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Como a desistência de compra de shopping afeta Multiplan (MULT3)?

03 jan 2023, 18:18 - atualizado em 04 jan 2023, 0:33
Atlético Mineiro
Atlético Mineiro é dono de 49,9% do shopping DiamondMall e anunciou a venda para a Multiplan em agosto do ano passado (Foto: Flávya Pereira/Money Times)

Ontem à noite (2), a Multiplan (MULT3) informou ao mercado que não concluiu a compra de 49,9% do shopping DiamondMall, em Belo Horizonte, que pertence ao Atlético Mineiro. Em dia negativo para o índice Ibovespa, que recuou 2% nesta terça-feira (3), a notícia teve pouco impacto nas ações da companhia, que caíram 3,1%.

Afinal, a desistência do negócio anunciado em agosto de 2022 pela companhia e avaliado em R$ 340 milhões, afeta de que forma a companhia?

Como a administradora de shoppings é impactada?

Para os analistas do Santander, Antônio Castrucci, Fanny Oreng e Matheus Meloni, dado que o negócio não foi concluído, a Multiplan mantém a participação de 50,1% no ativo e continuará pagando 7,5% da receita operacional líquida gerado pelo shopping ao Galo.

“Destacamos que o potencial risco de cauda da rescisão do contrato de arrendamento do terreno, em 2030, está de volta, o que pode levar a uma perda de 49,9% na receita do ativo”, diz a equipe do banco.

O DiamondMall foi construído em terreno arrendado do Atlético pelo período de 30 anos – a princípio até novembro de 2026. Desde a sua inauguração, em 1996, o empreendimento é administrado pela Multiplan.

O analistas do Bradesco BBI, Bruno Mendonça e Pedro Lobato, destacam que o empreendimento gera uma das cinco maiores vendas por metro quadrado do portfólio da Multiplan e que, com isso, o impacto deverá ser limitado.

“A administradora de shoppings manterá suas atuais operações de leasing e o acordo de compartilhamento de receita com os demais acionistas do ativo, o Atlético, até 2030”, comentam.

Bradesco BBI vê operação como estratégia

No comunicado divulgado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a Multiplan não justificou o motivo pela falta de conclusão do negócio e, procurada pelo Money Times, a assessoria de imprensa disse que a companhia já havia dado todas as informações no documento.

“Ainda não temos detalhes sobre os motivos do cancelamento do negócio, mas vimos como aderentes à estratégia da Multiplan para aumentar sua participação em ativos de alta qualidade”, avalia a equipe do Bradesco.

Já o analista de real estate da XP, Ygor Altero, pondera que a operação não foi concluída por “não atender de forma satisfatória às cláusulas e condições satisfatórias”.

A equipe do BBI acrescenta que a administradora de shoppings deverá manter os 50,1% de controle e a gestão do ativo, mas terá toda a receita a partir de 2030. Com isso, economizará os R$ 340 milhões que teria desembolsado em 2023. “Apesar de deixar de receber os aportes extras”, dizem.

O Bradesco BBI observa que o Atlético Mineiro não tem nenhuma outra exposição ou interesse estratégico no setor de shoppings. Portanto, os analistas acreditam que ainda há espaço para uma nova rodada de negociações antes do fim do acordo existente. “Embora o tempo permaneça incerto”, ponderam.

Entenda a venda do shopping

Em maio de 2022, o conselho deliberativo do Atlético aprovou a venda desses 49,9%, na qual pretendia levantar no mínimo R$ 320 milhões. O objetivo em se desfazer do patrimônio é desafogar suas dívidas onerosas – geradoras de encargos financeiros como empréstimos e financiamentos -, que estão em cifras bem mais altas do que o montante ofertado pela Multiplan.

A companhia teve direito de exercer a preferência para adquirir a fatia que pertence ao Galo por já deter a maior participação no shopping desde 2017, quando o time mineiro vendeu 50,1% do empreendimento por R$ 296,8 milhões, com correção monetária, em operação concluída em janeiro de 2020.

Repórter
Jornalista mineira com experiência em TV, rádio, agência de notícias e sites na cobertura de mercado financeiro, empresas, agronegócio e entretenimento. Antes do Money Times, passou pelo Valor Econômico, Agência CMA, Canal Rural, RIT TV e outros.
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