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Cinco fatores que estão levando os norte-americanos a largar seus empregos, segundo estudo

23 mar 2022, 16:40 - atualizado em 23 mar 2022, 16:40
Nos EUA, muitas pessoas estão deixando seus empregos em busca de uma melhor qualidade de vida
Nos EUA, muitas pessoas estão deixando seus empregos em busca de uma melhor qualidade de vida (Imagem: Fuu J/Unsplash)

“The great resignation”, ou, algo como “a grande renúncia” em português, é um fenômeno que vem ganhando relevância nos Estados Unidos.

Ele consiste em uma onda de pessoas largando seus empregos voluntariamente, sem ter algo em vista — não para empreender ou buscar outra carreira, mas sim para renunciar de vez ao trabalho.

“A grande renúncia”: Brasileiros acompanham onda de demissões voluntárias dos EUA

Segundo a Harvard Business Review, são cinco os fatores que levaram a essa mudança.

Em “The Great Resignation Didn’t Start with Pandemic”, os professores, Joseph Fuller e William Kerr, da Havard Business School, afirmam que a Covid-19 estimulou o processo da “grande renúncia” em 2021, quando um número recorde de pessoas abandonaram voluntariamente seus empregos.

Contudo, eles ressalvam que esses números não são apenas uma turbulência de curto prazo provocada pela pandemia. Ao contrário, é a continuação de uma tendência de aumento das taxas de abandono que começou há mais de uma década.

Os autores identificaram cinco principais fatores que influenciam esse movimento. Segundo a publicação, esses cinco elementos vieram para ficar. Veja quais são eles:

1. Aposentadoria

A “grande renúncia” pode ser considerada como a “grande aposentadoria”, como apresenta o artigo.

Em 2021, os trabalhadores mais velhos deixaram seus empregos em um ritmo acelerado quando comparado com períodos anteriores.

De maneira geral, o estudo apresenta duas motivações principais que levaram as pessoas a se aposentar.

O primeiro é o desejo de passar mais tempo com seus entes queridos e de se concentrar em prioridades além do trabalho.

O segundo motivo destacado é a confiança gerada graças ao aumento dos mercados de ações e aos valores dinâmicos de propriedades residenciais.

Além disso, o risco de ser infectado pela Covid-19 e os maiores riscos para desenvolver formas graves da doença são pontos que também motivaram as aposentadorias nos EUA.

2. Realocação

A realocação, apesar de listada pelo estudo, não desempenhou um papel tão expressivo para a “grande renúncia”. A  taxa de movimentação geral em 2021 foi a mais baixa já registrado em mais de 70 anos.

As taxas de realocação têm diminuído constantemente desde a década de 1980 e a Covid-19 não reverteu essa tendência. A mudança no país de residência continua sendo a forma mais frequente de realocação nos EUA.

3. Reconsideração

O artigo aponta que os números elevados de mortes e casos de doenças graves, provocadas pela pandemia, fizeram com que as pessoas reconsiderassem o papel do trabalho em suas vidas.

Essa mudança de perspectiva provavelmente motivou alguns trabalhadores a se demitirem, como evidencia o artigo, especialmente aqueles que estavam se esgotando em empregos exigentes que interferiam em sua capacidade de cuidar de suas famílias.

Mulheres foram afetados mais do que os homens e os mais jovens sentiram maior impacto do que os mais velhos, como diz a publicação da Harvard.

Além disso, questões ligadas à qualidade de vida, como o burnout (ou, Síndrome do Esgotamento Profissional), ocorreram notavelmente entre os trabalhadores da linha de frente, pais e cuidadores e líderes organizacionais.

A pesquisa “Women in the Workplace”, de 2021, descobriu que uma em cada três mulheres estava pensando em deixar a força de trabalho, mudar de emprego ou cortar horas de trabalho.

Muitas vezes, essa é uma escolha forçada, pois muitas mulheres não têm outra opção senão sair para cumprir as obrigações de cuidar, como afirma o estudo.

Outro setor que teve as suas demandas aumentadas durante a pandemia foi o das indústrias de colarinho branco, como consultoria e finanças, em que os profissionais de nível júnior também experimentaram níveis notáveis de esgotamento.

McDonald's
Tentando conter as demissões voluntárias, o McDonald’s aumentou a remuneração de seus funcionários (Imagem: Visual Karsa/Unsplash)

4. Remodelação

Nos EUA, os serviços de acomodação, alimentação, lazer e hospitalidade tiveram as maiores taxas de abandono. Em contrapartida, o comércio varejista e a manufatura não durável tiveram o maior crescimento em suas taxas.

Esses picos na movimentação de trabalhadores não se limitaram as indústrias com uma grande porcentagem de trabalhadores com baixos salários.

Os serviços profissionais e empresariais também registraram uma alta taxa de desistência e um crescimento considerável nesse dado.

Porém, nem todos esses profissionais estão deixando o mercado de trabalho. Há evidências de que muitos estão se “remodelando”, isto é, movendo-se entre diferentes empregos no mesmo setor, ou mesmo entre diferentes áreas.

Tendo isso em mente, as empresas estão agindo. Uma análise feita pela Brookings Institution revelou que os empregadores em indústrias com as maiores taxas de desistência responderam aumentando os salários, em um esforço para reconstruir suas equipes.

O McDonalds (MCDC34), por exemplo, em 2021, aumentou os salários por hora dos funcionários atuais em uma média de 10% e elevou as remunerações iniciais de $11 para $17 por hora.

A empresa também melhorou seus pacotes de benefícios incluindo creches de emergência, folgas remuneradas e reembolso de mensalidades.

Como resultado, a rede de fast food expandiu com sucesso seu número de funcionários em 2021, terminando o ano com níveis de pessoal mais altos do que no início.

5. Relutância

O medo de contrair a Covid-19 no local de trabalho deixou muitos trabalhadores relutantes em retornar ao escritório nos EUA, como aponta o artigo.

Uma pesquisa divulgada em agosto de 2021 pela Harvard Business Review indica que muitos trabalhadores estavam preparados para sair de seus empregos caso o seu empregador não oferecesse uma opção híbrida.

Na pesquisa com mais de 10 mil norte-americanos, realizada de junho a setembro de 2021, 36% dos trabalhadores disseram que, se não fosse dada uma opção híbrida ou remota, eles procurariam uma outra alternativa e 6% relataram estar dispostos a desistir de seus trabalhos, mesmo sem uma nova posição na mão.

Estagiária
Formada em Gestão de Negócios e Inovação pela Fatec Sebrae e, atualmente, estudante de Jornalismo da Faculdade Cásper Líbero. Tem como propósito atuar visando os princípios éticos do jornalismo com comprometimento com a informação de qualidade e o combate à desinformação.
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Formada em Gestão de Negócios e Inovação pela Fatec Sebrae e, atualmente, estudante de Jornalismo da Faculdade Cásper Líbero. Tem como propósito atuar visando os princípios éticos do jornalismo com comprometimento com a informação de qualidade e o combate à desinformação.
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