Investimentos

Disney x Netflix: como a guerra do streaming impacta nos seus investimentos?

24 abr 2019, 15:28 - atualizado em 24 abr 2019, 15:29

Netflix

Por Papo de Grana

O lançamento da plataforma de streaming da Disney impulsionou as ações da companhia e fez as da Netflix despencarem. Logo depois, a pioneira do serviço de vídeo sob demanda se recuperou, mas deixou a dúvida: a empresa do Mickey pode mesmo desbancar a Netflix na liderança do mercado de streaming? E como isso impacta seus investimentos?

A reação do mercado

O lançamento da plataforma, no dia 12 abril, impactou o valor de mercado das duas empresas, com alta de 11,54% das ações da The Walt Disney Company e queda de 4,49% das ações da Netflix.

Mas o recuo no preço da pioneira do streaming não durou muito. No dia 22 de abril, as ações da Netflix já eram negociadas acima da cotação no dia do lançamento da concorrente.

Desempenho das ações da Netflix em 2019:

Netflix-2019

Netflix: além do streaming

Durante alguns anos, a Netflix – que em 2017 chegou aos 100 milhões de usuários ativos – atraiu a atenção dos investidores por seu pioneirismo no serviço de streaming. Para se ter uma ideia do sucesso das ações da empresa, quem comprou ações da Netflix em maio de 2002, teve valorização de 14.000% em 15 anos.

Transformar cada 1.000 dólares de seus acionistas em 140.000 dólares, num período de 15 anos, foi uma proeza mesmo para os altíssimos padrões das empresas de tecnologia da Califórnia.

A capacidade que a empresa tem demonstrado de produzir retorno aos acionistas já não vem apenas de sua liderança no setor de streaming. Certos de que o serviço de vídeos por demanda era um ramo promissor e que seu potencial atrairia concorrentes de peso, os executivos da Netflix incentivaram o desenvolvimento de produções próprias. O sucesso como distribuidor de produtos de entretenimento levou ao sucesso da produtora.

A empresa foi capaz de criar séries e filmes que se tornaram sucesso de público, dando sustentabilidade ao crescimento da base de clientes ativos. Só em 2018 foram 8,8 milhões de usuários a mais. E não são apenas clientes que a empresa atrai.

Alguns dos mais aclamados cineastas da atualidade, como Alfonso Cuarón, têm trabalhado com a produtora, que também já conta com atores de peso em suas produções próprias. O resultado disso é que as produções da casa conquistaram 4 estatuetas no último Oscar.

Disney: capacidade de adaptação de uma quase centenária

Ao anunciar a sua própria plataforma de streaming, em 2018, a Disney causou tumulto no ramo de vídeos sob demanda. Perto de completar 100 anos, a empresa coleciona sucessos em seu catálogo de produções. E se não bastasse a qualidade dos filmes e as expectativas pelos próximos lançamentos – entre eles, o já recordista “O Rei Leão” -, a gigante do entretenimento tem porte para rivalizar com a poderosa Netflix.

Na verdade, a Disney faz o caminho inverso da Netflix. Sua plataforma de vídeo sob demanda já surge com um dos catálogos mais influentes e diversificados da indústria do entretenimento.

Além dos clássicos desenhos animados que deram à Disney o protagonismo na produção de conteúdo infantil, a empresa vem investindo fortemente em produtoras que desenvolvem algumas das mais lucrativas franquias do cinema.

Atualmente, operam como subsidiárias da The Walt Disney Company, a Marvel Entertainment e a Lucas Films. A primeira, adquirida pela Disney por US$ 4 bilhões em 2009, é responsável por um time de super-heróis que nos últimos anos rendeu mais de US$ 18 bilhões só em bilheteria. A segunda, adquirida também por 4 bilhões em 2012, é a responsável por “Indiana Jones” e “Star Wars”.

Em 2019, além da plataforma de streaming, a Disney lança mais títulos das franquias Vingadores e Star Wars e cria grandes expectativas também com “O Rei Leão”. O desenho animado de 1994 chega às telonas em julho e registra um dos mais bem sucedidos fenômenos da empresa.

Os modestos US$ 40 milhões gastos com a produção foram convertidos em produtos rentáveis que vão muito além do US$ 1 bilhão das bilheterias. A receita da marca não para por aí. Os produtos vão desde licenciamento de imagem para redes de fast food e peças de vestuários, que renderam tanto quanto a bilheteria dos cinemas, até o musical homônimo, com as canções compostas por Elton John para o filme, que já faturou US$ 7 bilhões, tornando-se o mais rentável da história.

Até onde vai a concorrência?

Uma máxima famosa diz que quando há concorrência, quem ganha é o consumidor. De fato, o aumento na quantidade de serviços de streaming pode fazer com que clientes precisem escolher quais contratar, mas quando se trata de entretenimento, a concorrência tem um limite.

É porque filmes e séries são produtos únicos, que não pretendem substituir nenhum outro. Em 2018, somadas as bilheterias às receitas de distribuição doméstica, a indústria de entretenimento faturou US$ 136 bilhões, com aumento de 2,5% em relação ao ano anterior.

Outra máxima diz que, em matéria de investimentos, é preciso sempre diversificar. O fundo de ações americanas da Warren, por exemplo, tem no seu portfólio, ações das duas gigantes do streaming de vídeos, Netflix e Disney. E convenhamos que, pelas perspectivas de ambas e seus últimos resultados, a concorrência tem beneficiado também os investidores.

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