Carnes

Está sobrando boi e faltando churrasco, aqui e na China

01 maio 2020, 11:30 - atualizado em 01 maio 2020, 13:40
Boi Carnes
Mercado do boi entra em maio com mais pressão chegando sobre os preços (Imagem: JBS/Imprensa)

Os pastos estão secando já com algumas semanas de estiagem e, se tem até vaca sobrando, é sinal de que a oferta de bovinos aumenta e os frigoríficos não a absorvem. Nem mesmo o boi destinado para a China avança e os preços praticados, desde o início de abril, só estão se mantendo apenas para lotes grandes.

Esse quadro resume o que notou Juca Alves, pecuarista de Barretos, e Caroline Matos, analista da Agrifatto, nesta semana curta, que em condições de mercado mesmo lento, mas sem a crise da pandemia do coronavírus, poderia ter sido pouco mais positivo.

Os churrascos do feriadão foram dispensados.

“As escalas de abate na média de São Paulo já avançaram para oito a nove dias”, diz Caroline. Quando os frigoríficos espaçam mais suas originações é porque soma o conforto da folga nas compras e o desconforto do escoamento devagar.

Boi à vista em São Paulo, tipo comum, entre R$ 190 e R$ 192. Vaca a R$ 185, mas também está difícil de ter oferta de compra, explica Juca Alves.

O que também não é normal. Esta é uma época tradicional de os frigoríficos comprarem mais vacas, descartadas, e aproveitarem ainda mais para pressionar os preços. Mas não é uma época normal que se vive agora.

Para o pecuarista da região Norte de São Paulo, os frigoríficos mais exportadores só querem boi jovem (o China), com preços que se arrastam entre R$ 200 e R$ 205 a arroba, “mas só para lotes grandes e de boa qualidade”. Novilhas também têm alguma janela.

Isso mostra também que as exportações estão retomadas sem exagero.

Outro sintoma de que o mês de maio deverá se mostrar difícil, trazendo um viés mais de baixa do que foi a estabilidade achatada de abril, é de que o confinamento não anima os produtores diante das incertezas. Juca Alves está numa região de grandes, médios e pequenos confinadores, ele mesmo é um deles.

O boi confinado é mais caro e não se sabe se vai ser pago na venda, ainda que seja necessário mantê-lo no cocho sem pasto para dar suporte.

Quem não fizer isso, vai ter que vender. E vender na pressão é preço de liquidação.

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Repórter no Agro Times
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
giovanni.lorenzon@moneytimes.com.br
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
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