Coluna do Daniel Abrahão

Ciclos econômicos: Como seus investimentos podem deslanchar muito agora

04 set 2023, 10:53 - atualizado em 04 set 2023, 10:53
Ibovespa
Entenda como ganhar dinheiro com os ciclos econômicos e qual é o momento atual. (Imagem: Reuters/Amanda Perobelli)

Nossas vidas são feitas de ciclos, a natureza segue, os ciclos começam e terminam, uma nova vida surge, a morte chega, relacionamentos permanecem e se findam, são “n” situações pautas em ciclos; e assim é também com o mercado financeiro.

Há uma complexidade por trás dos ciclos econômicos, muitas vezes não nos atentamos a eles, mas, seu impacto molda o destino de nossos investimentos de maneiras profundas e inevitáveis.

Enquanto as manchetes de jornais descrevem os números em constante mutação e as redes sociais ecoam os gritos dos otimistas e dos céticos, é fundamental olhar para a raiz do que impulsiona essas flutuações – os ciclos econômicos.

Esses padrões recorrentes de expansão e contração aconteceram no passado, estão acontecendo no presente e irão acontecer no futuro, independente da escala.

O que são ciclos econômicos?

Os ciclos econômicos são padrões recorrentes de expansão e contração da atividade econômica de um país ao longo do tempo. São caracterizados por fases distintas que refletem variações na produção, emprego, investimento, consumo e outros indicadores econômicos.

Compreender esses ciclos é fundamental para os economistas, investidores e tomadores de decisão políticos, pois eles desempenham um papel central na moldagem das condições econômicas e financeiras.

Economia em expansão, também conhecida como fase de crescimento, é marcada pelo aumento da produção econômica, emprego e consumo. Durante esse período, à medida que as empresas e famílias prosperam, os lucros aumentam. Os mercados de ações tendem a ter bom desempenho, pois as perspectivas de crescimento são otimistas.

Em determinado momento dessa expansão econômica atinge o seu limite sendo o pico ou ápice, nesta fase, a economia atinge seu nível mais alto de atividade. O emprego pode estar próximo do pleno emprego, e os recursos estão sendo utilizados quase em sua capacidade máxima. No entanto, essa fase pode ser seguida por pressões inflacionárias à medida que a procura se aproxima dos limites de oferta.

O ciclo contínuo segue com a contração econômica, também conhecida como recessão, é um período de declínio na atividade econômica. O emprego cai, a produção diminui e os investimentos diminuem. É característico de uma queda na demanda agregada. Os mercados de ações podem enfrentar volatilidade e declínio devido à incerteza econômica.

Chegando no final do ciclo de recessão econômica vem o fundo, nesta fase, a economia atinge seu nível mais baixo de atividade. O desemprego pode estar no seu ponto mais alto, e os recursos produtivos estão subutilizados. No entanto, essa fase também pode marcar um ponto de inflexão, ou recuperação em potencial.

É possível entender os ciclos e aplicar aos investimentos?

A resposta está principalmente no horizonte longo de investimento, e na capacidade de identificar as projeções de expansão e contração econômica.

Durante uma fase de expansão econômica, a atividade econômica está em ascensão. Os principais indicadores, como o Produto Interno Bruto (PIB), o emprego e o consumo, estão em crescimento.

Um aumento constante e saudável do PIB é um indicador primário de uma economia em expansão. Durante a expansão, as taxas de juros tendem a ser relativamente baixas para estimular o investimento e o consumo.

Uma taxa de desemprego em declínio e aumento nos impedem de uma economia em crescimento. Altos níveis de confiança indicam que tanto os consumidores quanto as empresas estão otimistas em relação ao futuro.

A contração, também conhecida como recessão, tem caracterização por uma fase de queda acentuada na atividade econômica, identificar uma contração econômica é crucial para proteger o portfólio.

O PIB diminuiu por dois trimestres consecutivos ou mais. Taxas de desemprego crescentes refletem a contração do mercado de trabalho. As empresas e os consumidores tendem a gastar menos, reduzindo o consumo e os investimentos, em meio à incerteza econômica.

