em 21 jan 2023, 13:35
China Ano Novo Lunar Covid
China deve retomar a maior migração humana do mundo, com o fim da política de Covid Zero movimentando o setor de turismo durante o Ano Novo Lunar (Imagem: China Daily via REUTERS)

A China volta a ficar paralisada a partir deste domingo (22). Mas não é nada que assuste os mercados globais. Desta vez, a interrupção das atividades durante uma semana não é por causa da Covid Zero – que, aliás, já chegou ao fim no início deste mês. 

O gigante emergente celebra a chegada do Ano do Coelho. Mundialmente conhecido como o Ano Novo Chinês, o Festival da Primavera é o mais importante feriado na China. Tradicionalmente, centenas de milhões de pessoas no país viajam de volta às suas cidades natais para grandes reuniões familiares.

Em 2023 esse encontro será ainda mais especial. Afinal, será a primeira vez desde o início da pandemia, em 2020, que a população chinesa (e os estrangeiros residentes no país) vão poder viajar livremente. Assim, espera pela retomada da maior migração humana do mundo.

E os mercados?

Até por isso, os mercados estarão atentos às festividades de ano-novo do outro lado do mundo. Alheia aos riscos de uma nova onda de covid-19, a reabertura econômica com o fim da Covid Zero deve impulsionar o consumo doméstico, principalmente o turismo e serviços como hotéis, restaurantes e cinema.

O ritmo de retomada dessas atividades tende a calibrar as novas perspectivas econômicas para a China em 2023. A previsão de aceleração da demanda chinesa deve beneficiar também os países emergentes, em especial na região do leste asiático. 

Aliás, apesar do nome, o feriado também é popular em outros lugares da Ásia – como Vietnã, Coreia do Sul e Japão – que festejam o Ano Novo Lunar. E é aí que a data, repleta de simbologias, ganha ainda mais atenção dos investidores

Por que é ano do coelho

Diferentemente do calendário gregoriano, o calendário chinês é lunissolar. Ou seja, que se orienta pelo sol e também pela lua. Tido como a quinta grande invenção chinesa – ao lado da impressão, do papel, da pólvora e da bússola – o calendário surgiu ainda durante as primeiras dinastias da China Antiga, há mais de mil anos antes da era comum.

De acordo com o calendário chinês, que tem cerca de 350 dias no ano e 13 meses, 2023 corresponde ao ano 4.721. Além disso, representa também o ano do coelho. Trata-se do quarto animal do zodíaco chinês formado por 12 signos, que é baseado em uma lenda. O Imperador criou uma competição disputada por 12 animais, que foram organizados pela ordem de chegada, sendo que cada um representa um ano.

Ao signo, junta-se um dos cinco elementos básicos do mundo (madeira, fogo, terra, metal e água), que fazem parte da dialética de Yin-Yang. Uma vez que cada ciclo se repete a cada 12 anos, representando uma geração, este ano será o ano do coelho de água. 

As lições do coelho

Assim, entram em cena a partir deste domingo as características deste animal de orelhas vivas e pelo branco como a neve, sob a influência da fluidez da água. Nas lendas chinesas, o coelho é conhecido pela agilidade e astúcia, além de ser gentil e discreto. 

Sun Tzi cita em “A Arte da Guerra” a capacidade de fuga veloz do animal de modo que o inimigo não possa agir. Aos olhos da astrologia oriental chinesa, o coelho também rege um período favorável à diplomacia e à harmonia, evitando disputas e atritos desnecessários. 

Portanto, o cenário mundial deve ser mais calmo e tranquilo, depois da velocidade marcante do ano de tigre de madeira em 2022. Em tempos de guerra na Ucrânia e de reinserção do Brasil na esfera internacional, a chegada do coelho de água pode trazer bons fluídos, beneficiando o julgamento sensato das coisas. 

Aliás, no mercado financeiro, diz-se que o dinheiro corre como água, para onde encontra maior liquidez. Esse ditado combinado às principais características do coelho deixam a lição de que em 2023, o investidor deve estar atento quando em situação de perigo e ser rápido no momento de agir.

Mas aí também cabe um pouco da cultura ocidental, que aponta o coelho como símbolo da fertilidade, associando-o aos ovos – ainda que seja um mamífero. E um dos principais conselhos na hora de montar um portfólio de investimentos é nunca colocar todos os ovos na mesma cesta. 

Ou seja, para que o coelho traga sorte e prosperidade em 2023, o investidor deve estar atento na hora de escapar e construir múltiplos planos de fuga para si mesmo. Afinal, os riscos de recessão nos Estados Unidos e na Europa seguem latentes. Mas vai que a China volte a ser a salvação da lavoura. 

Editora-chefe
Olívia Bulla é editora-chefe do Money Times, jornalista especializada em Economia e Mercado Financeiro, com mais de 15 anos de experiência. Tem passagem pelos principais veículos nacionais de cobertura de notícias em tempo real, como Agência Estado e Valor Econômico. Mestre em Comunicação e doutoranda em Economia Política Mundial, com fluência em inglês, espanhol e conhecimento avançado em mandarim.
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Olívia Bulla é editora-chefe do Money Times, jornalista especializada em Economia e Mercado Financeiro, com mais de 15 anos de experiência. Tem passagem pelos principais veículos nacionais de cobertura de notícias em tempo real, como Agência Estado e Valor Econômico. Mestre em Comunicação e doutoranda em Economia Política Mundial, com fluência em inglês, espanhol e conhecimento avançado em mandarim.
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