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Lula na visão de Stuhlberger, do Fundo Verde: como seria o terceiro mandato?

23 fev 2022, 12:30 - atualizado em 23 fev 2022, 12:38
Lula
Luis Stuhlberger comentou que vê a “inflação e juros indo para um lugar, mas bolsa e o câmbio indo para outro lugar”.  (Imagem: REUTERS/Amanda Perobelli)

O gestor Luis Stuhlberger, do lendário fundo Verde, disse ver em uma eventual eleição do ex-presidente Lula uma “mudança de paradigma” em relação ao que tem sido feito em política econômica desde 2016.

“Dado que o país no cresce, o mercado está olhando [um novo governo Lula] como um governo que vai gastar”, disse o gestor em evento do BTG Pactual promovido nesta quarta-feira (23).

Stuhlberger já havia dito no início deste mês que considera o ex-presidente favorito para a eleição. Lula é o atual líder das pesquisas de intenção de voto.

Para o gestor, Lula teria como a favor o fato de que o Brasil não cresceu com as reformas a partir do governo Temer. “O crescimento não veio, por vários motivos”, afirmou, destacando que o país poderia investir 1% do PIB a mais do que o patamar atual.

Stuhlberger comentou que o governo Lula assumiu em 2003 com dívida bruta menos reservas de 60% do PIB e entregou com 40% do PIB. “Não será legado que não foi [um governo] responsável”, disse.

O gestor, contudo, lembrou que o governo Lula subiu as despesas federais em 6% ao ano mais inflação, em uma continuidade do governo FHC.

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Aumento de despesas

Ainda durante o evento, Stuhlberger comentou que a inflação de hoje não é mais compatível com um cenário em que o Brasil sobe despesas. “Talvez a gente tenha que mudar a meta de inflação”, disse.

Para o gestor, o mercado está dizendo que “a gente vai ter que conviver com o Brasil não necessariamente naufragando, mas com inflação e juros mais altos”.

Ele sublinhou que mover a inflação de 10% para 6% seria “fácil”, mas trazer de 6% para 3% é algo difícil. “Acho que a gente vai ter que lidar com isso”, disse, em um momento em que o Banco Central sobe a taxa básica de juros para conter a escalada de preços.

A avaliação de Stuhlberger segue a mesma linha da do ex-diretor do BC, professor da FGV e sócio da gestora Sarpen Quant Investments, Sérgio Werlang. “Boa parte da dificuldade em atingir a meta de 2023 é que ela caiu muito”, disse o especialista ao Money Times em janeiro.

O gestor do Verde ainda comentou que vê a “inflação e juros indo para um lugar, mas bolsa e o câmbio indo para outro lugar” com uma eventual mudança de governo.

“O mercado e os estrangeiros não têm uma opinião negativa do Lula”, disse. “Os empresários vão ficar felizes porque medidas fiscais levam dinheiro para a mão do consumidor”.

O fundo Verde, que tem retorno acumulado de mais de 18.300% desde sua criação em 1997, caiu 1,1% em 2021, após sofrer com apostas em ações brasileiras – foi a segunda baixa anual de sua história.

Editor
Jornalista formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), com MBA em finanças pela Estácio. Colaborou com Gazeta do Povo, Estadão, entre outros.
kaype.abreu@moneytimes.com.br
Jornalista formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), com MBA em finanças pela Estácio. Colaborou com Gazeta do Povo, Estadão, entre outros.