Estratégias de diversificação

Em tempos de crise econômica, quando os mercados financeiros estão voláteis e as incertezas elevadas, a diversificação inteligente terá uma estratégia essencial para proteger seus investimentos e mitigar perdas.

A diversificação consiste em distribuir seus recursos em diferentes tipos de ativos, setores e regiões, diminuindo assim a exposição a um único ponto de risco.

Investir em uma variedade de classes de ativos, como ações, títulos, commodities e imóveis, ajuda a reduzir o impacto negativo de um mau desempenho em uma classe específica. Em tempos de crise, embora as ações tenham que enfrentar a queda, os títulos tendem a ter mais resultados, funcionando como um “amortecedor”.

Dentro das classes de ativos, diversificar entre diferentes setores e indústrias também é crucial. Setores que têm  afetados pela crise podem ajudar a equilibrar perdas em setores mais voláteis. Por exemplo, enquanto o setor de tecnologia pode ser sensível a crises, o setor de serviços essenciais pode ser resiliente.

Renda fixa na carteira

Incluir ativos considerados defensivos, como ouro, títulos de governo de baixo risco e empresas de utilidade pública, ou títulos pré-fixados de longo prazo, pode ajudar a proteger seu portfólio quando a volatilidade aumentar. Esses ativos tendem a ter desempenho relativamente melhor em momentos de incerteza.

Considere estratégias de hedge, com derivativos (como opções de venda), que possam fornecer proteção contra quedas acentuadas em seu portfólio. Essas estratégias envolvem um custo, mas assim como um seguro, podem ajudar a limitar as perdas em um ambiente de crise.

Manter uma reserva de liquidez ou oportunidade em tempos de estabilidade pode permitir que você aproveite oportunidades de compra quando os preços dos ativos estiverem baixos durante uma crise.
Em resumo, a diversificação inteligente é uma estratégia poderosa para enfrentar crises econômicas.

Embora não possa eliminar completamente o risco, pode reduzir significativamente as perdas potenciais em seu portfólio. Lembre-se de que as necessidades de diversificação podem variar com base em sua tolerância ao risco, objetivos financeiros e horizonte de investimento.

Consultar um profissional financeiro pode ajudar a criar uma estratégia de diversificação adaptada às suas situações individuais.

Ajuste de estratégias

A cada ciclo, há uma oportunidade e um desafio. Enquanto o desafio reside na volatilidade intrínseca, reside a oportunidade na capacidade de se antecipar e adaptar-se.

Ao estudarmos a interseção entre ciclos econômicos e de investimentos, abrimos a porta para uma visão profunda do movimento subjacente dos mercados financeiros.

Identificar os avanços dos ciclos econômicos requer análise cuidadosa de indicadores econômicos, dados e tendências. Os investidores que conseguem discernir entre expansão e contração têm uma vantagem competitiva para ajustar suas estratégias de investimento de acordo com as mudanças econômicas.

No entanto, é importante lembrar que uma previsão econômica nunca é uma certeza absoluta, e uma abordagem diversificada e flexível permanece fundamental em todos os avanços do ciclo econômico.

Assessor de investimentos e sócio sênior da IHUB Investimentos. Possui mais de 15 anos de experiência no mercado financeiro; atuou nos maiores bancos privados do país. Atualmente, é assessor e sócio sênior na IHUB Investimentos, sendo responsável por uma carteira superior a R$ 140 milhões. Sempre traduzindo conhecimento técnico e "difícil" do mercado para facilitar a vida do investidor.
Assessor de investimentos e sócio sênior da IHUB Investimentos. Possui mais de 15 anos de experiência no mercado financeiro; atuou nos maiores bancos privados do país. Atualmente, é assessor e sócio sênior na IHUB Investimentos, sendo responsável por uma carteira superior a R$ 140 milhões. Sempre traduzindo conhecimento técnico e "difícil" do mercado para facilitar a vida do investidor.
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