Mercados

Como Powell azedou clima dos mercados, mesmo com fim de aperto monetário no radar

03 maio 2023, 17:45 - atualizado em 03 maio 2023, 17:54
Jerome Powell
Mensagem de Powell (Imagem: flickr/ Federal Reserve)

A reação positiva inicial dos mercados ao comunicado do Fed não resistiu à coletiva de Jerome Powell.

Apesar de ter indicado que a política monetária se aproxima de uma zona suficientemente restritiva, o presidente do BC norte-americano não deu a Wall Street o que ela mais gostaria de ouvir: a possibilidade de corte de juros.

Pelo contrário. Powell avalia que o processo de desinflação nos Estados Unidos ocorrerá de maneira lenta, de maneira que os juros deverão permanecer mais altos por mais tempo para que a meta de 2% de inflação volte a ser cumprida.

Essa mensagem foi suficiente para azedar o clima de festa que se armava em Nova York, dada a proximidade do fim do aperto. Ao fim do pregão de hoje, Dow Jones Industrial Average (DJIA), S&P 500 (SPX) e Nasdaq Composite (US100) perderam, respectivamente, 0,70%, 0,60% e 0,46%.

No mercado de Treasuries, a mensagem de Powell sobre a pausa dos juros prolongou a queda dos rendimentos dos principais títulos da dívida americana.

As T-notes de 10 anos fecham o dia com rendimento de 3,361%, com uma queda de 0,07 pp. com relação à véspera; as T-bills de 2 anos renderam 3,873%, uma queda de 0,107 pp. com relação à negociação anterior.

Destaque inicial da fala de Powell, os bancos regionais americanos reverteram os ganhos apresentados no início da sessão e terminaram o dia no negativo. Western Alliance Group (WAC) e PacWest Corp (PACW) perderam, respectivamente, 4,40% e 1,98%.

O cenário de juros altos por mais tempo pode indicar constrições maiores para os bancos regionais, em termos de desvalorização do portfólio de ativos frente a passivos financeiros. Apesar dos sinais de estresse renovados no setor, demonstrados pela falência do First Republic Bank, Powell diz que os bancos nos EUA são “seguros e resilientes”.

Mesmo diante de pausa, mensagem de Powell é ‘hawkish’

Na opinião de economistas, analistas e estrategistas consultados pelo Money Times, a mensagem do presidente do Federal Reserve continua dura. Mesmo que esta décima pausa possa ser potencialmente a última do ciclo atual.

De acordo com Alex Lima, estrategista-chefe da Guide Investimentos, “a linguagem sugere que uma pausa é possível, mas não é um acordo fechado. Na minha visão [o comportamento do Fed] parece mais hawk, pois a frase diz que apertos marginais dependerão das perspectivas”.

“Apesar da sinalização da possibilidade de final de ciclo, o Fed seguiu alegando preocupação com inflação e com o mercado de trabalho”, pontua Luca Mercadante, economista da Rio Bravo.

Já para Leandro Petroskas, diretor de research da Quantzed, “a decisão veio em tom duro, hawkish. Quando [os dirigentes] dizem que estão prontos a ajustar a política, caso surjam riscos que ameacem alcance da meta é uma fala bem forte. Podemos esperar alta de mais 0,25% em uma próxima reunião e depois estabilidade”.

Os dirigentes do Fed que compõem o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) voltam a se encontrar em junho. Até o momento, mais de 90% das apostas no Fed Funds apontam que a taxa-base de juros dos Estados Unidos deverá permanecer inalterada na faixa 5,00-5,25%.

Estagiário
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
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