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Cortes da Opep+ arriscam levar petróleo de volta a US$ 100

08 nov 2022, 9:27 - atualizado em 08 nov 2022, 9:27
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“Acho que a Opep+ está muito contente com a estabilização do Brent nos US$ 90”, disse Helge Andre Martinsen, analista sênior do DNB Bank (Imagem: REUTERS/Leonhard Foeger)

A trajetória do petróleo rumo a US$ 100 o barril expõe alguns dos riscos dos polêmicos cortes da produção da Opep+.

Por cerca de um mês, a decisão do grupo pareceu cumprir seu objetivo declarado de estabilizar os mercados de petróleo: os preços se estabilizaram em um cenário de deterioração da demanda por combustíveis.

Agora, no ponto entre a reunião de 5 de outubro da Opep+ e o próximo encontro do grupo em dezembro, os preços se aproximam de três dígitos novamente, pois o pico sazonal da demanda ameaça coincidir com mais sanções sobre os suprimentos russos.

“Acho que a Opep+ está muito contente com a estabilização do Brent nos US$ 90”, disse Helge Andre Martinsen, analista sênior do DNB Bank, em Oslo. Mas “há um risco real de aperto excessivo nos próximos três a cinco meses”.

A valorização dos preços, que coincide com as eleições de meio de mandato nos EUA, ameaça inflamar ainda mais as relações entre Joe Biden e a Arábia Saudita, o líder de fato do cartel. O presidente americano fez duras críticas ao reino devido às restrições de oferta, tendo acusado o antigo aliado americano de ser cúmplice da Rússia, membro da Opep+, em sua guerra contra a Ucrânia.

Fraqueza econômica

Nas semanas que se seguiram à decisão da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados de reduzir a produção em 2 milhões de barris por dia, o impacto político foi intenso. Mas as tendências iniciais dos preços e da demanda por petróleo de certa forma justificaram a estratégia, liderada pelo ministro da Energia da Arábia Saudita, o príncipe Abdulaziz bin Salman.

A demanda por petróleo provou ser “significativamente menor” do que as expectativas, de acordo com a Vitol Group, maior trading independente da commodity do mundo. O Citigroup vê o uso de combustível em queda com o enfraquecimento da economia.

Os diferenciais de preços nos principais mercados asiáticos se deterioraram à medida que a China reconfirmou sua dura política antiCovid. E o Fundo Monetário Internacional alertou que “o pior ainda está por vir” para a economia global.

Em vez da possível escassez prevista há alguns meses, os mercados globais agora registram superávit neste trimestre, de acordo com o secretário-geral da Opep, Haitham al Ghais.

Os cortes na oferta da Opep+, que começaram neste mês, ancoraram o petróleo perto de US$ 95 o barril, nível alto o suficiente para impulsionar as receitas dos 23 membros da coalizão, mas não o aumento excessivo que muitos políticos haviam previsto. Os diferenciais de preço entre os contratos futuros mensais do Brent, que são vistos como indicador de oferta e demanda, permaneceram estáveis.

Flerte com US$ 100

Nos últimos dias, no entanto, os preços do petróleo ganharam força.

Sinais preliminares de reabertura na China elevaram as cotações na sexta-feira, e o avanço continuou na segunda.

Os estoques de petróleo estão significativamente abaixo dos níveis médios, e os mercados globais devem encolher ainda mais nos próximos meses com as planejadas sanções da União Europeia às exportações de petróleo da Rússia. A proibição pode reduzir a produção do país em quase 20% até o início do próximo ano, segundo a Agência Internacional de Energia.

“O Brent está flertando com US$ 100 novamente”, disse Christof Ruhl, analista sênior do Centro de Política Energética Global da Universidade Columbia. “É exatamente onde ninguém nos países consumidores – bancos centrais que combatem a inflação, ministérios das Finanças que buscam evitar uma recessão e pessoas que se posicionam do lado da Ucrânia contra a Rússia – queria vê-lo”.

A AIE alertou que restringir a produção de petróleo neste momento pode levar os custos do combustível a níveis que, em última análise, desencadearão uma recessão global.

A aliança Opep+ tem reunião marcada para 4 de dezembro, um dia antes do embargo da UE ao petróleo russo entrar em vigor. A tensão entre as duas forças compensatórias de demanda franca e redução da oferta pode dominar o processo.

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