Justiça

Com recuperação judicial, “fundos abutres” sondam debêntures da Rodovias Tietê

21 nov 2019, 11:51 - atualizado em 21 nov 2019, 11:54
A grande parte da dívida da companhia está nas mãos de mais de 15 mil pessoas físicas (Imagem: Wikiamedia Commons)

Por Investing.com

O pedido de recuperação judicial da Rodovias Tietê está atraindo a atenção dos fundos de investimentos focados em ativos em situação financeira delicada, conhecido no mercado como “abutres”.

Isso porque grande parte da dívida da companhia está nas mãos de mais de 15 mil pessoas físicas, que buscaram rentabilidade nas debêntures da concessionária por terem rentabilidade maior que produtos tradicionais da renda fixa e isenção de imposto de renda. As informações são da edição desta quinta-feira da Coluna do Broadcast, do jornal O Estado de S.Paulo.

A publicação destaca que o montante devido pela Rodovias do Tietê está na casa de R$ 1,5 bilhão, sendo que, até o momento, nenhuma oferta formal foi realizada para compra total dessa dívida. No entanto, o jornal informa que nos bastidores os fundos já sondam o crédito.

Uma sinalização dessa intenção, aponta o jornal, é que alguns desses fundos já comparam os papéis no mercado secundário, para aumentar a exposição ao ativo. A intenção dos “abutres”, explica o texto, é conseguir retorno financeiro depois da aprovação de um plano de reestruturação das dívidas, o que melhora o preço do papel.

No começo da semana, essas debêntures foram marcadas com valor zero pela XP Investimentos, por onde boa parte dos papéis foram negociados. De acordo com a reportagem, é um procedimento padrão pelo fato da concessionária entrar em recuperação judicial.

Na visão de Felipe Silveira, analista da Capital Research, “o cenário de juros baixos no Brasil leva muitos investidores a procurarem novas alternativas, o que é extremamente salutar.

Porém, risco é muitas vezes associado apenas à volatilidade, o que é um grande erro. Dessa forma, no desespero de ganhar do CDI, o investidor desavisado pode cair em algumas armadilhas. Isso fica mais claro quando olhamos alguns títulos de crédito privado. E e o caso recente das debêntures da Rodovias do Tietê ilustra bem isso”.

O analista destaca que o retorno desses títulos é relativamente estável no decorrer do tempo. Dessa forma, há a percepção de baixo risco. Mas debêntures não têm garantia do FGC, por exemplo.

No caso da Rodovias do Tietê, as garantias colocadas pela companhia são de difícil execução e não ajudam muito na solução do problema.

“Com a concessionária em séria dificuldade financeira, sem conseguir honrar os termos da debênture, os investidores ficaram entre a cruz e a espada.

O investidor, também chamado de debenturista, pode tentar vender esse título no mercado secundário, mas apenas se aceitar um desconto gigante em relação ao capital investido. Dessa forma, eles aceitam um plano de reestruturação, que pode ou não dar certo, ou tentam forçar a companhia a antecipar o pagamento”, explica Silveira.

No caso da Rodovias do Tietê, aponta o analista, não houve acordo e a companhia entrou com pedido de recuperação judicial na última semana. A questão será resolvida apenas na Justiça. Ele destaca que, por isso, é muito importante investir em títulos de renda fixa com os mesmo cuidado que se têm ao comprar ações ou outros ativos percebidos como de maior risco.

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