Dólar recua a R$ 5,67 com tarifas de Trump, tensão entre EUA-China e disparada de petróleo

O dólar iniciou a semana e o mês de junho em queda, enfraquecido com a disparada do petróleo e o aumento das incertezas econômicas com novas ameaças tarifárias de Trump.
Nesta segunda-feira (2), o dólar à vista (USDBRL) encerrou as negociações a R$ 5,6757, com queda de 0,77% ante o real.
O movimento acompanhou a tendência vista no exterior. Por volta de 17h (horário de Brasília), o DXY, indicador que compara o dólar a uma cesta de seis divisas globais como euro e libra, caía 0,66%, aos 98,671 pontos.
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O que mexeu com o dólar hoje?
O dólar perdeu força ante as moedas globais com a escalada das tensões entre Estados Unidos e China, em meio às incertezas sobre a política tarifária de Donald Trump.
Na última sexta-feira (30), Trump decidiu dobrar as tarifas sobre aço e alumínio de 25% para 50%. A medida reacendeu a cautela dos investidores com a perspectiva de que a política tarifária pode levar os Estados Unidos a uma recessão e acelerar a inflação do país — que já está acima da meta do Federal Reserve de 2%.
Também, a escalada das tensões entre os EUA e China continuaram a movimentar o pregão. Na semana passada, o presidente norte-americano acusou Pequim de descumprir um acordo entre os dois países para reduzir mutuamente as tarifas e as restrições comerciais sobre minerais essenciais
Já nesta segunda-feira (2), o Ministério do Comércio da China disse que as acusações de Trump são “infundadas” e prometeu tomar medidas enérgicas para proteger seus interesses.
Entre os dados econômicos, o setor manufatureiro norte-americano contraiu em maio pelo terceiro mês consecutivo. O Instituto de Gestão de Fornecimento (ISM) informou que PMI do setor caiu de 48,7 em abril para 48,5 no mês passado, mínima de seis meses. Uma leitura do PMI abaixo de 50 indica contração da indústria, que responde por 10,2% da economia. Os economistas consultados pela Reuters previam alta para 49,3.
Dólar cai ante o real
Na comparação com o real, o dólar ainda perdeu força com a disparada do petróleo, em reação a novos ataques entre Ucrânia e Rússia e a decisão da Organização dos Países Exportadores do Petróleo e Aliados (Opep+) de aumentar a produção em 411 mil barris por dia em julho, como o esperado. O contrato mais líquido do petróleo Brent, com vencimento para agosto, subiu 2,95%, a US$ 64,63 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE), em Londres.
Países emergentes e exportadores de commodities, como o Brasil, foram impactados positivamente através do aumento dos preços das commodities, como petróleo.
Ainda no cenário doméstico, os investidores reagiram ao Relatório Focus. Os economistas consultados pelo Banco Central voltaram a reduzir a projeção para a inflação a 5,46% e mantiveram as estimativas para o câmbio em R$ 5,80 no final deste ano. A previsão para a Selic foi mantida pela quarta semana consecutiva, a 14,75% ao ano.
As mudanças do Imposto sobre as Operações Financeiras (IOF) continuaram no radar. Pela manhã, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que espera solucionar a questão ainda nesta semana, combinadas com medidas estruturais que busquem equacionar a questão fiscal.
Segundo Haddad, os presidentes da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), mostraram disposição em discutir medidas fiscais estruturais.