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De olho no boi: Carne mais barata? Abates confirmam inversão nos preços

09 jun 2023, 12:00 - atualizado em 12 jun 2023, 8:00
boi
De acordo com analista da Scot Consultoria, a China segue comprando carne com um desconto de quase 1/4 do animal (Imagem: REUTERS/Paulo Whitaker)

Como você viu no “De olho no boi” da semana passada, o mercado do animal convive com um cenário de oferta elevada desde o começo de 2023.

Além disso, o ritmo das exportações do Brasil para China começa a ganhar maior intensidade quase três meses após o fim do embargo para carne bovina brasileira, entre fevereiro e março.

Para entender o retrato atual de preços, oferta, demanda e custos, o Agro Times conversou com Felipe Fabbri, analista de mercado e da cadeia de produção animal na Scot Consultoria.

Oferta e demanda

O destaque da semana fica por conta dos abates de bovinos registrados no primeiro trimestre de 2023. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no intervalo, foram totalizados 7,34 milhões de cabeças, um avanço de 4,8% sobre o mesmo período do ano passado.

Quando analisamos apenas o abate de fêmeas, observamos um avanço expressivo de 17,9%. Segundo a Scot Consultoria, essa é a maior variação para o período desde 2005, há 18 anos.

No intervalo, o abate de fêmeas cresceu 17,9% em relação aos três primeiros meses de 2022. Já o abate de machos retraiu 3,8% na mesma comparação. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“Os dados de abate refletem o cenário que já havíamos comentado, de um aumento no descarte e fase de baixa no ciclo pecuário de preços. Os abates aumentaram de forma significativa tanto no comparativo anual (1º tri 23 x 1º tri 22), como no comparativo trimestral (1º tri 23 x 4º tri 22). A expectativa fica para que esse quadro de sobreoferta sejam refletidos nos dados do segundo trimestre, casando com a forte queda de preços que observamos”, explica Fabbri.

Preços do boi e da carne

Mas o que isso significa para o consumidor? Já estamos vendo preços mais fracos da carne no atacado?

Segundo Fabbri, o cenário já se traduz em menores preços na comparação mensal, como podemos observar na tabela abaixo.

Preços de carne bovina no atacado – Scot Consultoria 06/06/2023 06/05/2023 Variação
Traseiro avulso R$ 16,25 R$ 18,95 -14,2%
Dinheiro avulso R$ 11,75 R$ 13,60 -13,6%
Boi casado R$ 15,52 R$ 17,58 -11,7%
Eq. Carcaça boi R$ 278,06 R$ 303,82 -8,5%
Eq. Desossa boi R$ 303,86 R$ 307,68 -1,2%
Boi casado inteiro R$ 13,53 R$ 15,42 -12,2%

O analista ressalta ainda que em maio, a margem do equivalente desossa boi (venda da carne desossada no atacado + couro + sebo + miúdos) atingiu o melhor patamar desde 2021, quando a arroba sofreu com a ausência da China nas exportações.

“Esse é um momento interessante à indústria, considerando a comercialização de carne apenas no mercado interno. Se dividirmos essa referência pelo valor da arroba, temos uma ideia de margem das indústrias, lembrando que margem não é reflexo de lucro, porque não estamos considerando os custos operacionais da atividade”, comenta.

Exportações

Segundo o analista da Scot Consultoria, apesar do melhor ritmo de embarques no mês de maio, o setor convive com preços baixos de exportação, com destaque para a China.

“As exportações em maio de 2023 tiveram o melhor desempenho da história para o mês, comparado a seus pares, com 168,3 mil toneladas de carne bovina in natura enviadas ao mercado externo, com um embarque diário 10,6% maior que o mesmo mês do ano passado, que até então fora recorde. O preço da tonelada exportada, porém, reportou queda de 21% no comparativo anual – ou seja, pressão às margens das indústrias exportadoras, com menor apetite para ágio ao boi China”, comenta Fabbri.

Repórter
Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil, que cobre o ciclo da oleaginosa do plantio à colheita, e do Agro em Campo, programa exibido durante a Copa do Mundo do Catar e que buscava mostrar as conexões entre o futebol e o agronegócio.
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Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil, que cobre o ciclo da oleaginosa do plantio à colheita, e do Agro em Campo, programa exibido durante a Copa do Mundo do Catar e que buscava mostrar as conexões entre o futebol e o agronegócio.
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