Petróleo

Como medo da ‘Super Quarta’ faz o petróleo derreter 12% na semana

03 maio 2023, 13:53 - atualizado em 03 maio 2023, 15:10
Petróleo
Petróleo opera em forte queda. Quem é o culpado? (Imagem: REUTERS/Sergei Karpukhin)

Depois de perderem fôlego no mês passado, os mercados de petróleo iniciaram maio mergulhados em aversão. Desde segunda-feira, os contratos futuros do Brent e WTI perderam mais de 12%.

Somente hoje, as perdas para as duas referências da commodity superam 4%. Ontem, ao cair 5%, os índices tiveram o pior resultado desde janeiro desse ano. 

Face a perdas consecutivas, o preço do Brent, utilizado pela Petrobras para fazer a sua política de preços, volta a cair ao menor nível desde dezembro de 2021.

Por trás das vendas, está a preocupação dos investidores com a saúde da economia dos Estados Unidos. Primeiro, devido à continuidade do estresse bancário começado em março e que tem na falência do First Republic Bank um novo fôlego.

A possibilidade de que novos bancos sigam o mesmo caminho dá força à tese de que a principal economia do mundo está no caminho de uma crise de crédito, que atingirá a capacidade produtiva das empresas.

Porém, com a inflação ainda desancorada, é pouco provável que o Federal Reserve recue do aperto no dia de hoje, o que responde ao segundo fator de estresse para os mercados da commodity.

“Espera-se que o Federal Reserve realize outro aumento de 0,25 ponto ainda hoje, como parte de sua longa batalha contra a inflação”, disse Stephen Brennock, analista da PVM Oil, à Reuters.

Além do Fed, outros bancos centrais de países desenvolvidos devem continuar a empreitada dos juros contra a inflação. Amanhã, é projetado que o Banco Central Europeu (BCE) faça um novo aumento da taxa na zona do euro

Cortes de petróleo foram anulados por temor de recessão

Temores com os rumos das principais economias ocidentais já foram suficientes para anular o ganho que os mercados obtiveram com a Opep+ no início de abril.

Em um anúncio-surpresa, o cartel de produtores e exportadores de petróleo liderado pela Arábia Saudita impôs um novo corte de produção de 1,6 milhão de barris por dia (bpd).

A decisão da Opep+ ocorreu na esteira do anúncio da própria Rússia, aliada do cartel, que também decidiu diminuir em 500 mil bdps a sua produção nacional — o que contrariou a tese dos países ocidentais de que o governo Putin estaria ‘isolado’ na iniciativa.

Para tentar contrapor a escassez de petróleo no mercado, o governo Biden tem liberado estoque da Reserva Estratégica de Petróleo (SPR, na sigla em inglês) como um colchão para amortecer o aumento do preço de combustíveis nos Estados Unidos. 

Mas a estratégia da Casa Branca tem recebido críticas domésticas, uma vez que o estoque da SPR escora mínimas históricas, o que torna a política energética dos EUA mais suscetível às variações de preço de compra no mercado internacional.

Nesta semana, o estoque registrou a quinta semana de queda, perdendo 2 milhões. Neste momento, é avaliado que a Reserva Estratégica de Petróleo possua 364,9 milhões de barris.

Estagiário
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.