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Como a Shein quer passar de vilã a mocinha no governo Lula em 6 passos

21 abr 2023, 11:32 - atualizado em 21 abr 2023, 11:42
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Sotaque brasileiro: Shein promete nacionalizar produção e gerar milhares de empregos, sem aumentar os preços (Imagem: Divulgação)

A Shein largou na frente das rivais Shopee e Aliexpress na tentativa de reabilitar sua imagem diante do governo Lula. Após o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ameaçar acabar com a isenção de compras de produtos importados por pessoas físicas no valor de até US$ 50, a Shein anunciou uma série de medidas para atender às queixas de Brasília e dos varejistas brasileiros.

Como se sabe, a insatisfação das empresas locais com a concorrência desleal dos sites asiáticos é antiga e une empresários de espectros políticos opostos, como o bolsonarista Luciano Hang, dono da Havan, e Luiza Trajano, do Magazine Luiza (MGLU3), sempre cortejada, em vão, por governos de esquerda para compor ministérios.

As varejistas nacionais acusam os sites chineses de burlar a lei, despachando suas encomendas em nome de pessoas físicas para evitar a cobrança de impostos. Nestes primeiros meses de seu terceiro mandato, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva engrossou o coro de críticas e incentivou Haddad a buscar meios de coibir os abusos.

Agora, a Shein se movimenta para evitar que suas operações no Brasil sejam afetadas por eventuais medidas como o fim da isenção, que está, pelo menos por enquanto, fora da pauta do governo, após Lula ceder à pressão da primeira-dama Rosângela Lula da Silva, a Janja, e determinar que Haddad abandone a ideia.

Veja, a seguir, tudo o que a Shein quer fazer para passar de vilã a mocinha do governo Lula.

1.Investimentos de R$ 750 milhões no Brasil: em reunião com Haddad, a varejista chinesa prometeu grandes investimentos nos próximos anos para aumentar a competitividade da indústria têxtil brasileira.

2. Nacionalização de 85% de sua operação: os investimentos serão usados para substituir as importações por produtos feitos no Brasil, a partira da parceria com fabricantes locais. A Shein baseia seu modelo de produção em uma estratégia de estoque zero – a partir da encomenda de uma peça no site, a empresa aciona confecções que a produzem. Na China, o sistema envolve 3 mil parceiros.

3. Parceria com Coteminas e Santaense: controladas pela Spring Globals (SGPS3), as tecelagens mineiras assinaram memorandos de entendimentos com a varejista chinesa para auxiliar na criação de uma rede de fornecedores locais. As tecelagens, que pertencem à família de José Alencar, vice de Lula nos dois primeiros mandatos, incentivarão as 2 mil confecções com que trabalham a integrar a rede da Shein.

4. Criação de 100 mil empregos no Brasil: a varejista também assumiu o compromisso com Haddad de criar 100 mil empregos locais nos próximos quatro anos. Com uma taxa de desemprego de 8,6% no trimestre encerrado em fevereiro, o que equivale a 9,2 milhões de trabalhadores, a promessa da Shein é música para os ouvidos do governo.

5. Abertura de um escritório local: para coordenar a nova estratégia, a varejista instalou, há alguns dias, seu primeiro escritório no Brasil. O local fica na avenida Faria Lima, famosa por concentrar os principais agentes do mercado financeiro.

6. Manutenção dos preços baixos: nacionalizar a produção poderia indicar que a Shein elevará os preços para os consumidores brasileiros, mas a empresa promete mantê-los baixos. Segundo Marcelo Claure, presidente do conselho da varejista para a América Latina, o envio de matéria-prima barata, aliado a ganhos com logística e treinamento dos fornecedores locais, fará com que os custos e preços finais fiquem como estão.

Com informações de O Globo, G1, Folha de S.Paulo e R7.

 

Diretor de Redação do Money Times
Ingressou no Money Times em 2019, tendo atuado como repórter e editor. Formado em Jornalismo pela ECA/USP em 2000, é mestre em Ciência Política pela FLCH/USP e possui MBA em Derivativos e Informações Econômicas pela FIA/BM&F Bovespa. Iniciou na grande imprensa em 2000, como repórter no InvestNews da Gazeta Mercantil. Desde então, escreveu sobre economia, política, negócios e finanças para a Agência Estado, Exame.com, IstoÉ Dinheiro e O Financista, entre outros.
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