Opinião

Coronavírus e sangue nas bolsas: o que fazer?

01 mar 2020, 14:10 - atualizado em 29 fev 2020, 8:32
Coronavírus
As pessoas mais propensas as mortes são as mais idosas. Mas os mais jovens, não chegam a 0,5%(Imagem: Unsplash/@cdc)

Nos últimos dias, todos fomos bombardeados com notícias em relação ao coronavírus. Novos casos na Itália que até ontem contavam com 400 infectados e 12 mortes, Coreia do Sul já ultrapassou a China em infecções diárias e já somam 1766 até ontem também. Fora isso, Taiwan, Japão, Brasil, Estados Unidos e outros países já confirmaram alguns casos.

O que fazer?

(i): Tente evitar a mídia o máximo possível. É bom ficar informado, mas a mídia em geral gosta de aterrorizar as pessoas e o principal objetivo dela é conseguir que você clique em alguma notícia, por isso, muitas manchetes são apelativas e não refletem o que seria a informação de verdade. Bolsa realmente varia!! (Não só para cima, mas para baixo.)

(ii): Estamos todos no mesmo barco. Não adianta se desesperar agora, quem não estava com alguma proteção, estará sofrendo como a maioria dos investidores. Faz parte! Se tiver caixa, fique tranquilo mais ainda, são momentos como este que muitas oportunidades surgem.

(iii): Entendam que iremos crescer menos por conta da desaceleração forçada que o vírus causa. Teremos revisão de PIB, empresas irão crescer menos por conta de algumas paralisações, lucros irão vir menores em alguns setores por conta da queda da demanda.

E VOILÀ! Este é o principal motivo para as bolsas estarem caindo, não porque o vírus é um grande matador de pessoas (e não é!), mas porque iremos crescer menos e ter menos lucros nas companhias.

Admirem o quão “letal” é o vírus faixa etária:

 

As pessoas mais propensas as mortes são as mais idosas. Mas os mais jovens, não chegam a 0,5%. E somos um mundo com uma população bastante jovem, com 41% da população global entre 25-54 anos (2018). Logo, não pensamos que é o fim do mundo como a mídia costuma reportar.

É o fim do mundo? Não, o importante é manter a calma e ser paciente. Historicamente, passamos por várias outras epidemias e a bolsa sempre se recuperou.

Todas as gripes ou tipo de doenças que já apareceram, chacoalharam as economias no médio prazo, mas no longo prazo (que é o nosso foco como investidor) sempre se recupera. Olhem esse gráfico abaixo do Índice Global MSCI (um índice de ações que pega 23 países desenvolvidos):

Notem que desde 1980 (na primeira “epidemia”), o índice segue em tendência de alta. No curto/médio prazo, a volatilidade é maior por conta do que é noticiado e de como isso afeta a economia no geral, mas no longo prazo, alguma cura ou método paliativo é encontrado e a vida segue normalmente. Após 6 meses, na maioria das epidemias, o índice já fica positivo novamente.

Minha visão: Acreditamos que o impacto será visto ao longo do primeiro semestre de 2020, mas não esperamos que isso se alastre para o resto do segundo semestre do ano.

Pode até acontecer, mas as autoridades americanas já divulgaram que dentre 1 mês e meio já terão vacinas sendo testadas em humanos (ou seja, lá para Abril).

Isso quer dizer que as autoridades de saúde e governos estão interessados em achar uma cura e novamente, no longo prazo todas as outras epidemias em que vivemos não afetaram os investimentos.

Outro ponto é que estamos em ano de eleição, a última coisa que o Trump iria querer é uma desaceleração e piora dos indicadores econômicos dos EUA.

Sendo assim, pensamos que o mesmo irá se movimentar e colaborar para continuar impulsionando a economia, seja via FED (Banco Central Americano) flexibilizando ainda mais as políticas monetárias ou via algum pacote de estimulo.

Por fim, saímos de um momento de extrema ganancia, no qual o S&P renovava máximas diariamente e nossa bolsa parecia não saber o limite do céu. Todos nós adoramos quando bolsa sobe, mas quanto mais ela sobe, maior é a nossa dificuldade de encontrar barganhas. Quedas como essas, abrem boas oportunidades pelo fato do mercado ser irracional.

A imagem abaixo mostra que as pessoas estão extremamente receosas e por isso que temos que lutar contra o nosso instinto de correr e partir para luta (que no caso é comprar companhias boas):

É a parte mais difícil como seres humanos, tentar ser racional em meio à multidão que está gritando para vender e que o mundo está acabando. Mas seguimos otimistas, costumo brincar que todo ano pelo menos 2 vezes o mundo acaba na bolsa por algum motivo e esses são os melhores momentos para aproveitar barganhas.

Por Breno Bonani, do Bugg.

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