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Com arcabouço fiscal, Selic vai cair? As ações para ter no cenário de queda de juros, segundo BBA

30 mar 2023, 14:18 - atualizado em 30 mar 2023, 14:18
Selic
Metas do arcabouço fiscal parecem “bastante otimistas”, afirma economista (Imagem: Reuters/Bruno Domingos)

O dia tão esperado pelo mercado finalmente chegou. O novo arcabouço fiscal, aguardado com expectativa pelos investidores ao longo das últimas semanas, foi apresentado nesta quinta-feira (30).

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, juntamente com a ministra do Planejamento, Simone Tebet, tornaram pública a proposta da regra fiscal que substituirá o teto de gastos.

O arcabouço prevê que os gastos do governo terão limite de 70% de crescimento em relação ao crescimento da receita primária dos últimos 12 meses. Em caso de resultado primário abaixo da banda, fica determinada a redução do crescimento de despesas para 50% do crescimento da receita no exercício seguinte.

Questionado sobre a possibilidade de um aumento de carga tributária, Haddad esclareceu que a criação de novas tributações ou aumento de alíquotas não está no horizonte do governo.

A primeira leitura do mercado é positiva. O Ibovespa, que iniciou o dia em alta, segue em movimento positivo firme, dando a entender que a apresentação da equipe econômica do governo agradou.

O economista André Perfeito destaca que, pelos comentários do ministro da Fazenda, fica “evidente que se buscará aumentar a arrecadação buscando quem não paga impostos ou que está sonegando”.

De acordo com o especialista, a busca por “justiça tributária” é inteligente, uma vez que o ajuste se dará não aumentando as alíquotas ou criando novos impostos, mas trazendo para o Fisco setores que estavam favorecidos ou completamente fora.

No entanto, reonerar ou começar a tributar setores é uma briga política “com P maiúsculo”, ressalta Perfeito.

“Isto não é pouca coisa”, afirma. “A distorção tributária no país é gigantesca e a base tributária é um verdadeiro amontoado de ‘puxadinhos’ que buscou ao longo do ano dar escapes às tensões econômicas e políticas.”

Queda da Selic no horizonte?

A expectativa pelo arcabouço era grande pelo lado do Banco Central (BC) também, que acabou mantendo a Selic, taxa básica de juros do Brasil, em 13,75% na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).

Em comunicado divulgado na época, a autoridade monetária citou a incerteza sobre o arcabouço fiscal e “seus impactos sobre as expectativas para a trajetória da dívida pública”.

Na ata da última reunião do Copom, o BC sinalizou que, caso o novo arcabouço fiscal viesse bom, haveria espaço para cortar a Selic nos próximos meses.

Gabriel Meira, economista da Valor Investimentos, avalia que as metas apresentadas nesta quinta são “bastante otimistas” e com “muita coisa atrelada à diminuição dos juros por parte do BC”. Na avaliação de Meira, ainda deve haver certo entrave entre o governo e o BC.

Por outro lado, nesta quinta, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, declarou em coletiva sobre o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) que o arcabouço fiscal parece bastante razoável, embora falte analisar os detalhes da proposta.

Ações para um cenário de queda dos juros

Em relatório publicado na manhã destaca quinta, o BBA ressalta que o cenário para os juros no Brasil segue incerto por conta dos desdobramentos da nova regra fiscal, da evolução das expectativas sobre a inflação do país e da dinâmica das taxas nos Estados Unidos.

No entanto, o BBA fez um levantamento com as ações que apresentaram as melhores performances quando as taxas de juros estavam em trajetória de queda, de 2016 até o início da pandemia.

A corretora conduziu duas análises diferentes: uma com as 20 melhores performances de empresas do Ibovespa de janeiro de 2016 a janeiro de 2020 (quando os juros de títulos de 10 anos começaram a cair até o início da pandemia) e outra com as 20 melhores performances de empresas do Ibovespa de novembro de 2016 a janeiro de 2020 (quando a Selic começou a cair até o início da pandemia).

Na primeira análise, as ações que mais se destacaram positivamente foram Magazine Luiza (MGLU3), PRIO (PRIO3) e Gol (GOLL4). Usiminas (USIM5), Via (VIIA3) e Eletrobras (ELET3) também compõem a lista.

Na segunda análise, Magazine Luiza e PRIO seguem no topo, enquanto Natura (NTCO3) e as construtoras Eztec (EZTC3) e Cyrela (CYRE3) entram no ranking.

Ainda, o BBA acabou liberando suas recomendações para uma eventual queda dos juros nos próximos meses. São elas: Eztec (“barata demais para ignorar”), Localiza (RENT3), Lojas Renner (LREN3), B3 (B3SA3) e Totvs (TOTS3).

Editora-assistente
Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
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Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
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