Cosan (CSAN3): Nem a venda de fatia da Rumo evita queda de 5%
As ações da Cosan (CSAN3) recuavam 5,59% por volta de 16h57 desta terça-feira (16). A queda dos papéis da holding ocorre mesmo após a alienação ontem, na véspera, de ações ordinárias da Rumo (RAIL3) equivalentes a aproximadamente 4,98% do capital social total da companhia.
Além da venda das ações, a Cosan celebrou instrumentos financeiros derivativos do tipo total return swap, que garantem exposição econômica equivalente aos papéis alienados. De acordo com a controladora, a operação faz parte de sua estratégia de gestão de liquidez e caixa.
A Cosan destacou que a transação não altera seus direitos políticos e econômicos em relação à Rumo. A empresa também afirmou que não celebrou contratos ou acordos que regulem o exercício do direito de voto ou a compra e venda de valores mobiliários da Rumo, além dos instrumentos relacionados à própria operação. No mesmo horário, as ações da Rumo tombavam 6,63%.
Após a transação, a Cosan informou deter diretamente 470.029.490 ações da Rumo, o que corresponde a 25,29% do capital social total da companhia ferroviária.
Para Hugo Queiroz, head de gestão da L4 Capital, parte da queda se dá pelo fato de a venda não alterar o problema estrutural que a Cosan passa.
“A operação de venda de 4,9% é basicamente uma movimentação pontual de caixa. Ela sinaliza alguma entrada de recursos e eventualmente dá fôlego para levantar oportunidades no curto prazo, mas não muda o quadro estrutural da companhia”, diz.
Vale lembrar que a holding segue bastante alavancada e no 3T25 registrou um prejuízo líquido de R$ 1,1 bilhão, revertendo o número positivo de R$ 293 milhões do mesmo período do ano passado.
Segundo a companhia, o recuo do resultado se deu, em grande parte, pela menor contribuição da equivalência patrimonial no balanço. A holding apresentou, no período, uma equivalência patrimonial negativa de R$ 482 milhões.
Além disso, o mal desempenho das ações de hoje também é explicado por especialistas pela movimentação macroeconômica do dia. O dia é marcado por forte alta dos juros, devido a cenário eleitoral e a uma ata do Copom mais dura.
“Eu acredito que grande parte da queda está atrelada ao aumento de aversão a risco na Bolsa brasileira. Em um cenário desse, empresas em reestruturação sofrem mais”, explica João Abdouni, analista da Levante.