ImóvelTimes

China: Confira os 5 setores-chave definidos no Congresso do Partido e as implicações à economia brasileira

23 out 2022, 15:00 - atualizado em 21 out 2022, 11:57
China define cinco setores-chave para a atividade; planos do presidente chinês Xi Jinping devem impactar economia brasileira (Imagem: REUTERS/Carlos Garcia Rawlins)

A China encerrou no sábado (22) o principal evento político do país. Além de momentos marcantes envolvendo o presidente chinês Xi Jinping, o foco dos investidores está nas implicações do 20º Congresso do Partido em setores-chave da economia

Afinal, a China é o principal parceiro comercial do Brasil e qualquer mudança no gigante asiático deve ter impacto na atividade doméstica. Levantamento feito pelo Natixis elenca cinco setores que devem ganhar ainda mais importância para a economia chinesa. 

Mas a equipe de pesquisa da Ásia-Pacífico do banco francês avisa: “muitos estão procurando mudanças no 20º Congresso do Partido, mas a realidade é que é mais um empurrão nas tendências existentes e direções políticas”, afirmam a economista-chefe Alicia Garcia Herrero e o economista setorial Gary Ng, em relatório. 

Confira abaixo quais são os setores-chave para a China nos próximos anos:

Inovação liderada pelo Estado

Embora a China tenha subido alguns degraus na escada da tecnologia, ainda há uma grande lacuna entre oferta e demanda. Além disso, o país segue dependente de inovações estrangeiras, como em semicondutores

“Para alcançar a autossuficiência, a China deve intensificar a política industrial com mais apoio fiscal, incluindo subsídios”, observam os economistas do Natixis. 

Segundo eles, essa política irá piorar ainda mais a posição orçamentária da China. Outra diretriz importante é o maior foco na segurança nacional

Isso implica que o papel das empresas privadas pode ser subjugado e a esperança de afrouxar as regulamentações nas plataformas da internet permanece fraca. Com isso, a mão do Estado deve permanecer pesada em alguns setores, como ocorreu com as big techs e de educação.

Desenvolvimento verde

A transição verde também recebeu atenção significativa no Congresso chinês, trazendo oportunidades em energia renovável e veículos elétricos. Além de seu próprio uso, a China se tornou o maior exportador dos chamados EVs e baterias relacionadas.

Ainda que a transição verde possa ser lenta e tenha sido interrompida pela pandemia, a participação do carvão no mix de energia da China continuou a cair com um aumento relativo no uso de fontes alternativas. 

“Nessa linha, buscar um crescimento de alta qualidade significa que a China se concentrará mais na sustentabilidade do que em uma única meta de crescimento”, dizem Alicia e Gary. 

Porém, eles ressaltam que, embora a alta do Produto Interno Bruto (PIB) tenha sido subestimada por enquanto, não se pode concluir que não seja importante. 

Setor imobiliário

Em relação ao setor imobiliário, o Natixis prevê que dificilmente haverá grandes mudanças. “Ou seja, não se deve esperar uma reviravolta nas políticas para habitação”, afirmam os economistas.

Eles lembram da famosa frase do presidente chinês, que diz que “casas são para morar, não para especular”. “Portanto, ainda haverá rígido controle sobre o setor”, emendam.  

Embora as recentes medidas de Pequim tenham aliviado parte da pressão sobre as dívidas das empresas, o preço das casas continua baixo e a maioria das famílias espera que caiam ainda mais. 

“Em outras palavras, o setor imobiliário continuará enfrentando ventos contrários devido à fraca demanda e aos fracos fluxos de caixa”, resumem Alicia e Gary.

Contudo, o Natixis descarta um “efeito dominó maciço”, evitando que os riscos se espalhem para outros setores da economia.

Setor financeiro

Nesse sentido, o canal de crédito é fundamental para administrar a desaceleração econômica e sustentar o crescimento de forma relevante. Atualmente, os bancos representam cinco das dez entidades listadas mais lucrativas na China. 

Isso ocorre devido ao rápido crescimento dos lucros, alimentado pela política monetária adotada pelo Banco Central chinês. O PBoC tem adotado um viés mais expansionista, em contraste com a postura mais agressiva do Federal Reserve.

“Juntando isso ao ambiente econômico desafiador, os bancos serão solicitados a assumir mais responsabilidades para sustentar o crescimento à custa da lucratividade”, afirma a economista do Natixis.

Covid-Zero

Por último, mas não menos importante, não há nenhum sinal claro de saída da política de Covid-Zero. Isso significa que a estratégia chinesa de combate ao coronavírus ainda será um grande risco à economia chinesa, especialmente ao setor de serviços

Como tal, deve haver implicações para a China e o mundo, em diferentes setores, inclusive logística e transporte. Afinal, a China ainda é o maior mercado para muitas atividades através de vendas internas e importações.

E o Brasil?

No caso brasileiro, esses cinco setores-chave têm impacto principalmente nas exportações de commodities, agrícolas e metálicas. O que se pode esperar, então, para Vale e frigoríficos como JBS e Marfrig?

No caso das proteínas, questões de degradação ambiental e segurança alimentar tendem a atrair mais atenção no que se refere ao consumo de carnes. Afinal, a China tende a intensificar a regulamentação chinesa e fomentar a “economia verde”.

Já entre as commodities metálicas, o BCA Research avalia que a força do dólar combinado com o mercado imobiliário chinês em dificuldades continuarão sendo ventos contrários, em especial ao cobre.

No entanto, em um horizonte de longo prazo, a crescente demanda verde associada à transição de energia renovável mudará a direção do vento, favorecendo o consumo do metal vermelho

Da mesma forma, a oferta global de minério de ferro e aço deve crescer mais rápido do que a demanda nos próximos seis meses, derrubando os preços. Porém, a demanda chinesa por ambos os metais continuará a cair por causa do setor imobiliário em ruínas.

Prêmio Os + Admirados da Imprensa!

O Money Times é finalista em duas categorias do Prêmio Os + Admirados da Imprensa de Economia, Negócios e Finanças. O site concorre na categoria Canais Digitais e com o jornalista Renan Dantas na categoria Jornalistas Mais Admirados. Deixe seu voto aqui!

Editora-chefe
Olívia Bulla é editora-chefe do Money Times, jornalista especializada em Economia e Mercado Financeiro, com mais de 15 anos de experiência. Tem passagem pelos principais veículos nacionais de cobertura de notícias em tempo real, como Agência Estado e Valor Econômico. Mestre em Comunicação e doutoranda em Economia Política Mundial, com fluência em inglês, espanhol e conhecimento avançado em mandarim.
Linkedin
Olívia Bulla é editora-chefe do Money Times, jornalista especializada em Economia e Mercado Financeiro, com mais de 15 anos de experiência. Tem passagem pelos principais veículos nacionais de cobertura de notícias em tempo real, como Agência Estado e Valor Econômico. Mestre em Comunicação e doutoranda em Economia Política Mundial, com fluência em inglês, espanhol e conhecimento avançado em mandarim.
Linkedin
Giro da Semana

Receba as principais notícias e recomendações de investimento diretamente no seu e-mail. Tudo 100% gratuito. Inscreva-se no botão abaixo:

*Ao clicar no botão você autoriza o Money Times a utilizar os dados fornecidos para encaminhar conteúdos informativos e publicitários.