Ano da virada para Cosan (CSAN3)? Por que o BTG vê espaço para alta de 93% em 2026
A Cosan (CSAN3) passou por muitas tribulações em 2025, mas agora parece pronta para alçar voos maiores em 2026.
Em relatório, o BTG elevou o preço-alvo da companhia para R$ 10,50, o que implica potencial de valorização de 93% em relação ao último fechamento, reiterando recomendação de compra.
Na bolsa, a ação reagia positivamente, com alta de 3,29%, a R$ 5,34.
Tudo e mais um pouco
Um dos motivos para otimismo é o portfólio variado da holding.
Os analistas destacam que a empresa oferece exposição a setores que vão do açúcar e etanol, por meio da Raízen (RAIZ4), à logística e fluxos agrícolas via Rumo (RAIL3) e Radar, além de lubrificantes automotivos com a Moove e distribuição de gás pela Compass.
‘Embora essa complexidade traga múltiplas variáveis, ela também abre um amplo leque de oportunidades de criação de valor sob a nova governança e estrutura de capital da empresa’, afirmam.
Porém, o principal ponto de atenção segue sendo a Raízen, diante das preocupações do mercado com o elevado nível de endividamento. A incerteza foi tamanha que os papéis chegaram a ser negociados abaixo de R$ 1.
‘Provavelmente será necessário um aumento de capital para sanar esse déficit’, dizem os analistas. Notícias dão conta de que a companhia busca uma injeção de cerca de R$ 10 bilhões.
Apesar disso, o BTG avalia que, superado esse obstáculo, a empresa pode entrar em uma fase estruturalmente diferente, já que uma operação mais enxuta — após as recentes vendas de ativos — tende a impulsionar uma recuperação relevante da rentabilidade.
Galinha dos ovos de ouro
Se a Raízen tem sido uma dor de cabeça, o mesmo não pode ser dito da Compass.
Para os analistas, a empresa — possivelmente o investimento mais bem-sucedido da Cosan — evoluiu para uma plataforma integrada de gás natural, com múltiplos vetores de crescimento.
‘Ela combina expansão da produção de gás natural com a crescente relevância do combustível na matriz energética brasileira e um negócio de serviços em rápida expansão por meio da Edge’.
Já a Radar, empresa de gestão de propriedades agrícolas focada no agronegócio, aparece como uma das candidatas mais óbvias à monetização, dado seu baixo retorno em relação ao custo da dívida, segundo o BTG.
A Cosan também se beneficia do papel estratégico da Rumo nas exportações de grãos do Brasil.
De acordo com os analistas, há um caminho claro para a realização de valor via venda de uma participação majoritária, além de espaço para destravar valor com uma abordagem mais disciplinada de retorno sobre o capital investido.
Por fim, apesar do incêndio no início do ano, a Moove segue bem-posicionada para crescimento e representa uma oportunidade atrativa de monetização, embora isso deva ocorrer apenas após a normalização completa das operações.
Novo ciclo da Cosan
Após anos de investimentos pesados, os analistas avaliam que a Cosan está pronta para iniciar um novo ciclo de geração de caixa, abrindo espaço para uma renovada criação de valor.
‘Apesar da pressão recente sobre o balanço patrimonial, o grupo ainda controla um dos portfólios mais distintos do Brasil, com participações em empresas líderes e difíceis de replicar’.
Além disso, a injeção de capital — com aporte de R$ 10 bilhões de fundos do BTG Pactual e da Perfin — ajudou a restaurar o equilíbrio da estrutura de capital.
‘A Cosan agora não só possui valor patrimonial, mas, mais importante, uma narrativa renovada de valorização: deixa de ser vista como uma empresa focada apenas em desalavancagem para ser reconhecida como uma geradora de valor no longo prazo’.
Nos cálculos do BTG, as ações da CSAN3 negociam com desconto de 34%. Para os analistas, qualquer avanço que reduza a percepção da holding como mera intermediária entre acionistas e os fluxos de caixa das subsidiárias pode destravar um potencial significativo de criação de valor.