Construção civil surpreende no 3T25, mas há fôlego para mais?
As construtoras e incorporadoras listadas em bolsa apresentaram “resultados sólidos” no terceiro trimestre de 2025 (3T25), tanto no segmento de baixa quanto no de média e alta renda, segundo avaliação do BTG Pactual.
Em relatório, o banco afirma que a temporada de balanços do setor foi marcada por expansão da receita líquida, avanço das margens e aumento do lucro por ação (LPA), impulsionados pela forte procura por novas moradias.
O movimento, de acordo com a instituição, reflete os efeitos das mudanças recentes no Minha Casa, Minha Vida (MCMV) e o ambiente de emprego aquecido no país, fatores que sustentam o apetite do consumidor mesmo em um cenário de juros elevados.
MCMV: o motor da construção
Os números do 3T25 revelaram que o ritmo continua forte entre as companhias focadas no público de baixa renda, como Direcional (DIRR3) e Cury (CURY3).
Na visão do BTG, as alterações no MCMV anunciadas em abril, incluindo a criação da Faixa 4, que é voltada a famílias com renda mensal de até R$ 12 mil, reforçaram a demanda reprimida e estimularam novos lançamentos.
A combinação desse volume maior com preços mais altos e ritmo firme de vendas resultou em um crescimento médio anual de 48% do LPA das construtoras do setor, com ROE (retorno sobre o patrimônio líquido) médio de 37%.
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Média e alta renda surpreendem
No grupo de companhias focadas em imóveis de médio e alto padrão, como Eztec (EZTC3) e Moura Dubeux (MDNE3), a expectativa dominante era de um arrefecimento das vendas diante do custo elevado do crédito, mas isso não se confirmou.
O BTG observa que a demanda também segue firme, sustentada pela atividade econômica robusta e pelo baixo desemprego.
Como resultado, o 3T25 trouxe indicadores positivos, com aumento anual médio de 4% na receita consolidada e de 54% no LPA.
O fôlego continua?
O banco avalia ainda que as tendências permanecem claras: a procura por moradias populares segue forte, sem sinais de mudança no curto prazo.
Além disso, as construtoras de média e alta renda estão “desafiando o cenário macroeconômico”, já que os lançamentos e vendas estão fortes, apesar da piora na acessibilidade.
A casa afirma que as perspectivas são positivas para a construção civil, com preferência pelo segmento de baixa renda — considerado mais defensivo e negociado a múltiplos atrativos, com preço sobre lucro (P/L) entre 5 e 10 vezes.