China aposta na transição para economia de consumo para manter alto crescimento do PIB

O premiê da China, Li Qiang, disse nesta quarta-feira que está confiante de que a segunda maior economia do mundo pode manter uma taxa de crescimento “relativamente rápida” enquanto faz a transição de um modelo liderado pela manufatura para um modelo impulsionado pelo consumo – uma mudança que, segundo analistas, é essencial para garantir seu futuro.
O discurso principal de Li, feito durante uma reunião do Fórum Econômico Mundial em Tianjin, ocorre no momento em que autoridades chinesas buscam mitigar os danos econômicos causados pela guerra comercial com os Estados Unidos por meio de apoio político – um desafio particularmente difícil para as autoridades, que enfrentam a necessidade urgente de realizar reformas estruturais dolorosas.
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A maioria dos analistas acredita que a economia chinesa de US$ 19 trilhões enfrenta dois caminhos amplos: pode sustentar um crescimento relativamente alto, embora desacelerado, impulsionado por fortes exportações – uma tendência que provavelmente diminuirá à medida que as tensões comerciais com o Ocidente aumentem – ou pode suportar vários anos de crescimento mais lento enquanto implementa reformas com o objetivo de destravar ganhos de longo prazo por meio de seu vasto mercado consumidor.
Mas o segundo mais alto funcionário do governo chinês disse aos participantes que estava otimista de que Pequim conseguiria alcançar ambos.
“Estamos confiantes em nossa capacidade de manter uma taxa de crescimento relativamente rápida para a economia da China“, disse Li.
“A economia da China mostrou uma melhora constante no segundo trimestre”, acrescentou. “Independentemente de como o ambiente internacional evolua, a economia da China tem mantido consistentemente um forte ímpeto de crescimento.”
Pequim estabeleceu uma meta ambiciosa de crescimento de “cerca de 5%” em 2025, embora a maioria dos analistas espere que a China enfrente dificuldades para continuar crescendo nesse ritmo nos próximos anos, caso não consiga um acordo duradouro com os EUA.
A Oxford Economics prevê que o crescimento médio anual do PIB nesta década cairá pela metade em relação à média de 1999-2019, para 4,5%, e desacelerará para 3% na década seguinte.
Aumento do consumo pelas famílias
Economistas dizem que mais medidas de apoio às famílias poderia facilitar a transição para um crescimento liderado pelo consumo, mas essa mudança continua sendo politicamente sensível para o Partido Comunista, que há muito tempo vincula sua legitimidade ao alto crescimento – uma das principais razões pelas quais os formuladores de políticas têm adiado persegui-la seriamente por mais de uma década.
Segundo analistas do Rhodium Group, um centro de estudos dos EUA focado na China, o consumo das famílias tem permanecido em torno de 39% do PIB nas últimas duas décadas – bem abaixo da média dos países da OCDE, de 54%.
Na terça-feira, a China divulgou diretrizes voltadas ao uso de ferramentas financeiras para estimular o consumo, incluindo promessas de apoio ao emprego e aumento da renda das famílias.
O Fundo Monetário Internacional disse no ano passado que são necessárias reformas mais profundas para converter a economia chinesa em uma liderada pelo consumo, incluindo reformas na previdência e a criação de uma rede de proteção social para reduzir a necessidade de economias precaucionais massivas.
“Nosso objetivo é ajudar a China a fazer a transição de uma grande potência manufatureira para um colossal mercado consumidor”, disse Li. “Isso abrirá mercados vastos e inexplorados para empresas de muitos países.”