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Com MME e Petrobras, Guedes tem 120 dias para provar que não rasgou cartilha liberal

24 maio 2022, 15:03 - atualizado em 24 maio 2022, 15:03
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Troca de comando da Petrobras, depois de dois meses, acende temor de intervenção (Imagem: Shutterstock/Montagem Julia Shikota)

É tentador o pensamento que toma conta do mercado segundo o qual Paulo Guedes pode ter sucumbido à pressão do presidente Jair Bolsonaro para segurar os preços dos combustíveis da Petrobras (PETR4). Se nos próximos 120 dias não houver algum reajuste, ou que haja bem abaixo dos níveis de preços do petróleo, fará sentido o temor de que o ministro da Economia rasgou sua cartilha liberal e topou entrar na cena eleitoral do presidente.

Afinal, ninguém espera que o petróleo vá cair de preços, com a Ucrânia ainda sob fogo, e o lockdown na China tendendo a ceder mais cedo ou mais tarde.

Por ora, a blindagem do ministro no Ministério de Minas e Energia (MME) e na Petrobras, ao emplacar dois ex-auxiliares diretos – Adolfo Sachsida e Caio de Andrade, este indicado para a presidência da estatal precisa da aprovação do Conselho, mas o governo tem maioria -, ainda não dá para ser julgada.

Mas, para além da insegurança jurídica a “respeito do marco regulatório”, Sérgio Araújo, presidente da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), é um dos que preferem deixar a barba de molho sobre o que virá pela frente.

Se não, vejamos. Mesmo que a implicância presidencial já fosse grande com a equipe defenestrada do ex-ministro Bento Albuquerque, não haveria nenhum sentido prático na troca avançada agora, com a saída de José Mauro Ferreira Coelho da estatal – já esperada, de resto -, não fosse para atender as críticas de Bolsonaro.

Para manter a ‘bola em jogo’ junto aos seus eleitores, só falando em privatização quando se sabe que não há nenhuma chance de que aconteça em ano eleitoral, e a petroleira continuar majorando a gasolina e o diesel, o risco político começaria a ficar desfavorável, diz um executivo de um grande player do mercado, sob sigilo de seu nome.

De todo modo, a limpeza no setor de combustíveis do governo vem num momento favorável.

Sérgio Araújo lembra que a defasagem do diesel e da gasolina está baixa, 1% e 2%, respectivamente, porque a queda do dólar ajudou muito, mas não é tendência a se manter. O petróleo segue em torno dos US$ 110 o barril e, como lembra o CEO da Abicom, não está havendo importação de diesel pelas empresas que atendem o mercado “branco”.

A Petrobras não tem capacidade de refino, está importando para suprir, enquanto as três grandes distribuidoras, Raízen (RAIZ4), Vibra (VBBR3) e Ipiranga, importam para seu nicho de rede.

“Esperamos que o governo mantenha o mercado livre e que se tiver que fazer política pública com os preços, que não a faça intervindo o mandato da Petrobras”, fiz Araújo.

Repórter no Agro Times
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
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