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Círculo dourado das finanças: um caminho para uma vida financeira com propósito

27 out 2022, 9:37 - atualizado em 27 out 2022, 9:41
Organização financeira requer, acima de tudo, motivação, mas mesmo assim não é fácil fazer uma revolução nas finanças. Comece pelo porquê (Imagem: Unsplash/Emil Kalibradov)

*Por Priscilla Mendonça

Começar uma organização financeira para quem já está no jogo da vida requer, antes de qualquer coisa, uma motivação: ano novo chegando, o aniversário, nascimento de um filho, término de um relacionamento, transição de carreira, realizar um sonho. Verdade seja dita: não é fácil parar tudo e fazer uma revolução em suas finanças enquanto a vida está acontecendo.

Esse processo requer, muitas vezes, uma mudança na rotina e a desconstrução de hábitos e crenças de toda uma vida, mas nem todo mundo está preparado para tamanha reviravolta. Tendemos à inércia, e todo processo de mudança é, no mínimo, desconfortável.

Assim como ilustra o ciclo da vida financeira (imagem abaixo) é preciso iniciar pelo mapeamento dos nossos objetivos. Além disso, é preciso ter um olhar amplo das etapas da nossa vida e o que cada uma demanda financeiramente, afinal o dinheiro é sobre a vida.

O gráfico mostra como nossa vida financeira deveria ser conduzida ao longo dos anos, com uma visão holística:

O ciclo da vida financeira divide a nossa história financeira em três etapas: (1)  construir e acumular patrimônio quando jovem, (2) manutenção e reforço dos investimentos de baixo risco a partir dos 50 anos e, por fim, (3) na aposentadoria, que é a fase que teoricamente usufruímos tudo o que foi conquistado.

Este é o caminho recomendado, mas a realidade acaba sendo bem diferente.

O que acontece é que muitos de nós não tivemos acesso a este tipo de conhecimento na infância e na adolescência, e começar a vida adulta sem noções básicas de educação financeira nos leva a ter uma vida financeira muito pautada no viés do presente: a vida vai acontecendo e a gente vai resolvendo, e quem sabe, aprendendo.

Com isso, fica a pergunta: se o nosso campo de visão está limitado ao presente, por que este indivíduo teria prazer em poupar para o futuro?

O que fazer para que o eu do futuro tenha a possibilidade de usufruir de um mínimo de conforto e ganhar dessa realidade imediatista que vivemos?

A resposta para dar sentido à necessidade de uma vida equilibrada e com visão de longo prazo está no início do gráfico: mapear o que você genuinamente acredita e espera realizar na sua vida. Ou melhor: o seu porquê.

Comece pelo porquê

O autor e palestrante Simon Sinek do livro Comece pelo porquê (Start with why) traz a teoria do círculo dourado (The golden circle) como uma ferramenta de resgate da essência de um negócio ou organização. O conceito traz inspiração e motivação através do porquê de existir.

Segundo o autor, começar pelo porquê traz naturalmente um alinhamento dos processos  e a clareza do que a empresa oferece ao seu público. Simon ainda complementa que a maioria das empresas sabem o que elas fazem e o que vendem (O quê), e que destas, poucas sabem como o fazem (Como).

Além disso, apenas uma pequena minoria sabe verdadeiramente sua razão de existir (porquê). Mas é aí que tudo se inicia.

Para o autor, se as organizações buscam longevidade elas precisam se conectar à sua razão de ser.

A versão do Golden Circle nas finanças

Adaptar a teoria do círculo dourado para nossas finanças pode ser um caminho interessante para trazer sentido ao acompanhamento financeiro, uma vez que lidar com números e com a emoção que esses números trazem dentro da nossa rotina é cansativo – e por muitas vezes até chato.

O eterno trade-off que fazemos por conta dos recursos limitados drena muito de nossa energia pelas constantes escolhas que precisamos fazer quando estamos num processo de organização da nossa vida financeira.

Saber sobre métodos de organização das contas e quais os melhores tipos de investimento só trarão resultado se existir a motivação de colocá-los em prática e dar continuidade. Assim, precisamos encontrar um sentido e não apenas fazer porque muitos estão fazendo ou porque o consultor financeiro aconselhou.

No início pode até funcionar, mas logo no primeiro sinal de cansaço as nossas decisões não encontrarão uma âncora que evite um possível desvio da rota financeira. É preciso lembrar que não existe autocontrole infinito.

O círculo dourado das finanças traz justamente o porquê de continuar, a razão de acompanhar as contas mesmo nos dias mais cansativos.

Podemos usar o exemplo de uma pessoa que sonha realizar um intercâmbio. pois acredita no valor que a experiência internacional pode trazer para a sua vida pessoal e profissional. Esse sonho será a sua força motriz para aprender sobre finanças e trazer para a sua vida um acompanhamento contínuo das contas que antes ela não via sentido.

Ou seja, por trás de um acompanhamento contínuo sempre estará um sonho maior ou um desejo forte de mudança.

Um convite para uma relação protagonista com o dinheiro

Se você deseja iniciar de fato uma mudança na sua relação com o dinheiro, a recomendação é que você encontre seu porquê primeiramente.

Rabisque seus sonhos e pondere seus valores nessa visualização, é importante saber para onde você quer ir e qual o ponto de chegada.

A partir de então quem passa a dar o tom da sua vida financeira é você.

*Priscilla Mendonça é Educadora Financeira e diretora de Fomento Econômico e Social na Prefeitura Municipal de João Pessoa

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Formada em Administração de Empresas pela UFPB, pós-graduada em Gerenciamento de Projetos pela FGV e especialista em Economia Comportamental, Priscilla trilhou grande parte de sua carreira em bancos. Mais de 12 anos no mercado financeiro lhe renderam muitas histórias financeiras em sua bagagem. Mas foi na vida pessoal que aconteceu seu maior aprendizado, o de se remodelar financeiramente para conquistar seus sonhos. Um verdadeiro laboratório de nova conscientização financeira aliada à paixão por projetos, que permitiu a conquista de dois intercâmbios e um MBA na FGV, com um filho. Trabalhou à frente do Programa de microcrédito social de João Pessoa por dois anos e hoje atua como educadora financeira com especialização em Economia Comportamental e coordenadora adjunta do projeto Procon vai às escolas do município de João Pessoa.
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Formada em Administração de Empresas pela UFPB, pós-graduada em Gerenciamento de Projetos pela FGV e especialista em Economia Comportamental, Priscilla trilhou grande parte de sua carreira em bancos. Mais de 12 anos no mercado financeiro lhe renderam muitas histórias financeiras em sua bagagem. Mas foi na vida pessoal que aconteceu seu maior aprendizado, o de se remodelar financeiramente para conquistar seus sonhos. Um verdadeiro laboratório de nova conscientização financeira aliada à paixão por projetos, que permitiu a conquista de dois intercâmbios e um MBA na FGV, com um filho. Trabalhou à frente do Programa de microcrédito social de João Pessoa por dois anos e hoje atua como educadora financeira com especialização em Economia Comportamental e coordenadora adjunta do projeto Procon vai às escolas do município de João Pessoa.
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